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A Guerra Sem Fim de Washington
Por Bill Van Auken
14 de junho de 2011
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As forças militares dos EUA estão promovendo
simultaneamente ataques de mísseis por aviões não-tripulados
(drones), bombardeios, assaltos de forças especiais de
assassinato e combates por terra em quatro países distintos:
Iraque, Afeganistão, Paquistão, Líbia e Iêmen.
O presidente Barack Obama, que ganhou a eleição
de 2008 em longa medida em função da reviravolta
popular sentida por milhões de norte-americanos em função
das guerras lançadas pela administração Bush
no Afeganistão e no Iraque, mais que preencheram as previsões
de George W. Bush sobre as "guerras no século XXI".
Ele deixou seu predecessor republicano ao menos um pouco melhor.
Bush proclamou uma doutrina infame afirmou o direito do imperialismo
dos EUA de se engajar em guerras contra qualquer país que
seja percebido como uma ameaça potencial, agora ou em qualquer
momento no futuro. Fazendo isto, ele abraçou o princípio
da "guerra preventiva", uma forma de agressão
de guerra para a qual os líderes do Terceiro Reich foram
julgados em Nuremberg.
Justificando a guerra contra a Líbia, Obama promulgou
sua própria doutrina, que dispensa até mesmo o pretexto
de uma ameaça potencial como justificativa para a guerra.
Ao invés, ele proclama que os Estados Unidos estão
em seu direito para se engajar em guerras onde quer que se considere
seus "interesses e valores" estejam em jogo, mesmo se
os alvos de ataque não ofereçam ameaças concebíveis
para a segurança dos EUA.
Em seu discurso sobre a Líbia, Obama incluiu sobre estes
invioláveis valores norte-americanos "manter o fluxo
do comércio", isto é, o fluxo dos lucros para
os cofres das empresas petroleiras dos EUA e outras corporações.
Mesmo com mísseis cruzeiros chovendo sobre a Líbia
aproximadamente três meses atrás, Obama cinicamente
disse que Washington lançou a guerra por medo que a repressão
exercida pelo governo líbio do Coronel Muammar Kadafi pudesse
extinguir a "Primavera Árabe".
Que hipocrisia! A atitude real de Washington frente as aspirações
democráticas dos povos do Oriente Médio e do Norte
da África encontraram uma expressão inconfundível
nos últimos dias em uma série de ações.
Obama deu boas vindas desde a Casa Branca para o príncipe
do Barein, o ditador monárquico que, com tácito
apoio dos EUA e aberto suporte militar do principal aliado de
Washington na região, Arábia Saudita, impiedosamente
reprimiu um movimento de massas por direitos democráticos,
matando centenas, prendendo milhares e rotineiramente torturando
os presos.
O príncipe aterrizou apenas alguns dias após
o regime começar um julgamento militar de médicos
e enfermeiras. Presos por tratarem manifestantes feridos pelas
forças de segurança, esses trabalhadores médicos
foram obrigados por meio de choques elétricos e espancamentos
com placas com pregos afixados para assinarem falsas confissões.
Em um pronunciamento oficial, Obama "reafirmou o forte
comprometimento dos Estados Unidos com o Barein" - aquele
regime acolhe a Quinta Frota da Marinha dos EUA - e elogiou sua
monarquia por seu comprometimento com o "diálogo"
e a "reforma". O presidente dos EUA prestativamente
aconselhou "a oposição e o governo" -
o torturado e os torturadores igualmente - "devem se comprometer
a forjar um futuro justo para todos bareinitas".
Do outro lado da península árabe foi revelado
pelo New York Times que os EUA estão "explorando um
vácuo de poder crescente" criado por cinco meses de
levantes de massas contra as ditaduras suportadas pelos Estados
Unidos no Iêmen para lançar uma nova guerra aí,
o mais pobre país da região, usando mísseis
de aviação não tripulada e ataques de aviões
de combate.
Enquanto alegadamente dirigido contra elementos da Al Qaeda,
há muitos indícios que os ataques estão apontados
à salvação do regime do presidente Ali Abdullah
Saleh, mesmo enquanto ajudando a saída do ditador que ocupou
a presidência por 33 anos.
O primeiro levante reportado neste novo cenário de guerra
aberto pelo Pentágono mataram ao menos quatro civis em
meio a vários supostos "militantes".
