Este artículo apareció en nuestro sitio en
su inglés original el 23 de julio, 2013.
Pelo que o Washington Post descreve como a "próxima
fase da guerra de "drones", a administração
Obama está decidida a "estender a densa rede de vigilância
do Pentágono muito além das áreas tradicionais,
fora, portanto, das zonas de combate declaradas". De acordo
com o Post, Washington resolveu destacar sua esquadrilha de drones
mundoo afora, onde será usada para monitorar o tráfico
de drogas, piratas e "outros alvos que preocupem os meios
oficiais dos Estados Unidos".
Uma porta-voz do Departamento de Defesa afirmou que as forças
armadas "estão incumbidas de ampliar" as atividades
dos drones através da Ásia e do Pacífico.
O Post também cita a Colômbia como um teatro de guerra
provavelmente acrescido com o emprego de drones, embora os americanos
já os tenham empregado em operações contra
os "narcoterroristas" em colaboração com
forças militares colombianas.
"A vigilância dos drones podem realmente ajudar-nos
a evitar o emprego de alguns de nossos aviões tripulados",
declarou em março o oficial do Comando Meridional da marinha
John F. Kelly, Enquanto Obama tem alegado que "a onda de
guerra está recuando", na realidade o governo dos
Estados Unidos intensificam as operações militares
em todo o mundo. No decorrer da última década, formaram
esquadrilhas de centenas de "veículos aéreos
de grandes altitudes, não tripulados" (UAVs), que
agora executam missões diárias para fins estratégicos
de interesse do imperialismo americano. Só a série
de drones "Predator" executou pelo menos 80.000 sortidas
em áreas de conflito, abrangendo o Afeganistão,
o Paquistão, a Bósnia, a Sérvia, o Iraque,
o Iêmen, a Líbia e a Somália.
Em seu artigo de 2013, intitulado "Quantas guerras os
Estados travam hoje?", de Linda Bilmes, da Harvard School
of Government e Michel Intriligator, da Universidade da Califórnia
(Los Angeles), asseguram que os Estados Unidos estão empenhados
em pelo menos cinco "guerras não reconhecidas e não
declaradas" com o emprego de sistemas de armas robóticas.
Como acentua o documento, estes conflitos fazem parte de uma
longa "tradição de muitas incursões
militares americanas anteriores e encobertas", inclusive
as do Chile, de Cuba e da Nicarágua e em muitos outros
países. Tecnologias militares de ponta têm facilitado
a extensão massiva de tais operações bélicas
secretas. Afirmam os autores, que a "emergência de
operações por meio de instrumentos robóticos
está possibilitando o envolvimento dos Estados Unidos cada
vez em mais em conflitos em diferentes partes do mundo".
O relato afirma: "Hoje os Estados Unidos estão
envolvidos em dezenas de operações nos cinco continentes.
O poderio militar dos Estados Unidos constitui o mais amplo fautor
bélico, com significativas instalações militares
em mumdiais e com expressiva presença no Bahrein, no Djibuti,
na Turquia, no Qatar, na Arábia Saudita, no Kuait, no Iraque,
no Afeganistão, no Cosovo e no Quirguistão, além
das bases há muito tempo estabelecidas na Alemanha, no
Japão, na Coreia do Sul e no Reino Unido".
Acrescente-se que os Estados Unidos dispõem de "algum
tipo de presença militar" na Colômbia, no Egito,
no Irã, na Jordânia, no Cazaquistão, na Líbia,
em Omã, no Paquistão, nas Filipinas, na Síria,
no Tadjiquistão, no Turcomenistão, na Arábia
Saudita e no Iêmen.
Bilmes e Interligator afirmam que "a criação
de aviões-robôs seguros, precisos e operados por
controle remoto tem possibilitado aos Estados Unidos expandir
dramaticamente o numero de ataques sorrateiros e extra-oficiais
sem a necessidade de fornecer informações ao público
sobre os lugares onde operam, como são escolhidos os alvos,
ou quantas pessoas mataram, inclusive espectadores civis".
Estatísticas da New American Foundation revelam que
ataques de drones têm se estendido em razão exponencial.
O Paquistão foi atingido por pelos menos nove ataques desse
tipo de 2004 a 2007, elevando-se para 118 em 2010.
Muitas operações militares menores com o emprego
de drones, na África e no Oriente Médio, aumentam
sua frequência. O anterior chefe do Comando dos Estados
Unidos para a África (AFRICOM), general Cartet Ham, declarou
em fevereiro que suas forças necessitavam de um aumento
da capacidade de supervisão e vigilância para o continente.
Os drones americanos têm efetuado sortidas na África
do Norte, e os Estados Unidos já operam esses aparelhos
a partir de bases no Djibuti, na Abissínia e nas Seychelles.
