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Guerra da Líbia: Por que o Novo Partido Anticapitalista
continua em silêncio?
Por Kumaran Ira
14 de julho de 2011
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A guerra contra a Líbia, encabeçada pelos poderes
imperialistas, já está próxima de completar
quatro meses. Apesar da intensificação do bombardeio
à Trípoli, com o objetivo de levar o regime do Coronel
Muammar Kadafi à queda, os poderes ocidentais não
foram capazes de atingir seu objetivo, e a intervenção
da OTAN está atualmente em um impasse.
No início deste mês, a França admitiu estar
fornecendo armamentos aos rebeldes Líbios, que estão
lutando contra as forças governamentais líbias na
região de Djeben Nafoussa, ao sul de Trípoli. Esta
notícia foi dada no jornal diário Le Figaro, de
acordo com a notícia, o abastecimento de armas que foi
feito por paraquedas nas montanhas de Djebel Nafousa incluía
lança-mísseis, rifles de assalto, metralhadoras
e Mísseis antitanques "Milan". (Veja "France
arms anti-Gadaffi forces")
A entrega de armas feita pela França aos rebeldes é
uma violação da resolução 1970 do
Conselho de Segurança da ONU, que em fevereiro impôs
um embargo de abastecimento armamentístico à Líbia.
Na França, bem como em outros países europeus, a
maioria da população se opõe a uma intervenção
militar. De acordo com uma pesquisa de opinião da IFOP,
51% da população francesa é contra uma intervenção
militar da OTAN contra a Líbia.
Existe um silêncio ensurdecedor cercando estes eventos
na imprensa ex-"esquerda" da pequena burguesia. Isto
é mais notável no caso do Novo Partido Anticapitalista
(NPA) na França. O sítio virtual da NPA publicou
apenas três breves artigos sobre a guerra na Líbia
nos últimos 2 meses - ao mesmo tempo em que essa guerra
tem sido a principal iniciativa da política internacional
da França.
Por que a NPA tem se mantido em silêncio quando a guerra
é tão impopular e seguida ilegalmente pelo governo
francês? Por semanas, a NPA não emitiu nenhuma posição
oficiais sobre a guerra ou criticou o Presidente Nicolas Sarkozy
pela ilegal entrega de armamentos da França para os rebeldes.
De fato, desde o início da guerra, o abastecimento de
armas aos rebeldes tem sido a política que a NPA recomendou
ao imperialismo francês. Se a NPA não visa criticar
a política militar ilegal do governo da França é
porque o governo está fazendo exatamente o que a NPA pediu
que fizesse.
No dia antes dos ataques aéreos de 19 de Março
feito pela Inglaterra e pela França, a NPA sugeriu que
a França levasse armas para a oposição líbia.
Em uma declaração de imprensa feita dia 18 de Março,
a NPA escreveu: " Nossa completa e total solidariedade vai
para o povo líbio a quem nós devemos dar os meios
de defender a si mesmo, as armas que eles necessitam para derrotar
o ditador, para conquistar a liberdade e a democracia."
Olivier Besancenot, o antigo candidato à presidência
pela NPA, publicamente repetiu este comentário: "
Nossa total solidariedade vai ao povo líbio a quem devemos
dar os meios para defender a si mesmos, as armas que eles necessitam
para derrotar o ditador, para conquistar a liberdade e a independência."
A realidade deste bombardeio diário feito a civis líbios
pelos aviões da OTAN expôs a desonesta ambiguidade
destas formulações, com a tentativa de insinuar
que a NPA queria proteger os civis ou "o povo líbio".
De fato, agora a NPA agora tenta camuflar através de seu
silêncio o apoio que ela ofereceu a uma guerra imperialista,
cujo objetivo é a derrubada do regime de Kadafi e a implementação
de um novo estado clientelista, liderado pelo Conselho de Transição
Nacional (TNC) em Bengazi.
O TNC, uma organizacao de direita e pró-imperialista,
protege, acima de tudo, os interesses geoestratégicos das
grandes potências e dos conglomerados energéticos
do Ocidente. Longe de representar "o povo líbio",
o TNC é compostos por forças como antigo ministros
do regime Kadafi, forças terroristas islâmicas ligadas
a al-Qaeda, ativos da CIA e vários líderes tribais.
Desde o início da guerra, a NPA tem dado argumentos
absurdos para justificar a intervenção dos poderes
imperialistas na Líbia. Em relação ao TNC,
a NPA deu uma coloração 'revolucionária"
ao que de fato é uma reacionária força pró-imperialista.
No dia 1 de Abril a NPA publicou uma noticia sobre um "debate
sobre a intervenção na Líbia" dentro
do partido. Adotando a posição do imperialismo francês,
segundo a qual uma intervenção militar era necessária
para proteger a população civil, ela declarou: "Pois
Kadafi está pronto para massacrar seu povo, pois ele prometeu
um 'banho de sangue' e nós sabemos que ele manterá
sua palavra se vencer, nós precisamos em primeiro lugar
de sua derrota".
No dia 8 de abril, a NPA publicou um artigo sobre seus colaboradores
belgas (Liga Comunista Revolucionária Esquerda - LCR Gauche),
intitulado "A guerra imperialista e a contra revolução
na Líbia". e acordo com este artigo, "na Líbia,
existem atualmente duas guerras acontecendo: a ofensiva aérea
lançada pelos imperialistas por um lado e a guerra liderada
por Kadafi contra a insurreição popular."
De fato, o TNC não representa uma insurreição
popular. Ele é um instrumento das forças imperialistas,
recebendo apoio aéreo da OTAN e servindo como força
terrestre para uma intervenção da OTAN na Líbia.
Se isso resultar na queda de Kadafi e eles chegarem ao poder,
eles servirão como um regime fantoche que ira colocar a
riqueza petrolífera da Líbia à disposição
dos imperialistas.
A separação inventada pela NPA entre o bombardeio
da OTAN e o TNC é falsa e desonesta. Para defender uma
guerra imperialista sob as cores da "esquerda", a NPA
semanalmente critica os bombardeios da OTAN enquanto aplaude as
forças que servem como sua infantaria.
Apesar da apresentação enganosa de suas críticas
à OTAN, é impossível para a NPA esconder
totalmente que essas críticas são as críticas
da direita. De acordo com a NPA, a OTAN - que é descrita
como uma aliança imperialista - não está
fazendo nada para ajudar os rebeldes a combater as forças
de Kadafi: "ainda é negado aos rebeldes receber as
munições e os armamentos pesados em quantidades
suficientes, sem as quais eles terão poucas chances de
resistir a uma derrota militar para os bem treinados e equipados
soldados do tirano".
O artigo da LCR-Esquerda até parece desapontado pelo
fato dos imperialistas não estarem bombardeando a Líbia
o suficiente, escrevendo: "os ataques aéreos da OTAN
em favor dos rebeldes é escasso e esparso, e é feito
com muita cautela".
Um partido que tem escrito tais comentários de forma
inequívoca se coloca ao lado da reação social,
apesar de seus esforços para ter uma imagem de partido
de "extrema esquerda". Tendo advocado a favor de uma
intervenção na Líbia, agora compartilha a
responsabilidade política com Sarkozy pelos civis massacrados
na Líbia, pela OTAN e por seus representantes líbios.
Traduzido
para Diário Liberdade por E. R. Saracino
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