Na Líbia, a guerra dos EUA-OTAN chega ao fim de seu
terceiro mês com uma intensificação de terríveis
bombardeios implacáveis que cobraram a vida de milhares
de civis e um número não revelado de soldados líbios.
Lançada sob o cínico pretexto de proteger civis,
Washington e seus aliados europeus não revelam sobre seu
objetivo real ser uma "mudança de regime", isto
é, a instalação de um Estado-fantoche que
garantirá a dominação do imperialismo e das
grandes empresas petrolíferas do ocidente.
Isto é a verdadeira resposta do imperialismo dos EUA
à "Primavera Árabe" - uma explosão
de militarismo no Oriente Médio e no Norte da África,
uma tentativa desesperada de reforçar as ditaduras que
servem aos seus interesses na região, e uma determinação
para estrangular as lutas revolucionárias dos trabalhadores
árabes e da juventude.
Estas novas intervenções militares vem à
tona na chegada das guerras e ocupações de uma década
no Afeganistão e no Iraque, que, vai tornando-se cada vez
mais claro, são para continuar indefinidamente.
Em uma confirmação no Senado ocorrida na quinta-feira
(9), o Diretor da CIA, Leon Panetta, que foi escolhido por Obama
para substituir o chefe do Pentágono, o Secretário
de Defesa Robert Gates, permitiu que ele tenha "toda confiança"
que o regime no Iraque irá em breve pedir que Washington
mantenha dezenas de milhares de tropas dos EUA em solo iraquiano
após o dia 31 de Dezembro de 2011, a data de retirada.
Panetta deixou claro que Washington está preparado para
manter suas tropas ali para "garantir que os ganhos que tivemos
no Iraque sejam mantidos". Que a esmagadora maioria do povo
iraquiano, pelo qual a ocupação norte-americana
tem significado a morte, mutilando e deslocando milhões,
querem todas as 47 mil tropas estadunidenses fora do país
não vem ao caso.
O homem que Panetta está substituindo, o Secretário
de Defesa Robert Gates, repetidamente sublinhou nos últimos
dias que o fechamento de julho de 2011 que Obama programou para
o início da retirada do Afeganistão não deveria
reduzir significantemente o emprego de aproximadamente 100 mil
tropas norte-americanas.
Depois de se encontrar com comandantes militares no Afeganistão
no final de semana, Gates sublinhou que qualquer redução
deveria ser "modesta", dizendo aos ministros de defesa
da OTAN em Bruxelas que "não haverá corridas
por saídas de nossa parte". Enquanto isso, toda semana
traz novas atrocidades, com vítimas civis atingidas por
bombardeios, assaltos noturnos de forças especiais e ataques
de mísseis de aviação não tripulada
na fronteira do Paquistão.
Trabalhadores norte-americanos, estudantes e os jovens estão
cada vez mais forçados a carregar o peso de uma política
de guerra sem fim forjando um império global para servir
os interesses da oligarquia financeira dos EUA. Eleição
após eleição, pesquisas após pesquisas
demonstraram que uma maioria substancial da população
se opõem a estas guerras, mas esta oposição
não encontra expressão em um sistema político
de dois partidos ou na mídia sob controle corporativo.
Os povos trabalhadores estão conscientes que trilhões
de dólares são gastos nestas guerras e nos militares
estadunidenses - complexo industrial, mesmo os governos federais,
estaduais e locais liderados por democratas e republicanos igualmente,
declaram não ter dinheiro para empregos, salários
decentes, saúde, educação ou outros serviços
sociais vitais.
Além disso, a tentativa da elite dominante norte-americana
de usar o militarismo para compensar o declínio da posição
econômica global do capitalismo estadunidense gera crescentemente
perigas tensões internacionais e ameaçam mais guerras
sangrentas adiante.
Mesmo com a hostilidade em massa contra essas guerras crescendo,
protestos antiguerras diminuíram quase totalmente da cena,
sufocada por uma camada da classe média ex-esquerdista
que apoia Obama e se integrou largamente no Partido Democrata.
Um novo movimento contra a guerra pode ser construído
apenas com base em um separação irreconciliável
com os Democratas e uma mobilização independente
da classe trabalhadora contra a administração Obama
e o sistema de lucro capitalista, a raiz da guerra e do militarismo.
Traduzido
para Diário Liberdade por Lucas Morais
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