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Protestos continuam contra os cortes no orçamento implementados
pelo parlamento catalão na Espanha
Por Alejandro López
21 de junho de 2011
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Quarta-feira passada mais de 3.000 manifestantes se reuniram
em frente ao Parlamento catalão no Parque Ciutadella em
Barcelona, a capital da região da Catalunha, na Espanha.
Eles pretendiam barrar a entrada de deputados para a votação
do orçamento deste ano, o que significaria 10% de cortes.
O parque foi fechado no dia anterior. Na manhã seguinte,
400 policiais fortemente armados foram enviados para impedir os
manifestantes de entrar.
O presidente do governo regional, Artur Mas, foi forçado
a chegar de helicóptero junto a outros deputados do seu
partido, enquanto muitos outros chegaram em vans da polícia
ou a pé. Aqueles que chegaram a pé foram insultados
e pulverizados com tinta spray. Os manifestantes gritavam: "Vocês
não nos representam!".
A polícia tentou dispersar a multidão atacando-a,
o que resultou em 36 feridos, sendo que, segundo informações,
12 deles eram policiais. Estes números podem ter sido inflados,
visto que a armadura da polícia os protegia da cabeça
aos pés.
A polícia foi acusada de instigar a violência,
com vídeos do YouTube revelando a presença de pelo
menos 10 polícias à paisana, um com um bastão
extensível ilegal ( http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=YcmvzRvsf8g
).
De acordo com uma testemunha: "Nós vimos claramente
uma van da polícia chegar, três saírem vestidos
à paisana (...) os infiltrados da polícia foram
diretamente para a manifestação (...) eles começaram
a insultar [os deputados], jogar garrafas vazias de água
contra eles e mais (...) depois, um foi direto para a van porque
o idiota tinha deixado seu distintivo em volta do pescoço!"
Esta declaração segue uma série de alegações
de má conduta policial em protestos recentes. Nenhum dos
400 policiais mostrou seu número de identificação,
como a lei ordena que eles façam, e todos tinham os rostos
cobertos com balaclavas. Na manifestação anterior
de 27 de maio na Praça Catalunha em Barcelona, a polícia
disparou balas de borracha e bateu em manifestantes. (Veja: http://www.wsws.org/articles/2011/may2011/spai-m28.shtml)
As figuras políticas do governo utilizam estes incidentes
para exigir a remoção forçada dos manifestantes.
Alfredo Pérez Rubalcaba, ministro de assuntos internos
e escolhido sucessor do primeiro-ministro José Zapatero,
ofereceu seu apoio, enquanto José Bono, presidente do Congresso
espanhol, declarou que a polícia deve "usar toda a
sua força" contra os manifestantes. Joan Ridao da
Esquerda Catalã disse que "agressões e insultos
contra políticos são agressões e insultos
contra os representantes do povo".
A classe dominante espanhola está deixando claro que
não tolerará qualquer oposição em
meio a crescentes e agudas tensões sociais. O desemprego
atingiu 21%, incluindo 43% entre os jovens; as medidas de austeridade
previstas incluem um pacote de 15 bilhões de euros de cortes
de gastos, parcialmente financiado através de uma redução
de 5% no salário dos funcionários públicos
e nas pensões.
A implacável hostilidade exibida contra "os representantes
do povo" - na verdade, os representantes dos mercados financeiros
- é um sinal de que os trabalhadores não vão
aceitar o fardo da crise econômica sendo colocado sobre
seus ombros.
Mesmo os políticos que se posicionavam como "de
esquerda" ao longo dos anos foram vaiados pelos manifestantes.
O líder dos Verdes Catalães (Iniciativa per Catalunya
Verds) foi atingido por uma banana.
Em Madri, Cayo Lara, do ex-stalinista Esquerda Unida, foi forçado
a fugir depois de ser denunciado como um "oportunista",
enquanto ele estava falando com a mídia em uma forte manifestação
de 300 pessoas contra o despejo de uma família.
Já foram cortados 4,4 bilhões de euros em gastos
públicos anuais pelo Parlamento catalão este ano.
A área mais severamente afetada será a de saúde,
que enfrenta cortes de um bilhão de euros. Isto significa
o fechamento de andares inteiros dos hospitais, não comprar
novos equipamentos, listas mais longas de espera e redução
dos funcionários.
Também haverá cortes na educação
e nos gastos sociais. A última medida foi eliminar as ajudas
às famílias com crianças abaixo de três
anos de idade. Somado a isso, os gastos públicos com infraestrutura
serão cortados em 42%.
O conselheiro econômico regional enganosamente disse:
"Isto significa um sacrifício para a Catalunha",
mas que "não vai significar um desmantelamento do
Estado de bem estar social".
Mesmo assim, o governo catalão de direita não
cumpriu plenamente com os limites colocados pelo Partido Socialista
dos Trabalhadores (PSOE) no governo central, em Madri, aos déficits
dos governos regionais. Em vez de limitar o déficit a 1,3%
do orçamento, ele fixou um déficit orçamental
de 2,6%.
O governo Zapatero vai exigir cortes ainda mais selvagens na
Catalunha e em toda a Espanha. Os governos regionais, baseados
em um sistema político híbrido entre o federalismo
e o centralismo, controlam um terço do gasto público
total. Atualmente, 15 das 19 regiões autônomas estão
nas mãos do direitista Partido Popular, cujo líder
exigiu "austeridade".
Madri está exigindo fortes cortes no déficit
público em geral, para acalmar os mercados financeiros
internacionais, em face da crescente preocupação
de que o problema da dívida da Grécia vai ser contagioso.
A Espanha também quer pedir 9 bilhões de euros em
empréstimos, mas a taxa de juros que os investidores estão
exigindo aumentou ao longo da semana passada.
Elena Salgado, a ministra da economia, já tentou apaziguar
os mercados financeiros, telefonando para o Wall Street Journal
para esclarecer as reformas trabalhistas do governo.
As novas medidas significam que a negociação
coletiva não será realizada pelas indústrias
e empresas, mas cada vez mais através de negociações
individuais entre empregado e empregador. Isto é, a negociação
coletiva deve ser extinta. Empresas também serão
capazes de cortar os salários se declararem que os salários
ameaçam lucros futuros.
Mesmo assim, os líderes empresariais afirmaram que estas
medidas não vão longe o bastante. Francisco González,
presidente do BBVA (um dos maiores bancos da Espanha), disse:
"Nós precisamos começar urgentemente a construção
de um novo modelo econômico para a Espanha ... se não,
as decisões serão tomadas por nós, e então
vamos causar danos irreparáveis ao povo espanhol".
Nenhuma das medidas impostas pelo PSOE nos últimos 3
anos tem resolvido a profunda crise do capitalismo espanhol, que
é rotineiramente dita como o próximo alvo da especulação
monetária e um destinatário de um possível
resgate.
O PSOE sofreu sua pior derrota eleitoral nas eleições
locais e regionais no mês passado desde a chamada transição
em 1977, como resultado da hostilidade generalizada gerada pelas
suas políticas antitrabalhistas. Agora há aberta
especulação de que o governo pode pressionar por
eleições antecipadas no outono, muito antes das
programadas eleições gerais em março de 2012.
Na ausência de qualquer alternativa política viável
que avance os interesses da classe trabalhadora, o principal beneficiário
até agora é o PP e os partidos de direita. O PP
tem pressionado para eleições antecipadas desde
a sua vitória sobre o PSOE nas eleições regionais
e locais. María Dolores de Cospedal, porta-voz do PP, disse
que vai governar "agora, no outono ou março",
a fim de "fazer uma reviravolta".
(Traduzido
por movimentonn.org)
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