Os números do censo bureau (agência governamental
encarregada pelo censo nos EUA) que saíram terça-feira,
mostrando o maior número de americanos vivendo na pobreza
desde que os registros começaram em 1959, são uma
grave reprovação do capitalismo americano e de todo
o sistema político.
Em 2010 havia 46,2 milhões de pessoas, quase 1 em cada
6 habitantes, vivendo abaixo da linha-oficial da miséria,
incluindo 16,4 milhões de crianças. Destes, cerca
da metade, ou 20 milhões, foram descritos como vivendo
na extrema pobreza, sobrevivendo com menos de metade da renda
que o governo dos EUA diz que é necessário para
cesta-básica, moradia, roupas e bens de consumo.
Essa medida do governo à pobreza - cerca de US$ 22 mil
para uma família de quatro e US$ 11mil para uma única
pessoa com menos de 65 - é insuficiente para manter um
padrão de vida decente. A medida mais precisa seria o dobro
da linha oficial da miséria, ou cerca de US$ 44 mil para
uma família de quatro pessoas. Mais de 100 milhões
de americanos, 1 em cada 3 estão abaixo deste limiar.
O principal fator por trás do crescimento da pobreza
é a crise do emprego, que só tem piorado desde 2010,
o ano após o suposto término da recessão.
Dezenas de milhões de trabalhadores estão desempregados
ou são forçados a trabalhar meio período
com baixos salários que são insuficientes para mantê-los
fora da miséria.
A geração mais jovem é a mais duramente
atingida. A renda média entre jovens de 15 a 24 anos caiu
9 % no ano passado. Para aqueles entre 25-34, cerca de 6 milhões
voltaram para casa de seus pais ou amigos para economizar dinheiro,
mais de 25 % de antes da recessão. Entre esses, a taxa
de pobreza foi de 8,4 %, mas a taxa teria subido para 45,3% se
os rendimentos dos seus pais não fossem considerados, de
acordo com uma análise do relatório do censo pela
Bloomberg Businessweek.
O aumento acirrado da pobreza nos últimos 3 anos - juntamente
com as execuções hipotecárias, a falta de
moradia, fome e ao crescente número de pessoas sem benefícios
sociais - acontece simultaneamente ao acúmulo de níveis
fantásticos de riqueza pela aristocracia financeira que
controla a economia e o sistema político.
Este é o ápice de um longo processo de 3 décadas,
em que a classe dominante, tanto sob democratas e quanto republicanos,
realizou uma consciente política de transferência
de uma porção cada vez maior da riqueza da sociedade
para as mãos da elite empresarial e financeira. Em nome
do livre mercado, eles reduziram os impostos sobre as grandes
empresas e ricos, desregulamentaram a indústria e os bancos,
e apoiaram uma ofensiva corporativa contra os empregos e os padrões
de vida da classe trabalhadora.
Na sequência do colapso da firma de investimentos de
Wall Street, Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, há
3 anos atrás, o governo entregou trilhões de dólares
aos bancos, sem restrições. As corporações
e os bancos estão agora sentados em um tesouro em seus
caixas de US$ 2 trilhões, enquanto se recusam a contratar
qualquer trabalhador.
A classe dominante está seguindo uma política
deliberada de manutenção do elevado nível
de desemprego para continuar a reduzir os salários e benefícios
e aumentar os seus lucros. Na indústria automobilística,
por exemplo, as empresas, com o apoio do governo Obama e dos sindicatos,
estão tentando voltar as condições de trabalho
ao que eram nos anos 1930, com os trabalhadores recém-contratados
recebendo salários de miséria e sem seus direitos
e proteções elementares.
Diante da pior crise social desde a Grande Depressão,
o governo Obama não tem feito nada, respondendo com total
indiferença aos níveis crescentes de angústia
social. Os novos números sobre a pobreza não receberam
sequer uma menção durante a parada do presidente
na Carolina do Norte, onde promoveu seu falso projeto de lei sobre
empregos, o qual irá proporcionar novos cortes nos impostos
e doações para os grandes empresários.
Longe de oferecer qualquer alívio, os democratas e republicanos
estão comprometidos em cortar trilhões dos programas
sociais que ajudaram a tirar milhões da pobreza no século
20. Um desses programas visados pela comissão bipartidária
de redução do déficit de Obama é a
Segurança Social, que manteve 20 milhões de idosos
e adultos com deficiência fora da pobreza no ano passado,
de acordo com o relatório do censo.
O objetivo final da elite empresarial e financeira é
claro: abolir esses programas e tudo o que não contribui
diretamente para a sua riqueza.
Medidas imediatas devem ser tomadas para resolver esta crise.
O Partido da Igualdade Socialista defende:
1. O lançamento de um programa de obras públicas
para contratar 20 milhões de trabalhadores para reconstruir
a infraestrutura do país e garantir o direito a uma renda
mínima para todos os trabalhadores e suas famílias.
2. A requisição da riqueza da elite financeira,
aplicando um imposto de 90% a todas as rendas superiores a US$
500 mil. Os US$ 2 trilhões nos balanços das empresas
e dos bancos devem ser confiscados e colocados em um fundo de
controle público para criar empregos e eliminar a pobreza.
3. O controle da aristocracia financeira deve ser quebrado
pela nacionalização dos bancos e das grandes indústrias,
transformando-os em entidades públicas, controladas democraticamente
pela classe trabalhadora.
A batalha que os trabalhadores enfrentam nos EUA faz parte
de uma luta internacional. A pilhagem do povo norte-americano
chegou ao mesmo tempo que os governos capitalistas ao redor do
mundo realizam uma contrarrevolução social, da Grécia
e do resto da Europa ao Oriente Médio, América Latina
e Ásia. Em todo o mundo, eles afirmam que não há
dinheiro para as necessidades sociais básicas.
Nada pode ser feito sem que a classe trabalhadora entre em
uma luta de massas social e política. Nenhuma das últimas
conquistas sociais - salários decentes, benefícios
de saúde, educação pública, pensões
- foi ganha sem a luta mais amarga contra a resistência
da elite dominante. A determinação da classe dominante
para voltar o relógio para a década de 1930 deve
ser combatida com a mobilização dos trabalhadores
em cada fábrica, local de trabalho e bairros por todo o
país.
Os direitos sociais da classe trabalhadora depende da reorganização
da sociedade, com base num plano elaborado de maneira democrática
e científica para atender às necessidades sociais,
e não ao lucro privado. Esta é a luta pelo socialismo.
O Partido da Igualdade Socialista está liderando essa
luta e nós conclamamos todos os trabalhadores e jovens
a participar de nosso movimento e construí-lo como a direção
revolucionária da classe operária.