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Assassinato racista na Grécia reflete crescente influência
neonazi
Por Christoph Dreier
18 de outubro de 2012
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Publicado originalmente em inglês em 15 de agosto
de 2012, no WSWS
Domingo 12 de agosto, bem cedo à manhã, cinco figuras
vestidas de preto guiaram quatro motocicletas através da
Praça Omonia, no centro da Atenas, à caça
de imigrantes.
Ao toparem com um iraquiano de 19 anos bateram nele com punhos
e pedras e esfaquearam-no várias vezes. O moço morreu
o mesmo dia num hospital.
Este assassinato racista é o brutal resultado duma sistemática
caça ao imigrante que o Estado levou a cabo nas passadas
semanas. A gangue de motoristas já atacara no mesmo distrito
um romeno e um marroquino sem a polícia a molestar. No
entanto, as primeiras duas vítimas conseguiram pôr-se
a salvo a tempo.
Este assassinato na Atenas faz parte duma onda de violência
racista na Grécia. Sábado um grupo de paquistaneses
foi atacado violentamente em Iráclio, na ilha de Creta.
Diversas lojas de imigrantes foram atacadas repetidamente na cidade
portuária do Pireu. Bombas de fumo foram atiradas contra
uma loja que serve como mesquita.
Quinhentos imigrantes deram entrada no hospital devido a ataques
racistas durante a primeira metade do 2012. De acordo com informações
do diário Ta Nea, que se baseiam nos dados de organizações
não governamentais, esta cifra já logo duplica o
total de vítimas de ataques similares durante o mesmo período
do ano passado.
Estes ataques são o resultado direto duma política
do governo apoiada pela UE. Uma semana antes do assassinato, 4500
polícias participaram numa operação de caça
ao imigrante. Detiveram 6700 pessoas que pareciam estrangeiras
e internaram 1555 em campos especiais, onde esperam pela deportação.
Centenas deles já foram deportados.
O ministro da Ordem Pública, Nikos Dendias, do partido
conservador Nova Democracia, recorreu, para justificar esta caça
ao homem, a uma comparação entre os imigrantes e
os "ocupantes" que protagonizaram "a maior invasão
que a Grécia já experimentou". O ministro encorajou
com estes comentários tão repugnantes os ataques
contra imigrantes e colocou os perpetradores de ataques fascistas
contra eles em pé de igualdade com os lutadores da resistência
contra a ocupação nazi durante a II Guerra Mundial.
Ao longo dos últimos anos, o partido fascista Chryssí
Avguí (Amanhecer Dourado), que tem um papel importante
nos ataques contra imigrantes, foi sendo fortalecido pelos sucessivos
governos gregos. Em 2004, Ta Nea já informara das
estreitas ligações entre os fascistas e o aparelho
do Estado.
O partido fascista atua mão a mão com a polícia.
Durante manifestações de grupos de esquerda e anarquistas,
polícias entregaram bastões e rádios aos
fascistas por forma a eles incitarem a violência. Demais,
a polícia permitiu que membros de Amanhecer Dourado levassem
armas.
Antonios Androutsopoulos, membro de Amanhecer Dourado, matou
um estudante de esquerda em 1998, mas evitou o arresto durante
sete anos, muito provavelmente com a ajuda da própria polícia.
Ele só foi arrestado em 2005. Embora houvesse muitas pessoas
envolvidas no assassinato, apenas Androutsopoulos é que
foi acusado.
Também em 1998, o jornal Eleftherotypia informou que
tumultos racistas em Tessalônica foram organizados por "forças
racistas no interior da polícia". Ninguém foi
arrestado após os tumultos.
A listagem de colaborações da polícia
com os fascistas continua até ao dia de hoje. Nas últimas
eleições, o diário To Vima informa que 50%
dos membros da polícia votaram Amanhecer Dourado.
A organização grega de defesa dos direitos dos
imigrantes 'Expulsar o Racismo' documentou centenas de casos em
que agentes da polícia descuidaram a vigilância durante
ataques contra imigrantes. Também há testemunhos
de estrangeiros golpeados nas comissarias de polícia, e
polícias a proporcionarem a moradores locais o número
de telefone de Amanhecer Dourado quando eles se queixam de imigrantes.
"Temos medo de sair às ruas", declarou um
imigrante ao jornal diário Kathimerini. "É
o Ramadã e nós fomos convidados a cear, mas não
imos ir. Se saímos imos ser interceptados quer pela polícia
quer por Amanhecer Dourado".
O diário alemão Die Welt informou duma
mulher da Geórgia que foi assaltada sexualmente em Atenas
por um membro de Amanhecer Dourado. Depois de eles acudirem à
polícia, o homem regressou à tarde acompanhado de
polícias da esquadra policial local e a fanfarronar: "Vês
agora quem são os meus amigos?"
O governo grego, formado por Nova Democracia (ND) e o Partido
Social-Democrata PASOK e Esquerda Democrática (DIMAR),
apoia as forças fascistas por forma a criar uma atmosfera
política em que qualquer oposição popular
pode ser atacada violentamente. O seu principal objectivo é
preparar a supressão brutal de qualquer movimento que vier
a surgir dentro da classe trabalhadora contra as impopulares medidas
de austeridade que exige a UE e que esnaquizaram a economia grega.
Os ataques sociais empreendidos pelo governo, que já
espalharam amplamente a miséria e a pobreza e que ainda
deverão intensificar-se, são de cada vez mais incompatíveis
mesmo com as próprias regras democráticas.
Sob umas condições em que os partidos da "esquerda"
burguesa como SYRIZA impediram a emergência de lutas da
classe trabalhadora contra a UE e as políticas da burguesia
grega, as forças fascistas aparecem como a única
alternativa à atual configuração política.
A medida que aumentam as tensões sociais, a elite no poder
promove mais e mais as forças de direita, e as regras burguesas
assumem um carácter ainda mais ditatorial.
Neste contexto houve pedidos para a proibição
de Amanhecer Dourado, especialmente da banda do Comissário
de Direitos Humanos do Conselho de Europa, Nils Muiznieks. A assinalar
que o Amanhecer Dourado está entre "os partidos mais
abertamente extremistas e nazis da Europa", ele pediu ao
governo grego para "testar a legalidade do partido",
de acordo com Kathimerini.
Porém, tal proibição não vai garantir
qualquer proteção para os imigrantes ou pôr
fim à influência das forças de estrema direita.
Ainda mais, eles estão ligados e são protegidos
pelas próprias forças de segurança do estado
burguês grego que tal proibição encarregaria
de reprimir o Amanhecer Dourado.
No sítio disso a proibição irá
reforçar o aparelho do Estado e fornecerá uma escusa
para criminalizar os opositores políticos e desmantelar
as organizações políticas da oposição
e da esquerda. Isto reforçará o aparelho da repressão
e levará rapidamente ao autoritarismo.
A defesa dos direitos dos imigrantes requer a mobilização
da classe trabalhadora para combater as políticas de austeridade
da UE e a crescente influência das forças fascistas.
Esta luta apenas poderá ser bem sucedida quando baseada
numa luta socialista contra o capitalismo, que está cada
vez mais virado para os elementos mais à direita.
Tradução
de Alberto Lozano para o Diário Liberdade.
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