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Funcionários russos apontam falhas do FBI ao não considerar informações valiosas do que resultaram os atentados de Boston

Por Nick Barrickman
27 de junho de 2013

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Publicado originalmente em inglês em 10/06/2013

A porta-voz do Senado da Rússia, Valentina Matvienko, afirmou aos entrevistadores da agência de notícias Interfax na terça-feira que funcionários da Agência de Segurança Federal (FSB) enviaram numerosos avisos às autoridades estadunidenses sobre o suspeito do atentado da Maratona de Boston, Tamerlan Tsarnaev, mas "estas informações não foram consideradas pelos americanos, do que resultou a tragédia".

O relato surgiu após a delegação bipartidária do congresso americana, sob a direção da representante republicana Dana Rohrbacher, em visita ao país, numa clara busca de dados, oportunidade em que lhe foram apresentados pelo funcionário Sergei Besada informes do FSB revelando o que sua agência conhecia sobre Tasarnaev desde 2011.

Aos seis congressistas foi lida a tradução de uma carta enviada pelo FSB ao FBI que continha registro pormenorizado das ligações do jihadista Tsarnaev. A agência de inteligência russa subsequentemente enviou o mesmo relato para a CIA.

A FSB relatou que Tamerlan Tsarnaev se radicalizou em Boston em 2010 e quis filiar-se aos combatentes palestinos, mas desistiu da ideia porque não falava árabe. Em seu lugar, afirma a carta, as atenções de Tsarnaev voltaram-se para o Daguestão, região de maioria muçulmana do norte do Cáucaso, onde um movimento separatista tem empreendido ações terroristas contra as autoridades russas. A mãe de Tsarnaev veio do Dagestão e seu pai, da vizinha Tchetchênia.

De acordo com um dos congressistas da delegação americana, o representante William Keating, democrata do Massachusetts, o informe continha a data de nascimento de Tsarnaev, o número de seu celular e o histórico de sua carreira como boxista e também informações sobre sua esposa e sua mãe.

Na carta solicitava-se aos funcionários americanos que notificasse se Tsarnaev deslocara-se para o Daguestão.

Conforme os funcionários russos, nem o FBI nem a CIA respondeu, não houve aviso dos Estados Unidos quando Tsarnaev viajou ao Daguestão em janeiro de 2012, onde permaneceu por seis meses e estabeleceu contatos com separatistas.

Ele se encontrou várias vezes com Makhmud Mansur Nidal, conhecido recrutador separatista, e também com William Plotnikoff, jihadista nascido no Canadá, segundo os funcionários russos, que acreditaram ter Tsarnaev decidido retornar aos Estados Unidos somente após a eliminação desses dois contatos por forças russas.

"Nunca pensei que tivéssemos obtido tal informação e cooperação", declarou Keating. Ele acrescentou que "pode-se ver pelo nível dos detalhes que, de fato, se tivéssemos melhor intercâmbio de informações, uma sólida oportunidade de evitar-se o atentado teria sido possível". Ele ainda observou que os pormenores fornecidos pelas fontes russas eram "muito mais específicos" do que os liberados pelo FBI.

Outro membro da delegação, Steve King, republicano do Iowa, afirmou à website Hill, que "a Rússia quis ajudar. E concluiu por isso que o FBI não estava interessado em observar Tamerlan".

Estas constatações tornam ainda mais inaceitável a alegação oficial de que o FBI investigou Tamerlan Tsarnaev em 2011 e então encerrou seu dossiê, por "não encontrar evidências comprometedoras" As falhas cometidas pelo FBI, pela CIA e pelo Departamento de Segurança Interna (Homeland Security Department), não reagindo diante das múltiplas advertências a fim de evitar que Tsarnaev, posto na lista de terroristas sob observação, voltasse ao Daguestão e de lá regressasse ou mesmo deixar de interrogá-lo quando voltou, não alertando às polícias local e do estado, antes da Maratona de Boston, de 15 de abril, sobre o que se conhecia a respeito de Tsarnaev - nada a respeito foi explicou-se. Em vez disto, o álibi a que se recorreu para explicar as vacilações da segurança e os lapsos do aparato de inteligência demonstrativos da "falha em estabelecer a interligação entre os vários indícios".

A mídia e ambos os partidos políticos evidenciam o desinteresse dos órgãos de inteligência dos Estados Unidos para a verificação atenta do evidente papel facilitador do complô terrorista executado por Tsarnaaev, morto em tiroteio com a polícia vários dias após o atentado, e seu irmão mais jovem Dzhokhar, ora sob custódia num hospital prisional a enfrentar acusação de uso de arma de destruição em massa, crime capital, em que três pessoas morreram e mais de 260 foram feridas nos dois atentados próximos à linha de chegada da maratona.

O mau cheiro de queima de arquivo intensificou-se no mês passado quando o FBI matou a tiros uma testemunha desarmada que era interrogada em sua casa na Flórida. A vítima, Ibragim Todashev, nativo da Tchetchênia, morava em Boston e era amigo de Tamerlan Tsarnaev. Não se deu nenhuma explicação plausível para o crime, fundamentando-se, assim, a suspeita de que silenciaram Todashev porque ele sabia muita coisa sobre as relações de Tamerlan com o FBI e outras agências dos Estados Unidos.

Tradução de Odon.