Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês,
no dia 11 de julho de 2007.
Vinte e cinco mil funcionários públicos da Pensilvânia
retornaram ao trabalho na terça-feira (10), um dia após
terem sido dispensados em conseqüência de um impasse
orçamentário entre o governador democrata, Ed Rendell,
e o Senado estadual controlado pelos republicanos. Foi fechado
um acordo orçamentário na segunda-feira à
noite, que deverá ser aprovado por unanimidade pela Assembléia
Legislativa estadual.
No domingo à noite, o governador Rendell ordenou o fechamento
dos serviços não essenciais e colocou
um terço de todos os trabalhadores estaduais em licença
não remunerada por tempo indeterminado. Aproximadamente
24.000 funcionários públicos foram afetados pela
crise, sofrendo uma perda salarial de cerca de US$ 3,5 milhões.
O setor mais afetado pela licença foi o Departamento
de Transportes, onde 11.000 dos 12.000 trabalhadores foram afastados.
Todos os projetos de construção e reformas de estradas
e pontes estaduais foram paralisados e todos os centros de licenciamento
de motoristas foram fechados.
O Departamento de Conservação e Recursos Naturais
dispensou 2.300 dos 2.600 trabalhadores, forçando o fechamento
de todos os 114 parques estaduais. Dezenas de milhares pessoas
que acampavam nos parques, aproveitando suas férias de
verão, foram forçadas a deixar os parques até
a meia-noite do domingo.
O Departamento de Educação dispensou 528 dos
740 trabalhadores e o Departamento de Proteção Ambiental
cortou 1.349 dos seus 1.500 trabalhadores. Todas as inspeções
ambientais e permissões foram paralisadas.
Alguns dos outros serviços foram paralisados, como os
museus e sítios históricos estaduais, a Biblioteca
Estadual, a limpeza dos prédios de escritórios estaduais,
todos os projetos de trabalho públicos e pagamentos feitos
para os fornecedores.
David Fillman, diretor executivo do 13º Conselho da Federação
Americana dos Trabalhadores do Estado, Condados e Municípios,
que representa 14.000 trabalhadores dispensados, declarou à
imprensa que muitos deles vivem com o pagamento contado,
e até mesmo um dia de pagamento perdido traz graves conseqüências
ao seu orçamento pessoal.
Fillman, de qualquer forma, não mencionou o forte apoio
dos sindicatos a Rendell, que o ajudaram a garantir uma vitória
esmagadora nas eleições de 2006.
O governador Rendell não dispensou nenhum policial,
guarda de presídios nem qualquer outro funcionário
público do corpo de repressão. Os Departamentos
de Saúde e Benefícios Sociais também não
foram paralisados. De qualquer maneira, a assistência aos
aposentados junto ao complicado sistema de saúde foi suspensa.
As lojas de medicamentos do governo permaneceram abertas. Uma
ordem preventiva de última hora da corte judicial determinou
o fechamento dos cassinos que operavam na Pensilvânia. Os
trabalhadores que monitoram e mantém os sistemas de informática
do Estado, que garantem que o Estado arrecade os impostos, foram
dispensados.
O Estado está sem orçamento desde dia primeiro
de julho. Depois de não ter conseguido negociar um novo
orçamento com o Senado estadual republicano, Rendell ordenou
o fechamento dos serviços, apesar do Estado ter fechado
o ano fiscal de 2006 com um superávit de US$ 650 milhões.
O governador propôs um orçamento de US$ 27,3 bilhões,
aprovado pelos democratas. Mas o Senado republicano cortou US$
300 milhões, sobretudo dos gastos com educação
e outros serviços sociais.
A diferença principal, entretanto, não é
em relação aos cortes. Ambos os lados afirmaram
estar bem perto de um acordo e que as diferenças poderiam
ser solucionadas. Rendell propôs diversas medidas que ainda
têm que ser aprovadas pelo Senado republicano. Em particular,
no começo desse ano, ele tentou privatizar as rodovias
estaduais, com o objetivo se livrar da responsabilidade sobre
a manutenção das estradas e pontes da Pensilvânia,
que estão em precárias condições.
No domingo, Rendell ordenou a paralisação dos
serviços, dizendo que não iria aprovar um orçamento
antes que o Senado estadual aprovasse outras propostas, como o
acréscimo no preço da energia elétrica para
financiar formas alternativas de energia; um imposto sobre o transporte
público que ajude a financiar sistemas de transporte locais;
o aumento do teto de dívidas do Departamento do Estado,
para que o Estado possa pegar mais dinheiro emprestado; a formação
de um fundo para investimentos no desenvolvimento da biotecnologia;
e a proibição, em todo o estado, do direito de fumar
em espaços públicos.
Os líderes republicanos no Senado disseram que estas
medidas não tinham nenhuma relação com o
orçamento e se recusaram a discuti-las. Ao mesmo tempo,
na segunda-feira, os republicanos propuseram que o Senado aprovasse
a sua proposta de orçamento, mas os líderes democratas
impediram a votação e fecharam a seção
até que um acordo seja firmado no Senado.
Na segunda-feira à noite, Rendell e os líderes
democratas anunciaram que haviam chegado a um acordo com os republicanos
para permitir que os trabalhadores retornassem ao trabalho na
terça-feira. No acordo, Rendell retirava sua proposta de
cobrança de imposto sobre o consumo de energia elétrica
e a do fundo de pesquisa em biotecnologia. Ambas serão
novamente propostas no outono. O Senado concordou em liberar uma
verba adicional única de US$ 300 milhões para ajudar
a manter as pré-escolas e jardins-de-infância integrais
e a fornecer laptops para as salas de aula do ensino médio.
O Senado também concordou em financiar o sistema de transporte
público.
Apesar disso tudo parecer apenas uma disputa entre democratas
e republicanos no governo do Estado, expressa, fundamentalmente,
a profunda crise financeira enfrentada pelo estado, crise esta
causada pelas guerras no Iraque e no Afeganistão, e pela
retração da economia. Para financiar a força
militar, o Congresso e o governo Bush tem cortado investimentos
federais no transporte, educação e saúde,
transferindo cada vez mais os custos para os estados.
Como os democratas estão atualmente controlando as duas
casas do Congresso americano, Rendell não pode mais culpar
os republicanos pelos cortes federais. Enquanto ele provocava
este confronto com o legislativo do estado, eram os trabalhadores
estaduais e o povo que utiliza os serviços do governo que
acabaram sendo prejudicados.