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1968: A greve geral e a revolta estudantil na França

Parte 2: A traição do PCF e CGT

Por Peter Schwarz
25 de junho de 2008

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Esta é a segunda parte de uma série dividida em 4 partes, que trata dos acontecimentos de Maio/Junho de 1968 na França. A primeira parte é sobre a situação revolucionária que se desenvolveu, estando posta no dia 23 de junho de 2008, conduzida pelo avanço da revolta estudantil e da greve geral até seu ponto crítico no fim de maio. A segunda parte expõe como o Partido Comunista Francês (PCF) e a central sindical controlada por ele, a CGT, permitiram que o presidente Charles de Gaulle retomasse o poder. A terceira parte trata da ação dos Pablistas; a quarta irá discorrer sobre a Organização Comunista Internacionalista (OCI), de Pierre Lambert.

A França está paralisada desde 20 de maio de 1968. Dois terços de todos os assalariados participam da greve geral; estudantes ocupam as universidades. No momento, o destino de de Gaulle e seu governo está nas mãos do Partido Comunista Francês (Parti Communiste Français - PCF) e da CGT (Confederation Generale de Travail - Confederação Geral do Trabalho) controlada por ele. São eles que garantem a sobrevivência política do presidente Charles de Gaulle e salvam a Quinta República. Em 1968, o PCF continua sendo uma força política considerável, com cerca de 350.000 membros e tendo 22,5% dos votos em 1967. Embora o número de membros da CGT tenha caído desde 1948, de 4 milhões para 2,3 milhões, esta ainda era a principal central sindical dos setores mais importantes da economia. O seu Secretário - Geral, Georges Séguy, é membro do Bureau Político do PCF.

Como já vimos, o PCF e a CGT reagiram aos protestos estudantis de forma explicitamente hostil. O famigerado artigo de 3 de maio, no qual Georges Marchais ridiculariza os estudantes chamando-os de baderneiros e agentes gaullistas não seria a exceção, mas sim a regra. O jornal do PCF l’Humanité não se cansa de suas críticas contra a “esquerda radical” (gauchistes) - entre os quais se incluem todos aqueles que se opõem a linha direitista do PCF. A CGT se recusa a participar de manifestações conjuntas entre trabalhadores e estudantes, e instrui seus membros a manterem os estudantes - que estão tentando avançar o contato com os trabalhadores - longe das fábricas.

As ocupações de fábricas e as greves gerais se desenvolveriam à revelia dos interesses da CGT e por fora dela. A ocupação da Sud-Aviation, que se tornou um modelo para todas as outras ocupações, surge através de uma iniciativa da central sindical Force Ouvrière, que tem influência entre os grupos de salários mais baixos e é liderada em Nantes por um trotskysta, o membro da OCI Yves Rocton. Apesar da CGT não impedir as ocupações, ela tenta mantê-las sob controle e limitá-las meramente às demandas econômicas. Opõe-se ao estabelecimento de um comitê central de greve e rejeita a colaboração com forças que sejam externas à fábrica. Recusa-se a sancionar a detenção dos chefes.

No dia 16 de maio, a liderança da disputada central sindical CFDT (Confédération Française Démocratique du Travail - Confederação Francesa Democrática do Trabalho) publica uma declaração, na qual tenta exercer sua influência sobre a onda de ocupações. Contrastando com a CGT, ela é favorável à revolta estudantil, a qual diz ser diretamente contra “as incrustadas e asfixiantes estruturas de classe de uma sociedade na qual eles não podem exercer seus anseios.” A CFDT levanta a palavra de ordem de “auto-gestão” das fábricas: “a monarquia administrativa e industrial deve ser substituída por estruturas administrativas baseadas na auto-gestão.”

O líder da CGT, Séguy, reage com raiva e ataca publicamente a CFDT. Ele rejeita as tentativas de dar ao crescente movimento qualquer orientação comum, única, não importando quão limitada ela fosse. A demanda da CFDT, que neste momento está sob influência do partido de esquerda-reformista de Michael Rocard, o PSU (Parti Socialiste Unifié - Partido Socialista Unificado) dirige-se para um beco sem saída. O PSU não questiona nem o governo capitalista nem a dominação do mercado capitalista.

