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OTAN prepara banho de sangue em Sirte
Por Bill Van Auken
6 de setembro de 2011
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Quase 6 meses depois de obter uma resolução do
Conselho de Segurança da ONU que autoriza uma zona de restrição
aérea sobre a Líbia e o uso de "todas as medidas
necessárias (...) para proteger os civis e as áreas
civis povoadas sob ameaça de ataque", os EUA e seus
aliados da OTAN, ex-potências coloniais, estão montando
um cerco bárbaro a um grande centro populacional ameaçando
causar baixas civis em grande escala.
Na promoção, já sem fôlego, da "batalha
final" para concretizar o real objetivo dos EUA-OTAN na Líbia
- a mudança de regime - poucos na mídia ocidental
se preocuparam em considerar o fato de que as principais potências
imperialistas estão realizando exatamente o tipo de ato
contra o qual, eles alegam, sua guerra foi realizada para impedir.
Quando as tropas de Gaddafi estavam marchando sobre Benghazi,
ao mundo foi dito que só uma intervenção
"humanitária" da OTAN poderia salvar a inocente
população da cidade. Agora os "rebeldes"
estão cercando Sirte, liderados pelas tropas de forças
especiais britânicas e do Qatar, pelos agentes de inteligência
e por mercenários militares contratados, enquanto a população
da cidade está sendo bombardeada por bombas da OTAN e estão
sem abastecimento de alimentos, combustível e de todos
os suprimentos básicos.
O completo desprezo pela legalidade e pela opinião pública
mundial mostrado pelos EUA e pelas potências da Europa Ocidental
é de tirar o fôlego. A pretensão de que a
OTAN está agindo sob os termos da resolução
da ONU que deu o aval para a sua intervenção é
mais do que absurda; tornou-se obscena.Tem-se que voltar para
os crimes das potências fascistas na década de 1930
e 1940 para procurar paralelos para tal cerco: o bombardeio de
Guernica na Guerra Civil Espanhola, o cerco de Leningrado e do
Gueto de Varsóvia.
Nos últimos dias, aviões da OTAN realizaram dezenas
de ataques aéreos contra Sirte, contra a cidade de Bani
Walid a oeste e nas estradas que ligam as duas. Embora não
houvesse qualquer notícia independente de Sirte, o porta-voz
do regime Gaddafi, Ibrahim Moussa, informou que os contínuos
ataques com bombas e mísseis mataram 1.000 pessoas na cidade
e deixaram muitos mais feridos.
Parte deste feroz ataque aéreo visa assassinar o coronel
Muammar Gaddafi, que é tido por alguns como refugiado na
cidade ou em seus arredores. Forças especiais ocidentais
estão no solo à caça de Gaddafi, enquanto
uma série de aviões de espionagem dos EUA foram
mobilizados para localizar seu paradeiro.
Os rebeldes liderados pela OTAN assumiram posições
na principal rodovia costeira a leste e a oeste de Sirte, com
ordens de permanecer no local até que a guerra-relâmpago
da OTAN tenha aniquilado um número suficiente de defensores
da cidade.
O Conselho Nacional de Transição (NTC), órgão
autoproclamado por ex-ministros de Gaddafi, membros da inteligência
ocidental, islâmicos e funcionários tribais, que
tem sido reconhecido pelas grandes potências como o legítimo
governo da Líbia, anunciou um ultimato de rendição
ou morte para a cidade. Se a rendição não
vier até o sábado, dizem eles, a cidade vai ser
submetida a um ataque militar.
"Não temos tido nenhuma indicação
de uma rendição pacífica," disse um
porta-voz militar da NTC, o coronel Ahmed Omar Bani, em uma conferência
de imprensa em Benghazi.
"Continuamos a procurar uma solução pacífica,
mas no sábado vamos usar métodos diferentes contra
esses criminosos."
"Às vezes, para evitar derramamento de sangue você
deve derramar sangue, e quanto mais rápido fizermos isso
menos sangue nós vamos derramar", disse Ali Tarhouni,
o vice-diretor da NTC.
A mídia ocidental está justificando um banho
de sangue com antecedência, informando que os "rebeldes"
tem "negócios inacabados" ou "contas a acertar"
com os defensores de Sirte, que disseram ter incluído unidades
do exército envolvidas nos ataques a Misrata e a Benghazi.
A cidade também é cidade natal de Gaddafi e um centro
de sua tribo, os Gaddafifahs.
Os métodos criminosos empregados pela OTAN e seus procuradores
"rebeldes" - o bombardeio de cidades, tentativas de
assassinatos, massacres e linchamentos de trabalhadores negros
imigrantes subsaarianos - estão em sincronia com o objetivo
da guerra: a conquista imperialista.Tendo apoiado a ditadura pró-ocidental
de Zine El Abidine Ben Ali na Tunísia e de Hosni Mubarak
no Egito contra revoltas populares até o seu amargo fim,
os EUA e seus aliados da OTAN decidiram intervir na Líbia,
que fica estrategicamente entre os dois países. Eles forjaram
o começo das manifestações anti-Gaddafi,
que eclodiram em fevereiro passado, e fomentaram uma guerra civil
como um veículo para a intervenção direta
da OTAN. Para este fim, unidades das forças especiais britânicas
e francesas foram posicionadas no terreno da Líbia bem
antes de qualquer resolução da ONU ter sido discutida.
Esta intervenção nunca teve o objetivo de proteger
a população civil. Significativamente, um porta-voz
da NTC na quarta-feira estimou que o número total de líbios
mortos nos últimos 6 meses, tanto civis quanto combatentes,
aumentou para mais de 50 mil. Se aceitássemos como verdadeiro
o pretexto de que a OTAN travou sua guerra com a finalidade de
salvar vidas humanas, ela teria de ser considerada um fracasso
colossal. Esta guerra produziu uma carnificina muito maior do
que qualquer repressão que a precedeu.
O objetivo da guerra da OTAN é instalar um regime fantoche
em Trípoli, que será uma ferramenta mais flexível
dos governos ocidentais e dos conglomerados de energia. Círculos
dominantes em Washington, Londres, Paris e Roma estão salivando
com a perspectiva de rodar o relógio para trás 42
anos, para os dias em que a monarquia corrupta do rei Idris deixava
a Standard Oil escrever as leis do petróleo líbio
e fornecia bases militares para os EUA e para a Grã-Bretanha.
Consolidar tais objetivos neocoloniais, sem dúvida,
implica uma quantidade ainda maior de derramamento de sangue para
suprimir a oposição popular na Líbia.
Os crimes que estão sendo cometidos contra o povo da
Líbia e a ameaça de uma conflito muito mais amplo
que é inerente às tensões interimperialistas
sobre quem irá controlar a riqueza petrolífera do
país colocam a necessidade urgente de um novo movimento
pacifista, com base na classe trabalhadora e em uma perspectiva
socialista.
A luta contra a guerra deve ser unida com a luta contra o assalto
a postos de trabalho, aos padrões de vida e aos direitos
sociais e democráticos básicos, que ocorre praticamente
em todos os países. Ela deve ser conscientemente dirigida
contra a fonte tanto do militarismo quanto da contrarrevolução
social que se desenvolve - o sistema do lucro capitalista.
(Traduzido
por movimentonn.org)
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