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EUA: polícia de Los Angeles dispersa violentamente uma manifestação de imigrantes

Por Rafael Azul
8 de maio de 2007

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A polícia acabou violentamente com uma manifestação pelos direitos dos imigrantes em Los Angeles, na tarde de terça-feira, 1º de maio, atacando os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e cacetetes. Muitos foram feridos, inclusive repórteres de emissoras de TV e observadores.

O incidente ocorreu no Parque Mac Arthur, localizada no centro do bairro de Los Angeles habitado em grande parte por trabalhadores imigrantes mexicanos e da América Central. A manifestação reuniu dezenas de milhares em toda cidade. No final do ato, centenas de pessoas se reuniram no parque.

Ernesto Arce, da rádio KPFK, afirmou que a polícia começou a provocar os manifestantes, dirigindo as viaturas no meio da manifestação, atrapalhando a passeata. Depois das viaturas, passaram policiais em motocicletas e, finalmente, às 17:30 horas, policiais a pé. Todos buscando dispersar os manifestantes.

Menos de uma hora depois, às 18:15, a polícia foi em direção à multidão, que incluía famílias, repórteres e vendedores ambulantes, atacando as pessoas durante cerca de meia hora. As pessoas que não recuaram rapidamente foram atingidas nas pernas pelos policiais.

Arce descreveu como as tropas expulsaram as pessoas do parque. Alguns dos feridos foram atingidos nas costas por balas de borracha. Crianças e suas famílias foram empurradas ou feridas por cacetetes. O ataque policial não cessou mesmo depois de ter dispersado a população. Eles perseguiram os manifestantes pela Rua n° 7, uma enorme avenida, por mais de seis quarteirões.

Mais de uma dúzia de balas de borracha foi disparada contra a multidão. Outra testemunha disse ter visto os policiais agredindo pessoas com o cabo das armas e pais tendo que atuar como escudos para seus filhos. Tanto os repórteres quanto os manifestantes afirmam que alguns dos policiais não portavam seus distintivos.

Testemunhas que falaram à rádio KPFK acusaram os policiais de provocar e ridicularizar os manifestantes.

Telejornais mostraram imagens de pessoas, incluindo operadores de câmera e repórteres, sendo empurradas ao chão e agredidas. As agressões continuaram mesmo quando as pessoas já estavam fora do parque. Pelo menos dez pessoas foram feridas, a maioria com ferimentos na cabeça e no pescoço.

O Los Angeles Times noticiou: “na última terça-feira, um porta-voz da Telemundo confirmou que um repórter e três operadores de câmera do canal 52, a emissora de televisão espanhola, foram feridos pela polícia e levados ao hospital. Outra emissora de TV, a Fox11, mostrou cenas de uma operadora de câmera sendo atacada por um policial com um cacetete”.

Um vídeo da agressão da repórter da Fox pelo policial pode ser encontrado a aqui.

O Times entrevistou Hamid Khan, da South Asia Network, que estava presente no parque. Ele descreveu a ação policial como uma “atrocidade”.

Herb Wesson, um americano de origem africana e membro do conselho da cidade de Los Angeles, testemunhou a ação policial e a comparou aos ataques aos direitos civis dos manifestantes na década de 1960: “eu me lembrei do que aconteceu há 45 anos, foi um pesadelo para mim”, disse Wesson.

A polícia culpou os anarquistas que pretendiam bloquear uma rua. Os oficiais afirmaram que alguns manifestantes atiraram pedras e garrafas nos policiais. Mesmo se isso fosse verdade, a resposta foi claramente excessiva e indiscriminada. É evidente que o departamento de polícia de Los Angeles quis fazer uma demonstração de força, acabando com a manifestação, e usou como pretexto às garrafas que teriam supostamente sido atiradas.

Na própria terça-feira, as autoridades tentaram conter o escândalo público da brutalidade policial. No mesmo dia o conselho de Los Angeles aprovou por unanimidade (12 votos a favor e nenhum contra) uma moção emergencial pedindo à Comissão Policial e ao chefe de polícia de Los Angeles, William Bratton, que testemunhassem no conselho.

John Mack, presidente da Comissão Policial, declarou que iniciará uma investigação acerca do incidente. Qualquer investigação será uma forma de ocultar as ações policiais. Em seu testemunho, o próprio Mack já deu indicações desse provável desfecho, quando procurou culpar “alguns policiais individualmente”.

Tanto Bratton quanto o prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa, procuraram transferir a culpa aos manifestantes, sugerindo que alguns deles haviam jogado pedras contra a polícia. Vídeos do incidente, todavia, fizeram com que Bratton tomasse conhecimento de que “algumas ações dos policiais... foram inapropriadas, como o uso do cacetete e dos possíveis disparos de projéteis não letais”.

Villaraigosa prometeu uma “investigação imediata e transparente”. No entanto, ele indicou o caráter dessa investigação, ao tentar justificar novamente a brutalidade policial, dizendo que aqueles que lançaram pedras nos policiais instigaram a violência, mas que “membros da imprensa e o público parecem ter sido atingidos durante o conflito entre os policiais e esses indivíduos”.

Isso é uma mentira. Os vídeos mostram claramente os policiais atacando manifestantes pacíficos, agarrando e danificando equipamentos de filmagem e agredindo com cacetetes membros da imprensa que estavam registrando o incidente.

Observadores e pessoas enviadas pela associação de advogados, insistiram que nenhuma ordem de dispersão foi dada antes dos policiais iniciarem seus ataques. Somente depois de iniciados os disparos, um helicóptero policial deu uma ordem de dispersão, uma ordem que na verdade foi ouvida por poucas pessoas.

Todos estes testemunhos, somados às cenas gravadas nos vídeos, indicam que as provocações dos policiais e a repressão que se seguiu tinham como objetivo intimidar os imigrantes e trabalhadores que haviam se reunido pacificamente para exigir os seus direitos.

 



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