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Apoio à luta dos trabalhadores da Volkswagen em Bruxelas!

Fundar os comitês de defesa independentes do conselho de trabalhadores e dos sindicatos!

Por Do Comitê Editorial
30 Noviembre 2006

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 25 de novembro de 2006

A greve dos trabalhadores da Volkswagen em Bruxelas torna clara a urgência de se organizar uma luta conjunta dos trabalhadores de todas as fábricas da Volks.

A decisão da administração da empresa de interromper a produção do modelo Golf na sua fábrica de Bruxelas, transferindo-a para suas fábricas em Wolfsburg, na Alemanha, e Mosel, na Saxônia, é parte do "histórico programa de contenção de custos" anunciado no início deste ano. O programa envolve drásticas medidas de racionalização sob a forma de demissões em massa e cortes nos salários, associadas à degeneração das condições de trabalho em todas as fábricas da Europa.

Os trabalhadores estão sendo colocados uns contra os outros e sendo chantageados para que aceitem estas medidas. Vários trabalhadores estão cientes desse fato e vêem a necessidade de uma luta comum, internacionalmente coordenada por todos os trabalhadores, como a única forma de conseguir defender efetivamente seus empregos. A estratégia internacional praticada pela administração da empresa deve ser acompanhada por uma estratégia internacional de resistência.

O problema é que os sindicatos e os conselhos de trabalhadores têm o ponto de vista oposto. Eles estão colaborando intimamente com a empresa e são o principal instrumento para que se implemente as políticas gerenciais à custa dos trabalhadores. Este papel desempenhado pela burocracia de tais organizações fica especialmente evidente nesse episódio da Volkswagen.

A condição para a transferência da produção do modelo Golf para Wolfsburg e Mosel foi o novo contrato para as fábricas alemãs da Volks, com o qual concordaram os sindicatos e que inclui cortes salariais e a flexibilidade das condições de trabalho. A jornada semanal de quatro dias, introduzida em 1993, que totalizava 28,8 horas, foi abolida. Segundo o novo contrato, que entrou em vigor no início de novembro, a semana de trabalho regular aumentou para 33 horas para os trabalhadores da produção e 34 horas para o pessoal administrativo. O acordo envolveu uma semana de trabalho flexível de 25 a 33 horas para os trabalhadores da produção e de 26 a 34 horas para os demais trabalhadores. Os salários foram mantidos iguais aos da jornada de 28,8 horas semanais.

A declaração de alguns membros do conselho de trabalhadores em Wolfsburg de que o contrato está completamente desvinculado de qualquer transferência da produção do modelo Golf é uma mentira. Em diversas ocasiões, os mesmos membros do conselho sublinharam a necessidade de ampliar a capacidade de produção das plantas alemãs—-visando a produção do Golf—e concordaram com os cortes salariais propostos pela administração. Agora, os mesmos membros do conselho e do principal sindicato de engenheiros e operários da Alemanha, o IG METALL, têm a coragem de enviar repugnantes saudações solidárias aos trabalhadores grevistas da Volks de Bruxelas. O cinismo de tais pessoas só não é maior que suas ações corruptas.

Para libertarem-se das amarras do conselho de trabalhadores e estabelecerem uma defesa principista de todos os empregos nas fábricas da VW, os trabalhadores devem construir comitês independentes que criem uma unidade entre os trabalhadores de diferentes fábricas nos diversos países onde estas existam. Os atuais conselhos de trabalhadores que atuam nos níveis europeu e internacional se opõem fortemente a essa iniciativa. Eles se autointitulam co-administradores e são parte da conspiração contra os trabalhadores.

O World Socialist Web Site oferece seu apoio ativo para coordenar os trabalhadores na luta por uma defesa principista de todos os empregos em todas as localidades. Está preparado para colaborar no estabelecimento dos contatos com os trabalhadores em outros locais ameaçados por demissões e cortes de direitos.

O mal-estar diante da corrupção de tantos funcionários de conselhos de trabalhadores e sindicatos é compreensível, mas insuficiente. Sua ação e sua influência devem ser barradas.

Para este fim, é necessário realizar uma profunda e detalhada avaliação dos últimos acontecimentos em Wolfsburg. Os fatos esclarecem que o conselho de trabalhadores está quase literalmente no bolso dos empresários. Eles não têm o menor direito de falar em nome dos trabalhadores ou ter o direito de assinar os contratos.

Lições de Wolfsburg

Nas últimas semanas, três notícias sobre a Volks foram manchetes nos jornais de Wolfsburg:

No dia 7 de novembro, o chefe executivo da Volks, Bernd Pischetsrieder, anunciou sua demissão prematura no final desse ano. Ele será substituído pelo atual "chefe" da Audi Motors, Martin Winterkorn.

No dia 16 de novembro, o escritório de processos públicos em Braunschweig levantou acusações contra o antigo chefe do comitê de gerenciamento de pessoal, por violação de confiança em 44 casos. Hartz demitiu-se de seu posto no final do ano passado, e já havia se retirado quando foi descoberto que, no período de apenas dois anos, 780.000 euros foram dados como prêmio, sob a forma de despesas não registradas, para membros do conselho de trabalhadores. O dinheiro foi gasto, entre outras coisas, em viagens a luxuosos bordéis durante os feriados.

No dia 21 de novembro, o mesmo escritório de processos públicos prendeu o antigo chefe do conselho de trabalhadores, Klaus Volkert, sob a acusação de "perigo de obstrução da justiça". De acordo com a notícia, Volkert tentou obstruir investigações movidas contra ele e manipular testemunhas.

