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França: Cresce a oposição aos planos
de austeridade
Por Alex Lantier
8 de novembro de 2010
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Publicado originalmente em inglês em 3 de novembro
de 2010
As sucessivas greves no setor aéreo e a resistência
estudantil à lei do corte de pensões do presidente
Nicolas Sarkozy, após a derrota da greve do petróleo
na semana passada, representam, mais do que nunca, a necessidade
de uma luta política aberta e consciente contra o governo.
Com o seu desprezo pela oposição popular
mais visível na greve dos petroleiros, no transporte e
em refinarias de petróleo, alguns dos quais atingiram mais
de um mês Sarkozy deixou claro que pretende avançar
com os cortes, aconteça o que acontecer.
Apoiados pelos partidos de esquerda, os sindicatos
chamaram pelo fim da greve do petróleo e não fizeram
nenhum protesto contra o ataque à greve feito pela polícia,
apesar das pesquisas mostrarem 65% de apoio pela sua continuidade.
O projeto de lei de corte de pensões foi votado oficialmente
na semana passada e agora está sendo submetido a uma revisão
constitucional.
A oposição da classe trabalhadora colidiu contra
um muro de resistência por parte do Estado e de todas as
instituições políticas.
Parcelas significativas de trabalhadores e estudantes continuam
em greve. Os pilotos e comissários de bordo da Air France
entrarão em greve de 5 a 8 de novembro, contra os cortes
em seus pacotes de benefícios decorrentes da Lei sobre
o Financiamento da Seguridade Social em 2011 (PLFSS 2011).
A lei permitirá que o estado coloque taxas sobre os
benefícios concedidos pelas companhias aéreas para
seus funcionários. As reduções nos preços
dos voos essenciais para os funcionários que não
moram no principal eixo onde trabalham e, portanto dependem de
voos com desconto para voltar para casa seriam tributados,
assim como diversos outros benefícios. De acordo com o
National Pilots Union (SNPL), isso inclui as taxas reduzidas para
hotel, locação de veículos e estacionamento
nos aeroportos.
O SNPL acrescentou: "Essa tributação implicaria
em custos suplementares para as empresas que fornecem os benefícios,
e assim, inevitavelmente e muito rapidamente, provocaria a eliminação
de todos estes benefícios. A gestão das empresas
envolvidas confirmou-nos que este é o caso.
Neste fim de semana, a Brit Air uma subsidiária
da Air France que opera 250 voos regionais menores, em aviões
Bombardier ou Fokker entrou em greve para expressar
a raiva geral dos trabalhadores e seu medo do futuro.
De acordo com números do sindicato, 74% dos 121 voos de
fim de semana da Brit Air foram cancelados pela greve.
A preocupação dos funcionários, na ausência
de qualquer plano de desenvolvimento confiável e
promissor, é de que a administração
da Brit Air esteja usando a receita da empresa para financiar
a participação do capitão Armel Le Cleach
na regata Route du Rhum.
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detalhado Em 18 universidades em toda a França, os estudantes
se reuniram em assembleias gerais para discutir a continuação
dos protestos e bloqueios na universidade contra o governo Sarkozy.
Isto ocorreu antes do retorno dos estudantes secundaristas para
a escola na quinta-feira. Antes de entrarem em férias na
semana passada, os estudantes de ensino médio eram os mais
ativos no bloqueio de suas escolas nos protestos contra os cortes
de Sarkozy. Ainda não está claro se os protestos
vão continuar quando eles retornarem às aulas.
Quatro universidades votaram ontem para retomar os bloqueios:
Le Mans, Nantes, Saint-Etienne, e Pau. Um total de 53 universidades
deve realizar assembleias gerais de estudantes esta semana para
discutir ações futuras.
Os alunos votaram massivamente, ontem, na Université
de Toulouse-Mirail, para retornar à greve, juntamente com
as universidades das cidades de Capitole e Paul Sabatier. Falando
ao La Dépêche, um estudante de Mirail explicou
na segunda-feira: "Vamos discutir e votar na terça-feira
sobre a possibilidade de retomar o movimento, que é focado
na redução das pensões apesar de existir
também uma maior raiva, que é mais política
do que social, entre os estudantes.
Outro estudante explicou que apesar de Sarkozy e os sindicatos
terem terminado a greve do petróleo, ainda havia oposição
profunda aos cortes, na classe trabalhadora: "É claro
que as refinarias e os lixeiros, em Marselha, estão de
volta ao trabalho, mas isso ocorreu depois que suas greves foram
derrotadas por imposições governamentais. Os trabalhadores
ainda estão muito irritados e poderiam voltar à
greve.
As entidades estudantis manifestaram a sua falta de entusiasmo
pela contínua oposição. Romain Boix, um líder
regional da União Nacional dos Estudantes Franceses (UNEF),
em Toulouse, disse que a UNEF foi favorável ao bloqueio
somente nos dias nacionais de ação convocados
pelos sindicatos. Ou seja, os sindicatos que organizaram o isolamento
e a traição da greve do petróleo, também
estão controlando os protestos estudantis.
A crescente consciência popular do papel do sindicato
e dos partidos de esquerda ao isolar e trair as greves
está provocando um crescente debate político dentro
de algumas universidades.