Como parte da "Operation Nomad Shadow" (Operação
Sombra Nômade), programa secreto americano de vigilância
militar, as forças dos Estados Unidos estão presentemente
lançando drones destacados na base aérea de Inkirk
(Turquia) com o objetivo de fornecer informações
para os militares desse país em sua campanha contra o separatista
Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Os drones
penetram no Iraque setentrional a fim de coletar dados posteriormente
transmitidos para uma "célula de fusão",
onde são analisados.
As operações com drones suscitam crescente hostilidade
popular na Turquia. Protestos surgiram em 2012 como reação
a um ataque aéreo dirigido por pilotos turcos guiados por
drone americano, que matou 34 civis. Um drone estadunidense alvejou
incorretamente um comboio de civis na suposição
de que fosse constituído de guerrilheiros do PKK. Documento
divulgado na quinta-feira pelo Pew Research Center constatou que
82% dos turcos se opõem às operações
da guerra global de Obama.
Simultaneamente às operações externas,
a administração Obama acelera as operações
de drones nos Estados Unidos. O Office of National Sanctuaries
(ONMS), por exemplo, tem adquirido drones Puma que os baseia próximos
de Los Angeles, e são empregados pela marinha.
O ONMES no momento trata de expandir seus vôos em outras
regiões, inclusive o Havaí, a Flórida e Washington.
Planeja-se agora a construção de novo hangar, orçado
em 100 milhões de dólares, em Fort Riley (Kansas);
ao mesmo tempo outro hangar e um campo de pouso são construídos
em Fort Hood (Texas).
As operações bélicas por meio de aviões
robóticos pesam seriamente nas vidas dos cidadãos.
O ano passado o Bureau of Investigative Journalism - BIJ - (Departamento
de Jornalismo Investigativo) divulgou informações
de que os ataques alvejam os grupos de socorro, cortejos fúnebres
e todos aqueles que retornem aos cenários dos ataques de
drones após as explosões iniciais, tática
conhecida como "segunda pancada". A assim chamada assinatura
dos ataques de drones é frequentemente decidida por análises
de "comportamentos padrões", de indivíduos
em reuniões supostamente suspeitas e movimentos classificados
como alvos.
De acordo com o BIJ, os ataques de drones americanos foram
responsáveis por no mínimo 3.500 mortes, inclusive
de cidadãos norte-americanos, pessoalmente selecionados
para extermínio pelo presidente Obama. O BIJ assevera que
ao menos 555 das mortes são de civis, em contraposição
ao que alega a senadora Dianne Feinstein de que as baixas giravam
em torno de "dígitos únicos".
O governo paquistanês calcula, segundo documento interno
que vazou, sob o título "Detalhes de Ataques de forças
da NATO e Predators in FATA" demonstram que pelo menos 147
das 746 pessoas mortas pelos drones estadunidenses entre 2006
e 2009 eram civís, entre as quais 94 crianças. Um
relatório divulgado pelas faculdades de direito Stanford
e a NYU no ano passado afirma que 50 civis são mortos para
cada "insurgente" eliminado pelos ataques.
A administração Obama, como observou o Post,
"estendeu ampla cortina de silêncio em torno de seu
programa mundial de drones", operando em segredo e firmado
em dispositivos secretos elaborados com o objetivo de institucionalizar
assassinatos em todo o mundo.
Em maio, Obama fez um discurso negando firmemente o emprego
de ataques por drones em sua administração, e anunciando
simultaneamente a adoção de uma política
consubstanciada na "Diretriz Política Presidencial".
Obama afirmou, "pela mesma razão do progresso humano
que nos proporciona tecnologia para atacar meio mundo, também
é obrigatório que se adote disciplina para refrear
esse poder - ou riscos de abusos dele decorrente. É por
esse motivo que, nos últimos quatro anos, meu governo tem
trabalhado seriamente no emprego de força contra terroristas,
persistindo na aplicação de diretrizes claras, supervisão
e confiabilidade, agora incluídas na Diretriz Política
Presidencial que ontem assinei".
O documento denominado Diretriz Política Presidencial
(DPP) é um dos mais de 20 dispositivos políticos
baixados por Obama e dos quais o público não tomou
conhecimento. Consoante o www.allgov.com/, a DPP é uma
"declaração pelo Presidente dirigida ao executivo,
que "se torna parte da estrutura particular e legal em torno
de algum estatuto ou programa".
A DPP institucionaliza e proporciona um falso verniz de legalidade
para a campanha de alcance mundial de assassinatos direcionados.
O que Obama apresenta como contenção de poder é,
na realidade, uma medida que priva todo e qualquer indivíduo,
em qualquer parte do mundo, do direito de não ser assassinado
arbitrariamente por mera decisão de algum burocrata americano.
A guerra mundial de drones é um instrumento primário
da política externa estadunidense. É travada sob
o manto fraudulento da "Guerra Global contra o Terrorismo",
não com o propósito de defender os Estados Unidos
contra terroristas, mas como parte da expansão de sua agenda
militarista que visa à manutenção do domínio
estratégico imperialista em franca erosão.