No dia 25 de maio, a CGT finalmente apressa-se em apoiar diretamente o governo acuado. Às 15 horas, representantes do sindicato, associações patronais e o governo reúnem-se no Ministério do Trabalho, na Rue de Grenelle. Seu objetivo é assegurar a ordem nas fábricas o mais rápido possível. Embora todos os sindicatos estejam representados, as negociações são conduzidas quase que exclusivamente por dois homens: o primeiro ministro Georges Pompidou e o cabeça da CGT, Georges Séguy.

Séguy quer um aumento salarial linear, sem reduzir a diferença salarial entre as diversas categorias, o que trabalhadores de diversas fábricas exigiam. Além disso, a posição dos sindicatos tem de ser reforçada. Sobre esta questão, ele tem o apoio de Pompidou contra as associações patronais. “O governo está convencido de que a integração da classe operária através dos sindicatos, que têm o treinamento necessário e a influência apropriada, contribuem para o bom funcionamento da fábrica” é a formulação dada na ata de reunião.

Ao lado de Georges Pompidou, ao lado do governo, na mesa de negociação, está outro futuro presidente, Jacques Chirac, assim como um futuro primeiro ministro, Edouard Balladur. Assim como o atual presidente da França, Nicolas Sarkozy, eles todos apóiam o acordo no momento e utilizam os sindicatos para “integrar” a classe trabalhadora. O termo “Grenelle” tem se tornado sinônimo de negociações de alto nível entre governo, sindicatos e associações patronais.

Somente após 2 dias os negociadores entram num acordo. De manhãzinha, na segunda-feira de 27 de maio, eles assinam o “Pacto de Grenelle”. Nele estão inclusos um aumento salarial de 7%, um aumento no salário mínimo de 2,22 para 3 francos a hora de trabalho e a permissão legal para o estabelecimento dos sindicatos nas fábricas. A CGT abandona sua exigência inicial por escala móvel de salários, pagamento integral dos dias parados e a retirada das regras do governo em relação à seguridade social. Depois de saber que o PSU de Rocard, a CFDT e a UNEF (Union Nationale dês Étudiants de France - União Nacional dos Estudantes da França) estão planejando uma manifestação sem nenhum acordo prévio com o PCF e a CGT, Séguy promove um acordo imediato, fechado através de uma conversa cara a cara com Jacques Chirac.

Às 7h30min da manhã, Séguy e Pompidou aparecem diante da imprensa e anunciam o Pacto de Grenelle. Séguy explica: “O trabalho pode começar novamente sem demora”. Ele vai pessoalmente para Billancourt, com o propósito de tentar vender o acordo para os trabalhadores na fábrica da Renault. Mas os trabalhadores julgam o pacto como uma provocação e não estão preparados para serem comprados por poucos francos. Séguy é vaiado e encara um coro enfurecido. A mensagem se espalha rapidamente pelo país e ninguém está disposto a trair a luta. A manchete do Le Monde do dia seguinte diz: “CGT, incapaz de induzir grevistas a retomarem o trabalho.”

A questão do poder está posta

Neste momento a crise política chega a seu ponto mais alto. Todo país está em alvoroço. O governo foi perdendo cada vez mais sua autoridade, e a CGT o seu controle sobre os trabalhadores. Ninguém tem a menor dúvida de que a questão de quem exerce o poder, de fato, no país, está sendo, agora, abertamente posta.

Os social-democratas, que por muito tempo mantiveram-se cautelosamente na retaguarda, agora erguem suas vozes. Desde quando se tornou questionável se de Gaulle poderia manter-se no poder, preparativos para um governo alternativo burguês foram feitos. François Mitterrand organiza uma entrevista coletiva no dia 28 de maio, que é transmitida detalhadamente pela televisão. Ele defende um governo interino, assim como uma nova eleição presidencial, na qual ele será um candidato.