Na Université Lyon-2, os alunos se reuniram para votar
ações e protestos futuros contra a detenção
de manifestantes na prisão Corbas, de acordo com um relato
no Lyon-Capitale. Eles criticaram os sindicatos e também
os partidos burgueses de esquerda como o Partido Socialista
(PS) e seu presumido candidato presidencial de 2012, Dominique
Strauss-Kahn.
Strauss-Kahn é atualmente o chefe do Fundo Monetário
Internacional (FMI), onde ele pressionou por políticas
de austeridade massivas e cortes salariais a serem impostos aos
trabalhadores gregos em troca de um resgate do FMI, durante a
crise financeira na Grécia, no primeiro semestre deste
ano.
Um estudante de Lyon, afirmou: Nós estamos nas
ruas porque estamos fartos de Sarkozy. Estávamos saturados
do [ex-presidente Jacques] Chirac, e agora, ficaremos saturados
de Strauss-Kahn [...] O que não queremos mais é
Sarkozy, o capitalismo e a globalização.
Outro estudante acrescentou: Hoje, vemos os limites do
sistema sindical [...] Porque o capitalismo está envelhecendo
e os sindicatos também estão.
A população enfrenta um fracasso histórico
do sistema capitalista. O aumento da concorrência internacional
pelos lucros pressiona a classe dominante para reduzir os gastos
sociais, com uma longa série de cortes de pensões
e cortes sociais na França e em outros países. Agora,
a atual crise financeira desencadeada pela especulação
irresponsável e auto-enriquecimento dos ultra-ricos
está acelerando o retrocesso social, provocando ataques
muito mais dramáticos sobre a classe trabalhadora.
Os trabalhadores e a juventude estão corretos ao considerar
que a derrota da greve do petróleo não acabou com
a determinação popular para lutar. Uma tarefa essencial,
no entanto, é determinar a base política em que
um chamado à luta ainda pode ser feito. O pré-requisito
para uma luta bem sucedida contra os cortes de Sarkozy é
uma luta para unificar a classe trabalhadora em greves políticas
de massa para derrubar o governo de Sarkozy e parar a implementação
da lei.
Assim, os trabalhadores e os estudantes terão de enfrentar
a oposição de toda a esquerda burguesa
o PS, ou seus políticos satélites, tais como
o Partido Comunista Francês (PCF), o Partido de Esquerda
de Jean-Luc Mélenchon, ou o Novo Partido Anti Capitalista
de Olivier Besancenot. Ao se recusar a chamar pela derrubada do
governo de Sarkozy, ou a criticar os sindicatos pelo seu silêncio
contra a polícia fura-greve contra os trabalhadores do
petróleo, estes partidos de extrema esquerda
mostram que estão do outro lado das barricadas dos trabalhadores
.
O secretário do PS François Hollande deu uma
entrevista ontem no jornal Le Monde explicando a perspectiva
reacionária subjacente à participação
do PS em manifestações contra Sarkozy, e chamando
os outros partidos da chamada esquerda para colocar
ordem. A meta do PS, Hollande deixou claro, é usar a impopularidade
de Sarkozy para retornar ao poder e, em seguida, avançar
com o mesmo tipo de cortes sociais planejados por Sarkozy.
Hollande disse: As condições objetivas
de uma derrota de Nicolas Sarkozy estão presentes.
Ele pediu negociações rápidas com os outros
partidos de esquerda, explicando: Em 2012 teremos
problemas extremamente difíceis de resolver: uma grande
dívida pública, em conjunto com déficits
históricos.
Hollande deixou claro que o PS tentaria resolver estes déficits
reduzindo os pagamentos de pensões, tal como Sarkozy: Cada
vez que aumenta a expectativa de vida, temos que aumentar o tempo
de pagamento. Abandonando implicitamente as falsas alegações
de que o PS apoiava a idade mínima de aposentadoria de
60 anos, ele lamentou o fato de que apenas 20% das pessoas
com mais de 60 anos continuam a trabalhar.
Uma vez que a razão para isso é, muitas vezes,
decisões empresariais de demitir trabalhadores mais antigos
e com salários mais altos, Hollande propôs manter
os trabalhadores com mais de 60 no trabalho, dando, para esse
fim, incentivos fiscais às empresas.
Hollande insistiu que os outros aliados de esquerda
do PS deviam claramente endossar as políticas do PS antes
das eleições: A pergunta colocada à
Jean-Luc Mélenchon, e os Verdes, o PCF e outros é:
você quer governar a França amanhã? Se assim
for, você tem que ter uma linha clara. Ele explicou
que as condições em que estes partidos se aliaram
com o PS teve de ser conhecido muito antes da rodada final das
eleições: Tudo tem que ser liquidado antecipadamente.
A falência política dos partidos e organizações
existentes é um desafio histórico para a classe
trabalhadora. Na luta para derrubar o governo de Sarkozy e bloquear
a execução de cortes sociais, a meta não
pode ser de levar ao poder um governo do PS. Eles devem lutar
para construir um governo dos trabalhadores que desenvolvam políticas
socialistas, como parte de uma luta internacional contra o capitalismo
na Europa e no mundo.
O WSWS pediu aos jovens e aos trabalhadores para criarem seus
próprios comitês de ação para coordenar
suas lutas, independentes dos sindicatos dos partidos burgueses
de esquerda. Leitores na França são
convidados a contatar o WSWS para ajudar a construir um partido
na França para liderar a luta por esta perspectiva.
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[traduzido por movimentonn.org]
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