Os professores se mantem em greve no sistema rede de escolas
municipal da cidade de São Paulo após seus colegas
do sistema escolar do Estado terem sido traídos pelo sindicato.
Ambas as categorias de professores tem exigido significantes
aumentos salariais, melhorias nas condições de trabalho,
redução de alunos nas salas, e o fim do processo
universal de privatização e cortes na educação
pública.
As greves são sintomas da crescente militância
na classe trabalhadora brasileira diante de uma taxa de inflação
oficial que alcançou 6,5 por cento (com a taxa real afetando
as necessidades básicas acreditando-se estar pelo menos
o dobro dessa porcentagem) e uma desaceleração econômica
enquanto a maior economia da América do Sul sente os efeitos
da crise capitalista global.
Na última sexta, a direção do sindicato
dos professores do Estado, APEOESP, cancelou a greve da categoria,
a qual começou no dia 22 de abril. A decisão foi
anunciada depois de uma assembleia dos grevistas na Avenida Paulista
no coração do capital industrial e financeiro do
Brasil deu um voto de voz esmagadoramente pela continuação
da greve. A presidente da APEOESP Maria Izabel "Bebel"
Noronha começou a anunciar que a votação
tinha sido em favor de retorno ao trabalho e declarou que a greve
de três semanas havia acabado.
Grevistas furiosos cercaram o carro de som a partir do momento
que o anúncio chegou, atirando com latas, papéis,
garrafas de água de plástico e até mesmo
cones de trânsito. A Polícia Militar posicionou-se
rapidamente para proteger a burocracia sindical, atingindo professores
com os seus cassetetes e escoltando a presidente e outros funcionários
enquanto eles corriam da cena.
No meio do tumulto, os grevistas gritavam "Fora Bebel,
Fora polícia militar" e "Abaixo a repressão,
os professores não são ladrões."
A direção do sindicato afirmou que o apoio à
greve havia diminuído, mas os de base da categoria expressaram
determinação para continuar a luta e relataram um
forte apoio de estudantes e famílias da classe trabalhadora
em todo o estado.
A greve não conseguiu garantir qualquer uma das principais
demandas dos professores. A Secretaria Estadual de Educação
rejeitou a demanda por um reajuste salarial de 36,74 por cento,
recusando-se a ceder a partir de sua oferta original de 8,1 por
cento. O governo do Estado ofereceu a criação de
uma comissão conjunta com o sindicato para "estudar"
a demanda do sistema escolar em conformidade com uma lei federal
de 2009, que concede um terço das horas de trabalho dos
professores para a preparação e educação
continuada.
O governo do estado de São Paulo é liderado por
Geraldo Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB),
que concorreu com o ex-presidente do PT Luiz Inácio Lula
da Silva na eleição presidencial de 2006. Preocupado
tanto com a ameaça de radicalização mais
ampla da classe trabalhadora e sua própria reputação
nacional, Alckmin estava determinado a quebrar a greve.
Neste objetivo, ele contou com uma colaboração
inestimável. A greve havia enfrentado oposição
e sabotagem direta desde o início de uma liderança
sindical dominada por partidários do Partido dos Trabalhadores
(PT) da presidente do Brasil, Dilma Rousseff e várias organizações
de "esquerda" que vão desde PSOL, uma cisão
do PT , PSTU- a organização morenista brasileira,
e os stalinistas do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Acima de tudo, os professores dirigentes sindicais do Estado
(APEOESP), assim como os seus homólogos na organização
professores municipais (SINPEEM), estavam determinados a manter
as duas lutas em separado, mesmo que elas estivessem sendo travadas
em grande parte sobre as mesmas questões.
Em 14 de maio, cerca de 6.000 professores da rede municipal
se reuniram do lado de fora da prefeitura de São Paulo,
a votação para continuar a greve que começou
11 antes.
Também lutando para compensar a dizimação
dos seus salários pela inflação, os professores
da rede municipal de ensino têm exigido uma série
de aumentos salariais, incluindo 6,5 por cento retroativo a 2011,
4,61 por cento retroativo a 2012 e de 6,5 por cento para este
ano. A cidade tem respondido com uma proposta miserável
para 3,68 por cento para cada um de três anos, com início
em 2014, deixando os professores para trás com a taxa oficial
de inflação.
Outras exigências incluem tamanhos menores de alunos
da classe, o fim das terceirizações e melhores condições
de trabalho para combater a violência nas escolas. Os professores
também estão lutando contra os testes imposta pelo
governo destinada a fixar a culpa pela deterioração
da educação pública sobre os próprios
professores.
Na cidade de São Paulo, os professores enfrentam um
governo municipal liderado por Fernando Haddad, do Partido dos
Trabalhadores (PT), prefeito que assumiu o cargo apenas cinco
meses depois de previamente servindo como ministro da Educação
no governo do PT federal.
Enquanto muitos trabalhadores do setor público votaram
nele e contra o PSDB, o breve tempo de Haddad no cargo tem servido
para desiludi-los de ilusões de que ele vai seguir um curso
diferente dos ataques contra os salários e serviços
sociais realizados pelo rival de direita do PT.
Tais ofertas de salários, privatização,
terceirização e outras políticas regressivas
em relação à educação pública
avançadas por Haddad são indistinguíveis
daqueles implementado pelo seu antecessor, do PSDB prefeito, Gilberto
Kassab. Professores da rede municipal de ensino travaram uma amarga
greve contra essas políticas há um ano, mas foram
traídos por seu sindicato, que cancelou os desejos da categoria
e cancelou a greve.
Sob o governo do PT, a nível nacional e na maior cidade
do Brasil, São Paulo, a elite dominante financeira e corporativa
brasileira contam com uma burocracia sindical que está
integrado na máquina partidária PT para suprimir
lutas militantes da classe trabalhadora, através de métodos
de gangsterismo e fraude, quando necessário. As lutas dos
professores em São Paulo são mais uma indicação
de que os trabalhadores brasileiros estão se movendo em
direção a um confronto explosivo com este aparato
político-sindical que defende o capitalismo.