Mitterrand encabeça a Federação Democrática e Socialista de Esquerda (FGDS), uma aliança de partidos liberais e social-democratas que tinha desacreditado a si próprios na 4ª República e não tinha qualquer base nas massas. Em 1965, Mitterrand tinha enfrentado de Gaulle nas eleições presidenciais, apoiado também pelo PCF.

O PSU, a CFDT e a união estudantil UNEF depositam suas esperanças em Pierre Mendès-France. Em 1936, Mendès-France, então membro dos Socialistas Radicais, um partido puramente burguês, aderiu ao governo de frente popular de León Blum. Durante a guerra, apoiou o General de Gaulle. Na Quarta República, ele organizou a retirada das tropas francesas do Vietnã como chefe do governo em 1954, ganhando a aversão da direita. Em 1968 ele é próximo do PSU.

A orientação à esquerda pronunciada por Mendès-France faz com que o PCF o considere como um arquiinimigo. O alarme soa na sede do PCF no dia 27 de maio, quando ele é visto numa grande reunião entre o PSU, a CFDT e a UNEF, no estádio Paris Charléty. O medo do PCF era que Miterrand e Mendès-France pudessem formar um novo governo, sem que obtivesse qualquer influência nele.

No dia 29 de maio, o PCF e a CGT organizam sua própria manifestação em Paris; várias centenas de milhares de pessoas marcham na capital, levantando a seguinte palavra de ordem: “Por um governo popular.” O PCF nem sequer sonhava com a tomada revolucionária do poder. Sua exigência de um “governo popular” é uma tentativa para apaziguar os ânimos revolucionários das fábricas, sem levantar questões sobre as instituições da Quinta República. A CGT enfatiza sua rejeição a uma ação revolucionária insistindo na necessidade de “mudanças democráticas”.

O chefe de polícia de Paris mais tarde relata que ele não tinha preocupações quanto à manifestação da CGT e do PCF; ele esperava uma clássica e disciplinada manifestação sindical, que foi o que aconteceu. Mas o governo não tem certeza se os organizadores têm a situação sob controle. Tropas paramilitares estão em alerta e tanques estão estacionados no subúrbio de Paris como precaução.

No dia 30 de maio, o Comitê Central do PCF reúne-se para discutir a situação. Uma gravação dessa reunião confirma que o partido rejeita qualquer ambição de assumir o poder sozinho e está estritamente preocupado com a preservação da ordem existente. Seis meses depois, uma afirmação do Comitê Central justifica essa atitude com as palavras: “A correlação de forças não permitiu que a classe trabalhadora e seus aliados tomassem o poder político em maio passado.”

Na reunião do dia 30 de maio, o secretário-geral Émile Waldeck-Rochet declara sua disponibilidade para participar de um governo provisório sob François Mitterrand, se ele conceder ao PCF influência suficiente. Este governo deverá cumprir três tarefas, diz ele: recuperar o funcionamento do Estado novamente, responder às legítimas exigências dos grevistas e realizar com êxito as eleições presidenciais.

No entanto, a garantia de eleições parlamentares imediatas é a opção preferida do PCF. Um orador do partido resume a atitude geral: “nós só podemos nos beneficiar a partir de uma eleição geral.”

A situação nesse dia esteve por um fio. O General de Gaulle desapareceu na noite anterior sem deixar rastros, fugindo para Baden-Baden, onde manteve conversas com o General Massu, comandante das tropas francesas na Alemanha. Massu é conhecido por seu papel na guerra da Argélia. Questiona-se até hoje se de Gaulle estava planejando sua fuga ou apenas estava procurando apoio. Em sua biografia Massu afirma que aconselhou de Gaulle a retornar a Paris e abordar publicamente o povo francês.

Na tarde do dia 30 de maio, de Gaulle faz um pronunciamento no rádio. A república está em perigo e precisa ser defendida, disse ele. Ele anuncia a dissolução do parlamento e chama novas eleições para os dias 23 e 30 de junho. No mesmo instante, várias centenas de adeptos do general estão manifestando-se no Champs Elysées sob as cores nacionais francesas.

