Eric Schmidt, o presidente-executivo da companhia controladora do Google, a Alphabet, confirmou neste fim de semana que a maior companhia de internet do mundo, em coordenação com o Estado, está manipulando resultados de busca para censurar sites críticos ao governo americano.
Respondendo a uma pergunta sobre a “manipulação da informação” na internet no Fórum de Segurança Internacional de Halifax, Canadá, Schmidt anunciou que o Google está trabalhando em algoritmos que irão “desranquear” sites de notícias com sede na Rússia – Russia Today (RT) e Sputnik – nos serviços do Google News, bloqueando na prática o acesso dos usuários a ambos os sites.
Os comentários de Schmidt na reunião de militares e funcionários de segurança nacional confirmam as denúncias do WSWS de que o Google tem alterado propositadamente seus algoritmos de busca e tomado outras medidas para prevenir as pessoas de acessar certas informações e sites específicos através de seu sistema de busca. O próprio WSWS tem sido o principal alvo desses esforços.
As declarações expõem as mentiras da companhia de que mudanças no seu sistema de busca tinham como objetivo “melhorar resultados de busca” e que essas mudanças não seriam politicamente tendenciosas.
Os esforços do Google são apenas parte de um muito mais amplo avanço governamental-corporativo para controlar o fluxo da informação na internet, que envolve a Amazon, o Twitter e o Facebook, assim como provedores de serviço de internet como as empresas Comcast, Time Warner Cable, Verizon e AT&T. A Comissão Federal de Comunicações (FCC) anunciou nesta semana que irá eliminar regulações da “neutralidade da rede”, permitindo que os provedores limitem quais sites os clientes podem acessar, seja diminuindo a velocidade de download ou cobrando taxas maiores.
No início deste mês, o Departamento de Justiça dos EUA forçou a RT a se registrar como um “agente estrangeiro”, uma manobra com o objetivo de deslegitimar o site como fonte de notícias e intimidar seus jornalistas e convidados. O Google removeu a RT dos seus canais “preferidos” no YouTube no mês passado, e o Twitter impediu o serviço de notícias de fazer propagandas.
Entretanto, as declarações de Schmidt são as mais diretas até agora. Ele afirmou que o Google está “tentando construir sistemas para prevenir” usuários de verem os conteúdos da RT e do Sputnik.
Schmidt negou que isso resultaria em censura enquanto alegava que o algoritmo anti-RT do Google bloquearia informação que é “repetitiva, exploradora, falsa, (ou) que provavelmente tenha sido usada como arma política”.
A campanha contra “notícias falsas” agora se tornou uma campanha contra “notícias usadas como armas políticas”, que quer dizer informações verdadeiras críticas ou prejudiciais ao establishment político. A ex-Secretária de Estado Hillary Clinton alegou que, quando seus e-mails de campanha e seus discursos para Wall Street foram vazados pelo WikiLeaks, eles haviam sido utilizados como “armas políticas”. Sob a nova rubrica de censura do Google, qualquer artigo escrito sobre as informações verdadeiras nos vazamentos de Clinton seriam candidatos à censura.
Quanto à informação “repetitiva, exploradora, falsa e usada como arma política”, por qualquer medida objetiva isso se aplica acima de tudo para a campanha de alegações de que a Rússia está “semeando divisões” nos Estados Unidos. As histórias inacabáveis e infundadas na mídia, canalizando os interesses das agências de inteligência, estão sendo usadas para instituir uma guerra contra os direitos democráticos.
A campanha anti-russa, que se iniciou como um esforço do Partido Democrata para garantir que a administração Trump mantivesse uma posição hostil em relação ao Kremlin, foi transformada em uma assalto geral contra a liberdade de expressão e a livre troca de informação.
Apesar da RT e do Sputnik serem os alvos imediatos dessa campanha, seu real interesse é qualquer site que exponha as mentiras do governo americano e promova histórias críticas da narrativa oficial promovida pela classe dominante americana.
O WSWS primeiro relatou em Julho que o novo algoritmo do Google lançado em Abril sob o pretexto de combater a divulgação de “notícias falsas” estava bloqueando o acesso aos sites de uma ampla gama de organizações de esquerda, progressistas, anti-guerra e de direitos humanos. Desde Abril, resultados de busca do Google para o WSWS caíram 75%. No mês de Outubro, o WSWS e outros jornalistas de esquerda foram removidos do Google News.
Em uma carta aberta à Schmidt e outros executivos do Google publicada em Agosto exigindo o fim da censura, David North, membro da Conselho Editorial Internacional do WSWS, declarou:
“Os fatos provam que o Google está distorcendo os seus resultados de busca para criar uma lista negra e censurar o WSWS e outras publicações de esquerda. Isto levanta uma questão muito séria, com imensas implicações constitucionais. O Google está coordenando este programa de censura com o governo americano ou com seções do seu setor militar e de inteligência?”
Apesar do Google até agora ter se recusado a responder essa pergunta de maneira direita, agora temos uma resposta definitiva: Sim.
O fato de Schmidt fazer uma tal declaração tão abertamente é um aviso de que a campanha de censurar a internet está entrando em uma nova fase. Um ataque cada vez mais aberto e sem restrições à liberdade de expressão e à manifestação política está sendo preparado.
A repressão à internet acontece em meio a níveis históricos e crescentes de desigualdade social. A classe dominante americana teme o crescimento da oposição social e sentimentos anti-capitalistas e pró-socialistas que estão crescendo debaixo da superfície da vida oficial. Acima de tudo, eles temem o desenvolvimento de um movimento consciente da classe trabalhadora lutando pela derrubada do podre sistema capitalista.
Nós pedimos aos nossos leitores e apoiadores que assumam a luta para defender uma internet livre e aberta. Junte-se às milhares de pessoas que já assinaram a petição exigindo que o Google pare de censurar o WSWS e outros sites de esquerda. Ajude a levar a luta contra a censura da internet para todas a seções de trabalhadores e da juventude, nos Estados Unidos e internacionalmente, conectando a luta contra o ataque sobre os direitos democráticos com a luta contra a guerra, a ditadura e a desigualdade social.