Estas três notícias estão estreitamente relacionadas. A substituição de Winterkorn por Pischetsrieder representou um golpe de Ferdinand Piech na administração executiva da Volks. O multimilionário austríaco é neto de Ferdinand Porsche, que desenvolveu o lendário Volkswagen Beetle, o fusca, para o então chefe de estado, Adolf Hitler. Como sócio da Porsche, Piech possui uma considerável parcela das ações da Volks.

Quando Piech assumiu a administração da Volks, em 1993, ele estabeleceu estreitos laços com o primeiro ministro do estado da Baixa Saxônia—e posteriormente chanceler alemão—Gerhard Schröder, do Partido Social-Democrata. Piech teve ainda o apoio do sindicato IG Metall. Duas características foram marcantes durante o mandato de Piech na presidência da Volks. Em primeiro lugar, ele procurou ampliar a base da empresa, que tradicionalmente produzia modelos de baixo e médio custo, para a produção de veículos de luxo. Ele comprou marcas como Bentley, Bugatti e Lamborghini, desenvolvendo o luxuoso Phaeton Sedan, e mandou construir uma fábrica envidraçada no centro de Dresden para a produção desses modelos.

Em segundo lugar, Piech, tendo o apoio do pessoal do departamento liderado por Peter Hartz e do conselho dos trabalhadores, pôde impor severos cortes salariais aos trabalhadores. Em 1993, ele anunciou o corte de 30.000 empregos ocasionado por uma drástica queda na demanda. Sua resposta foi a introdução da semana de quatro dias, estabelecendo uma jornada média de 28,8 horas. A medida envolveu substanciais cortes de salários aos trabalhadores, mas foi elogiada pelos sindicatos como a única forma de evitar demissões.

O deslocamento da produção ao setor de carros de luxo foi catastrófico, custando bilhões à Volkswagen. Piech, sob pressão, tornou-se presidente provisório. Seu vice foi o atual presidente do IG Metall, Jürgen Peters, que atua no quadro de supervisores da Volks, juntamente com o novo presidente do conselho de trabalhadores, Bernd Osterloh, e outros oito membros do mesmo conselho.

Para Bernd Pischetsrieder, o tão falado "Sistema VW", que inclui a colaboração entre o comitê executivo, o conselho de trabalhadores e os sindicatos, foi uma mera carga de custos adicionais. A estratégia de Piech para a companhia, por outro lado, é considerada como uma conquista obtida por meio da estreita colaboração de seus "parceiros sociais", através de pesados ataques aos empregos, salários e condição de trabalho dos trabalhadores da Volks.

Neste cenário, os detalhes das práticas corruptas do conselho de trabalhadores se tornaram públicas em toda a sua extensão. Num único ano (2002), Klaus Volkert recebeu o total de 693.000 euros—sob a forma de salário regular, pagamento extra e bônus especiais. Tal soma corresponde a uma renda mensal de 57.750 euros. Além disso, ele recebeu o ressarcimento dos gastos de suas viagens. A cada três meses a Volks transferiu uma soma de 23.000 euros para a conta da amante brasileira de Volkert..

Qualquer um que diga que isso é um mero e lamentável caso particular, esconde o fato de que escritório de processos está atualmente envolvido na investigação de nada menos do que dez casos relacionados ao conselho de trabalhadores da Volkswagen. Comentários de Jürgen Peters, que procurou abafar o caso dizendo que as concessões feitas a Volkert são altas, mas não incomuns, somente torna mais claro que o caso não é um caso particular.

Tal corrupção é algo inseparável do sistema alemão de relacionamento entre as administrações e sindicatos pela "co-administração" e pela parceria social. No passado, membros do conselho de trabalhadores ocupavam cargos nos quadros de supervisão de grandes companhias alemãs e possuíam grandes privilégios. Na década de 1970 e no início da década de 1980, eles ainda mantinham o direito de negociar acordos e melhorias parciais aos trabalhadores. Mas agora a situação foi completamente transformada pela globalização da produção.

Sob a pressão da concorrência internacional e da constante ameaça da transferência da produção à países com baixa carga tributária e menores salários, a resposta dos conselhos de trabalhadores e dos sindicatos tem sido a de defender suas próprias "localidades" e fábricas, por meio da busca de benefícios para suas próprias companhias. Eles foram totalmente transformados em braços da administração, assegurando remunerações extravagantes em troca de seus serviços. O mesmo caso pode ser encontrado nos sindicatos de todo o mundo.

A defesa principista dos empregos necessita de um rompimento político com as concepções de colaboração social e co-administração. É necessário adotar uma perspectiva completamente diferente, baseada no caráter internacional da produção e no interesse comum dos trabalhadores de todo o mundo. Tal perspectiva é baseada numa transformação socialista da sociedade, onde os interesses sociais da população como um todo tem prioridade sobre os interesses privados do grande capital e dos bancos.

A construção de comitês de defesa contra as demissões e os cortes de benefícios deve ser feita com a perspectiva socialista e internacionalista. Isso é a única alternativa aos argumentos covardes e falidos da burocracia dos sindicatos, que permanece completamente atrelada ao sistema capitalista.

Nós chamamos aqueles que apóiam a luta dos trabalhadores da Volkswagen em Bruxelas ou desejam tomar parte na construção dos comitês de defesa em outras empresas a entrar em contato com o comitê editorial do World Socialist Web Site e discutir essas questões essenciais.

 



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