O PCF apóia a decisão de de Gaulle na mesma noite e a apresenta como o resultado do sucesso de sua própria política. Proferem seu apoio à estrutura legal da Quinta República e buscam aproximar-se dos gaullistas pela proclamação da união “entre bandeira vermelha e a bandeira tricolor da nação.” No dia 31 de maio, o líder da CGT, Georges Séguy anuncia seu acordo com as eleições. “A CGT não dificultará a condução das eleições”, diz ele, o que, levando-se em consideração a paralisia que toma conta do país, significa abandonar a greve geral. “É do interesse dos trabalhadores manifestarem sua vontade por mudanças.”

A CGT agora usa toda sua energia para acabar com as greves e as ocupações muito antes da data das eleições, algo que só é capaz de fazer com dificuldade. Mas, gradualmente, o front da greve desagrega-se. Trabalhadores voltam ao trabalho após a conclusão dos acordos nas fábricas, a maior parte dos setores militantes está isolada, e a polícia começa a evacuar as universidades. No dia 16 de Junho, trabalhadores da Renault-Billancourt retomam o trabalho, uma semana antes das eleições - o mesmo dia em que a Sorbonne é evacuada.

No entanto, ainda leva semanas até que as últimas greves e ocupações acabem, e o país não voltou, de fato, à calma nos meses e anos seguintes. Mas a classe trabalhadora perdeu uma oportunidade de tomar o poder. Michel Dreyfus, autor de uma obra sobre a história da CGT, resume a atitude da mais influente central sindical no momento culminante da greve da seguinte forma: “A CGT evitou intencionalmente o confronto com o Estado em maio de 1968, quando a correlação de forças parecia estar a seu favor.”

O contra-ataque da direita

Nas primeiras semanas de maio, a direita estava completamente paralisada e isolada. Agora, graças à ajuda do PCF e CGT, ela gradualmente recupera sua iniciativa e autoconfiança. Com o início da campanha eleitoral, a luta sai das ruas e das fábricas e caminha para as urnas, beneficiando de Gaulle e seus aliados. Eles agora estão numa posição para trazer as seções mais passivas e mais recuadas da sociedade para dentro do jogo, apelando para os temores da “maioria silenciosa”.

Os primeiros esforços nesse sentido já podem ser vistos em maio. O governo exerce estrita censura sobre os meios de comunicação através do Estado (não existem emissoras privadas neste momento). No dia 19 de maio, a televisão é banida por espalhar informações que podem ser úteis à oposição. No dia 23 de maio, são desligadas as freqüências usadas por emissoras estrangeiras que podiam ser recebidas na França, e cujos jornalistas estão noticiando ao vivo as manifestações.

No dia 22 de maio, o governo retira de Daniel Cohn-Bendit sua autorização de residência. O líder estudantil, que tem um passaporte alemão, vem de uma família judia que fugiu para a França para escapar dos nazistas. O fim do regime nazista deu-se somente há 23 anos, e o simbolismo desta medida pode ser visto por todos. Há uma insatisfação massiva e os protestos estudantis tornam-se mais radicais. Novamente há violentos combates de rua. Uma vez que a CGT continua a isolar os estudantes, e rejeitar qualquer ação conjunta, naturalmente os estudantes agirão sem a proteção dos trabalhadores - o que só serve para agravar a situação.

No dia 24 de maio violentos combates deixam duas vítimas. Em Lyon, um policial morre, em Paris um jovem manifestante é morto. O choque é grande e a mídia começa uma campanha ensurdecedora contra os “perpetuadores da violência estudantil.”

Alguns gaullistas criam um Comitê pela Defesa da República (CDR), que colabora com elementos da extrema direita do meio argelino-francês. A propósito, estes últimos consideravam de Gaulle um traidor, uma vez que ele garantiu a independência da Argélia, mas o perigo da revolução serviu para unir as diferentes frações da direita. No dia 30 de maio gritos de “Algérie française” (Argélia é francesa) combinam-se com os símbolos do gaullismo no Champs Elysées. A primeira grande manifestação de apoio a de Gaulle tinha sido preparada em conjunto. No dia 17 de junho, de Gaulle retribui com o perdão do General Raoul Salan assim como de 10 outros membros da organização terrorista OAS, que em 1961 tinham organizado um golpe contra ele na Argélia.

