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Partidos gregos negociam, bancos cobram cortes de salários e dos gastos sociais

Por Alex Lantier
16 de fevereiro de 2012

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As negociações entre os líderes partidários das três partes que formam o governo de coalizão na Grécia, foram canceladas ontem sem acordo. O primeiro-ministro Lukas Papademos estava tentando impor cortes mais profundos nos gastos sociais que são exigidos pelas autoridades financeiras europeias.

A reunião ocorreu sob forte pressão da "Troika" (FMI, Banco Central Europeu e União Europeia). Isto exige, que a Grécia realize novos ataques contra a classe trabalhadora. Os representantes da UE se recusaram a pagar 89 bilhões dos 130 bilhões de euros do pacote de resgate acordado. A Grécia utilizou apenas os primeiros 30 bilhões de euros do pagamento, e não resgatou o título de crédito, no valor de 14 bilhões de euros, e em 20 de março deve ir à falência.

Antonis Samaras do partido de direita Nova Democracia (ND), Georgios Karatzaferis do partido fascista (LAOS) e o ex-primeiro-ministro George Papandreou da Socialdemocracia (PASOK) se reuniram na tarde por cinco horas no Villa Maximos, a residência oficial do primeiro-ministro da Grécia. As negociações se arrastavam até ao anoitecer. Papademos interrompeu a reunião por alguns instantes para chamar o primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, para marcar uma reunião imediatamente com os Ministros das Finanças da UE (União Europeia).

As instituições financeiras relataram inicialmente, um sinal de um possível acordo, mas no entanto, rapidamente descobriu-se que devido à resistência da ND e LAOS nenhum acordo foi alcançado.

Além de cortes no orçamento, totalizando 3,2 bilhões de euros para 2012, as instituições financeiras exigiram, dentre outras coisas: corte de 20% do salário mínimo mensal de 750 euros (o mais baixo da Europa), reduções de 15 a 35% da "previdência complementar", que permite melhorar a renda mensal básica dos gregos, que seria afetado por receitas fiscais em declínio; e a eliminação de 15 mil postos de trabalho no serviço público.

O acordo inclui a promessa do governo grego em não atrasar o pagamento de suas dívidas com os bancos, senão acontece o cancelamento dos acordos com as autoridades financeiras internacionais com Atenas. Tais propostas tomam a soberania da Grécia e levando a dependência colonial da União Europeia.

Karatzaferis deu uma entrevista ao deixar a reunião. Nela, ele disse que a pauta da discussão era principalmente voltada para a questão das pensões complementares, que poderiam vir a ser reduzida em 15%. Ele disse: "Eu tenho clara minha posição desde o início. Eu quero apoiar Samaras nesta questão."

O fracasso das primeiras negociações levarão a novas exigências para cortes feitas pelos mercados financeiros e das autoridades europeias, enquanto a burguesia grega está dividida sobre como será o peso da crise econômica sobre a população. As negociações foram interrompidas em função da crescente evidência de resistência da população, incluindo uma greve de um dia em todo o país na terça-feira e ao colapso dos partidos dominantes tradicionais.

Segundo uma pesquisa da Kathimerini-Skai, a PASOK é o principal partido de apoio ao governo de coalizão, caiu para apenas 8%. No entanto, por causa do colapso do PASOK, principalmente entre a classe média, a ND passou para 31% que beneficiou os partidos de "esquerda".

Os partidos stalinistas, o KKE (Partido Comunista da Grécia), teve 12,5%, enquanto, o SYRIZA teve e 12%. A Esquerda Democrática, recém-formado que surgiu a partir do Grupo Renovação que em 2010 rompeu com SYRIZA, chegou a 18%. Isto significa que o total de votos desses partidos atinge cerca de 43%.

Essas organizações se beneficiam injustamente da ira e do amargo da população grega, que busca uma alternativa ao PASOK e os seus cortes sociais. A classe operária não vai encontrar nem na Esquerda Democrática, nem na KKE ou SYRIZA uma alternativa. Estes partidos apoiaram durante anos Papandreou e suas negociações com a burocracia sindical grega, cujo objetivo era reprimir a oposição da classe trabalhadora contra os cortes.

Como toda a elite governante da Grécia, eles estão com medo de que a possibilidade de reação da classe trabalhadora possa impulsionar a opinião pública na luta contra o governo, onde a burocracia sindical não pode controlar.

No entanto, as condições objetivas para tal revolta já foram preparadas nos últimos três anos, onde o PASOK tocou junto com os sindicatos o papel de liderança na aplicação das reduções exigidas pelos bancos, que mergulharam a classe trabalhadora grega na pobreza.

O desemprego subiu de 6,6% em maio de 2008 para 18,8% no mês passado. O desemprego entre os jovens é agora mais de 40%. No serviço público, houve reduções de salário em torno de 40%, enquanto que os impostos aumentaram em 23%.

A situação social na Grécia piorou terrivelmente. O número de desabrigados, que incide sobre as duas maiores cidades de Atenas e Salônica, aumentou em pelo menos 25% depois da eclosão da crise. Estima-se que quase metade dos proprietários de casas da Grécia não será capaz de pagar os novos impostos sobre a propriedade que foi aumentada. Mais e mais, as pessoas não podem mais pagar energia elétrica e outros insumos básicos.

O número de infecções por HIV aumentou 50% devido ao aumento de consumo de drogas e da prostituição.

Kanekis Nikitas da Organização de Caridade dos Médicos do Mundo disse ao MSNBC, que teme por um "desastre humanitário" em Atenas e acrescentou: "Nós temos todas as características do terceiro mundo: pessoas sem abrigo, famintos, doentes, falta de médicos e remédios."

No entanto, a União Europeia e os bancos vão pressionar por novos ataques contra a classe trabalhadora. As últimas medidas irão acelerar o colapso da economia grega, sem reduzir mais o peso da dívida, mais medidas de austeridade ocorrerão.

A Troika (UE, BCE e FMI) espera que a economia grega, que no último ano cortou em mais de cinco por cento a despesas, este ano vai cortar ainda em torno de 4 a 5%. Através da venda de ativos estatais - incluindo utilitários, portos e concessões de aeroportos - só foram arrecadados 1,8 bilhões de euros em vez do esperado de 50 bilhões de euros.

Hoje, em Paris, deve começar a última rodada de negociações entre Atenas e seus credores privados. Eles negociam até que ponto a Grécia está disposta a cortar a grande dívida. Segundo relatos, eles aceitariam uma taxa média de 3,6% para títulos do governo com vencimento de 30 anos. No entanto, a agência de classificação Standard & Poors alertou que mesmo uma dívida média de 70% não é suficiente para que o país possa cumprir com suas obrigações.

No entanto, ainda há resistência por parte do Banco Central Europeu ao cortar suas dívidas em títulos do governo grego que emanam principalmente da Alemanha. Os analistas financeiros dizem que um acordo razoável, não é possível se o BCE não renunciar a uma parte do valor de seus títulos do governo grego.

A agência Reuters citou o analista de Frank Gill, Standard & Poors: "Uma vez que apenas uma pequena parte dos investidores envolvidos na seção da dívida pública, o corte apenas parcialmente... provavelmente não será o suficiente."

(Traduzido por movimentonn.org)