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Ataque policial à Universidade da Califórnia, Davis

Por Jerry White
30 Noviembre 2011

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O ataque da polícia que ocorreu no dia 18 de novembro contra estudantes que protestavam na Universidade da Califórnia, Davis, expôs o caráter brutal e reacionário das relações políticas, sociais e econômicas nos Estados Unidos.

Por todas as suas autoproclamações vangloriosas à democracia, a hipocrisia e falsidade da elite dominante americana está desmascarada para que todos vejam o momento em que os super-ricos e seu governo percebem uma ameaça aos interesses da aristocracia corporativa e financeira que controla os Estados Unidos.

A guarda universitária estava armada para uma zona de Guerra. Fica claro a partir de suas ações que eles encaravam os estudantes não como seres humanos, mas como coisas - a serem controladas, violentadas e até mesmo assassinadas se houvesse ordens para isso. O policial que jogou spray nos estudantes fez seu trabalho plácida e metodicamente, tratando suas vítimas como se fossem insetos ou, quem sabe, ervas-daninhas em seu quintal. Seus colegas de trabalho não esboçaram o mínimo desconforto com suas ações.

O governo americano usou a questão dos direitos humanos para justificar seus ataques a qualquer regime que saia do controle de seus interesses geopolíticos. É possível imaginar imaginar o alvoroço na mídia caso os eventos da UC Davis tivessem ocorrido em uma universidade em Teerã. De fato, não há nenhuma classe dominante no mundo que tenha qualquer coisa a ensinar à elite corporativa americana quando se trata de repressão e violência.

Não é mera coincidência que o ataque aos estudantes da UC Davis ocorre ao mesmo tempo que o regime apoiado pelos EUA no Egito reprime violentamente os manifestantes da praça Tahrir. A dimensão dos ataques pode ser diferente, mas o conteúdo é o mesmo.

Por todo o mundo, trabalhadores e jovens se envolvem em uma crescente luta de classes contra as medidas de austeridade e o desemprego em massa. A resposta de cada governo é usar a repressão de Estado para impor os ditames da elite financeira.

O tratamento violento dado aos estudantes da Califórnia é uma medida do medo e da ansiedade que a elite financeira e política estão sentindo. Se essa é a resposta aos primeiros estágios de oposição social, que envolve ainda um número relativamente pequeno de estudantes e jovens, só é possível imaginar a escala da violência com que a elite governante americana irá responder quando confrontada com greves e manifestações de massas de setores muito mais amplos da classe trabalhadora.

É um sinal da decadência da democracia Americana e do crescimento explosivo da desigualdade social o fato que, desde o princípio, o movimento Ocupa Wall Street foi combatido com violência. As prisões em massa de manifestantes na ponte do Brooklyn no dia 1º de outubro foram seguidas de uma crescente perseguição que foi realizada por todo o país. Isso inclui o uso de gás lacrimogêneo e balas de plástico em Oakland, que deixou um veterano da guerra do Iraque seriamente ferido, e o ataque em estilo militar para destruir o acampamento do Ocupa Wall Street no parque Zuccotti em Manhattan. No fim de semana passado, uma jovem manifestante em Seattle, grávida de três meses, sofreu um aborto após ter sido agredida duas vezes na barriga antes de levar spray de pimenta pela polícia.

Por todo o país mais de 4.600 pessoas envolvidas nas manifestações do Ocupa Wall Street foram presas até agora. Governos locais, aconselhados pelo FBI e pelo departamento de segurança interna do governo Obama, coordenaram seus esforços para esmagar o movimento.

Esta repressão revela duas verdades fundamentais. A primeira é que os direitos democráticos são incompatíveis com um sistema em que a riqueza da sociedade é monopolizada pelo 1% mais rico, as reivindicações da elite financeira - por austeridade, pela destruição dos programas sociais e por guerra - não podem ser realizadas por meios democráticos. A oposição da crescente maioria só poderá ser resolvida por meio de recursos a métodos cada vez mais autoritários.

A segunda é que o estado - os políticos, a polícia e a justiça - não é um corpo imparcial. É o Estado capitalista, que funciona para defender a propriedade e o domínio político da oligarquia corporativa e financeira.

Deve-se notar que a violência policial na Califórnia está sendo presidida pelo ícone liberal e governador democrata, Jerry Brown, e que a chefe da guarda universitária da UC Davis é uma mulher, assim como a reitora. No topo do governo americano temos um afro-americano. Isso é para lembrar os militantes e políticas de identidade, que constantemente vendem a alegação de que o sistema político pode ser transformado ao se colocar mulheres e minorias em posições de poder!

Tampouco se trata de reivindicar aos poderes existentes que ajam mais humanamente. Em meio à pior crise econômica desde a Grande Depressão, os democratas e republicanos estão engajados em uma luta acirrada sobre como será a melhor forma de cortar trilhões das despesas governamentais. No início da semana, o presidente Obama reafirmou aos mercados financeiros que ele não iria voltar atrás em implementar os cortes mais dracônicos à educação, saúde e outros programas sociais dos quais dezenas de milhões de pessoas dependem.

Por trás dessas ações estão os interesses materiais e de classe. A elite financeira e seus representantes políticos estão buscando fazer a classe trabalhadora pagar pela crise mundial do sistema capitalista. Ela é incapaz de educar os jovens. Ela não pode providenciar empregos. Ela só é capaz de enriquecer o 1% que está no topo e de organizar guerras e repressão de Estado.

O impacto da piora das condições sociais está levando setores cada vez maiores de trabalhadores e jovens para a luta. É preciso compreender que se trata de uma luta política que envolve interesses sociais e de classe irreconciliáveis. Se as necessidades da população estiverem acima dos interesses lucrativos dos bancos e empresas, uma transformação revolucionária faz-se necessária. A classe trabalhadora - a vasta maioria da população - tem que tomar as rédeas do poder político em suas próprias mãos.

A redistribuição da riqueza de baixo pra cima é urgentemente necessária. Isso requer substituir o capitalismo pelo socialismo para que a riqueza da sociedade seja colocada a serviço da maioria - isto é, da classe trabalhadora que produz essa riqueza.

Entre os trabalhadores há uma ampla oposição aos ataques da polícia na UC Davis e simpatia pelos manifestantes do movimento Ocupa Wall Street. As condições estão postas para forjar a mais poderosa unidade entre a juventude, que luta contra aumentos de mensalidade e pelo direito a um futuro decente, e trabalhadores que enfrentam um incansável ataque a seus empregos e condições de vida.

Os estudantes da UC Davis e outros manifestantes do movimento de ocupações não podem restringir suas ações aos campi universitários e acampamentos. Eles devem se voltar à classe trabalhadora - a todos aqueles que vivem contando seus salários mês a mês e trabalham em escritórios, fábricas e serviços públicos - e transformar essa simpatia em um poderoso movimento político, independente dos dois partidos do grande capital e armado de um programa para dar fim à desigualdade social de uma vez por todas.

Traduzido por movimentonn.org