Com o início da campanha eleitoral, os órgãos de repressão estatal começam a agir com mais autoconfiança. No dia 31 de maio, o Ministro do Interior Christian Fouchet é substituído por Raymond Marcellin, que é saudado por de Gaulle com as seguintes palavras: “Finalmente, um verdadeiro Fouché” - uma referência a Joseph Fouché, que, após o declínio da Revolução Francesa de 1789, tornou-se ministro da polícia sob o Diretório e sob Napoleão, criando um amplo e temido aparato de opressão.

Marcellin age com extrema dureza. No dia em que ele é nomeado, piquetes são retirados das ruas, a partir dos depósitos de combustível, a fim de garantir o abastecimento e por o tráfego em movimento novamente. No dia 12 de junho, ele proíbe todas as manifestações de rua durante a campanha eleitoral. No mesmo dia, ele emite um decreto dissolvendo todas as organizações revolucionárias e expulsando 200 “estrangeiros suspeitos” do país. A proibição atinge a trotskista OCI, sua juventude e outras organizações estudantis como a JCR (Jeunesses Communistes Révolutionnaires - Juventude Comunista Revolucionária) de Alain Krivine, o anarquista “Movimento 22 de Março” de Daniel Cohn-Bendit, assim como organizações maoístas. O Renseignements Généraux (serviços secretos internos) é ordenado a observar e coletar informações sobre todos os membros de todas as organizações.

Marcellin permanece no cargo por seis anos e nesse tempo é capaz de desenvolver a polícia, o serviço secreto e a CRS (polícia especializada em conter manifestações) nos moldes de um aparato de guerra civil fortemente preparado. Ele dobra os gastos com a força policial, a equipa com moderna tecnologia e armas, assim como, recruta 20.000 novos policiais.

Os gaullistas conduzem uma campanha eleitoral baseada no medo. Eles salientam o perigo de uma guerra civil, advertem sobre uma tomada totalitária e comunista do poder e professam a unidade da república e da nação. Partidos de oposição e sindicatos unem-se a esse coro. A agitação contínua do PCF contra a “esquerda radical” é trigo para os moinhos da propaganda da direita. Na televisão, na véspera da eleição, François Mitterrand protesta: “Desde o primeiro dia, apesar dos ataques, só temos pensado na unidade da pátria e na preservação da paz.”

A eleição é um desastre para a esquerda oficial. Os gaullistas e seus aliados recebem 46% dos votes, o PCF, como o partido de oposição mais forte, recebe apenas 20%, muito menos que no ano anterior. O sistema de eleição proporcional mostra que, quando se trata da atribuição de assentos, o resultado é ainda mais devastador. Quatro quintos dos lugares vão para os partidos burgueses de direita - 59% para os gaullistas, 13 para os liberais e 7 para partidos do centro. A FGDS (Fédération de la Gauche Démocrate et Socialiste — Federação da Esquerda Democrática e Socialista) de Mitterrand tem 12% dos lugares e o PCF somente 7%. Sobretudo as áreas rurais conservadoras votam esmagadoramente pela direita; enquanto muitos dos mais ativos elementos - estudantes secundaristas, universitários, jovens trabalhadores e imigrantes - não são permitidos a votar. A idade oficial para o voto é de 21 anos e as regras eleitorais não foram atualizadas antes da rápida convocação das eleições.

Dois meses depois do início da crise revolucionária, a burguesia restabeleceu mais uma vez seu controle sobre o poder. Ela agora tem tempo para calmamente substituir de Gaulle e desenvolver um novo mecanismo político com o qual possa garantir seu domínio e manter a classe trabalhadora sob controle pelas próximas décadas - o Partido Socialista de Mitterrand. Para isso, deve pagar um preço econômico: o Pacto de Grenelle finalmente entra em vigor e a classe trabalhadora experimenta uma clara melhoria de seu padrão de vida nos próximos anos. Essas melhorias, no entanto, não duraram e agora foram vorazmente tomadas de volta.

Continua