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Publicado originalmente em inglês em 29 de maio de 2011
A polícia espanhola ontem disparou balas de borracha e bateu nos manifestantes com cassetetes, em uma tentativa de dispersar os manifestantes anti-austeridade da Plaza de Cataluna, em Barcelona.
A tropa de choque catalã atacou por volta das 6h45 da manhã, depois que os manifestantes sentaram no chão para parar um comboio de caminhões de limpeza que deixavam a praça depois de desmantelar o seu acampamento sob a supervisão da polícia. Os manifestantes gritavam: "Eles não passarão!"
Sem aviso, a polícia avançou depois de disparar bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes foram arrastados pela polícia, e há inúmeros relatos de que balas de borracha foram atiradas. Um oficial negou, afirmando que a polícia disparou armas de ar comprimido que dispara em branco. Os manifestantes afirmaram que os policiais não estavam usando os seus números de identificação.
Cerca de 100 manifestantes se reagruparam na praça, enquanto outras centenas foram impedidas por cordões policiais. "Vamos voltar", gritavam. Diante da resistência, a polícia finalmente recuou e milhares inundaram a praça, embora os números depois tenham diminuído.
Uma reportagem publicada no Financial Times deu um vislumbre da brutalidade policial. "Os manifestantes formavam uma multidão de várias centenas caminhando lentamente para um grupo de policiais que batia em uma mulher com um cassetete. A multidão aplaudiu e cantou com ironia: 'Esta é a sua democracia!'"
Dez pessoas foram levadas para o hospital, e cinco permanecem. Foi dito que sua condição não é grave. Estima-se que entre 40 e 90 pessoas tiveram ferimentos leves, incluindo um policial.
Vídeos do ataque policial sobre os manifestantes pacíficos foram enviados ao YouTube. Incluem imagens de um oficial da tropa de choque perseguindo um manifestante e disparando sua arma contra ele.
A primeira tentativa da polícia de dispersar os manifestantes envolvidos no movimento nacional que começou em 15 de maio foi realizada utilizando o pretexto do jogo de futebol Barcelona/Manchester de sábado, em Londres. A praça, a polícia alegou, seria necessária para as celebrações, em caso de vitória do Barcelona.
A polícia também dispersou uma aglomeração próxima à Plaza Ricard Vinyes em Lleida com o mesmo pretexto, prendendo dois.
Naquela noite, mais de 20.000 manifestantes fizeram um ato na Plaza de Catalunya, em desafio às ações da polícia.
O ataque violento contra os manifestantes em Barcelona não é um incidente isolado. O Ministro do Interior, Alfredo Perez Rubalcaba, iniciou ontem procedimentos para retirar à força os manifestantes acampados na Puerta Del Sol em Madri.
Numa conferência de imprensa na sexta-feira em Madri, Rubalcaba disse: "Eu vou analisar a situação com a polícia e tomaremos uma decisão". O site Expatica.com informou que Rubalcaba estava em estreita consulta com os políticos regionais do Partido Popular e empresários locais que estão exigindo que o governo remova os manifestantes.
A declaração de Rubalcaba revela o papel do governo do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) como um braço repressivo da elite financeira. De acordo com relatos na sexta-feira, o Primeiro-Ministro do PSOE, José Zapatero, propôs Rubalcaba como o candidato para liderar o partido nas eleições gerais de 2012.
Durante a noite, os protestos na Puerta del Sol continuaram, junto com outros protestos menores em uma série de outras cidades. As manifestações de Madri envolveram milhares de pessoas, muitas cantando slogans de solidariedade com os manifestantes de Barcelona.
Outras manifestações de solidariedade aconteceram em Paris na sexta-feira e estão programadas para hoje em Dublin e Cork, na Irlanda.