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Renúncia de Mubarak, militares reivindicam o poder
no Egito
Por Tom Eley
14 de fevereiro de 2011
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Por volta das seis horas da manhã da sexta-feira, o
vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, foi à televisão
nacional e emitiu um breve comunicado dizendo que o presidente
Hosni Mubarak, que durante 30 anos governou o Egito como um ditador,
renunciou e deixou um grupo de generais, o Conselho Supremo das
Forças Armadas, na direção da nação.
O Egito irrompeu em alegria com a renúncia de Mubarak.
Uma multidão de milhões espalhou-se por quilômetros
em todas as direções a partir da Praça Tahrir
do Cairo explodindo em canto, dança, e lágrimas
de alegria. Cenas semelhantes ocorreram por todo o Egito, incluindo
uma manifestação de centenas de milhares de pessoas
em Alexandria.
A partida de Mubarak veio após 18 dias de manifestações
e greves que aumentaram e diminuíram, mas que geralmente
tinham crescido em tamanho e alcance, apesar da brutal repressão
do regime. Nesta fase da luta, pelo menos 300 foram mortos
o número real é sem dúvida muito maior
e milhares foram presas e "desapareceram".
O momento decisivo veio quarta-feira e quinta-feira, quando a
classe trabalhadora egípcia tomou a frente, parando todos
os setores da economia parcial ou completamente.
A onda de greves impulsionou o Exército egípcio
a finalmente avançar contra Mubarak. Até então,
a administração Obama apoiou Mubarak, temerosos
de que sua remoção espalhasse o contágio
revolucionário para além Egito e preparasse o terreno
para um confronto entre os trabalhadores egípcios e os
militares, que não seriam solícitos nem capazes
de dirigir as insatisfações sociais e democráticas
das massas.
Havia muitos indícios em seu discurso televisionado na
noite de quinta-feira de que Mubarak iria anunciar a sua demissão.
No começo do dia o Conselho Supremo Militar da nação
se reuniu diante das câmeras de televisão, na ausência
evidente de Mubarak e Suleiman, e emitiu um documento intitulado
"Comunicado nº 1", que sugeria que um golpe de
Estado tinha acontecido. No mesmo dia, um general apareceu na
Praça Tahrir e disse aos manifestantes que suas demandas
seriam atendidas.
Enquanto isso, nos EUA, o diretor da Agência Central de
Inteligência (CIA), Leon Panetta, disse ao Congresso que
ele esperava que Mubarak caísse no final do dia.
Quando Mubarak apareceu na televisão na quinta-feira e
insistiu de maneira provocativa que concluiria seu mandato, enquanto
delegava mais autoridade para Suleiman, ex-oficial de cúpula
da inteligência do país e um colaborador próximo
dos EUA e Israel, o palco estava armado para uma explosão
social.
Até ter feito seu pronunciamento, não ficou claro
se Mubarak renunciaria ou não. Na parte da manhã,
o conselho militar emitiu outro comunicado, o "Comunicado
nº 2," apoiando o discurso do ditador da noite anterior.
O documento indicou que os militares manteriam a sua fidelidade
a Mubarak indefinidamente. A administração Obama
mais uma vez se recusou a pedir a renúncia de Mubarak publicamente.
Mas o discurso de Mubarak só aprofundou a determinação
da população. A manifestação de sexta-feira
concentrada na Praça Tahrir foi a maior até agora.
As manifestações eclodiram em outras partes do Cairo,
capital do Egito e sua maior cidade, inclusive ao redor do palácio
de Mubarak e da sede da odiada rede de televisão estatal.
Na parte da tarde, foi relatado que Mubarak e sua família
haviam deixado a cidade para o seu palácio em Sharm el-Sheikh,
no Mar Vermelho.
Contingentes fortemente armados do Exército egípcio
estavam estacionados por toda a cidade, aumentando o espectro
de um confronto sangrento, mas com o passar do dia aumentou a
confraternização entre manifestantes e soldados
de baixa patente.
Alexandria, a segunda maior cidade do Egito, também viu
o seu maior protesto na sexta-feira, uma manifestação
que chegou a centenas de milhares e serpenteava ao longo de quilômetros
da costa mediterrânea. O palácio de Mubarak em Alexandria
também se tornou um ponto central da manifestação.
Na cidade industrial de Suez, uma multidão estimada em
dezenas de milhares de pessoas se reuniu em torno de dez edifícios
do governo. No Sinai, a cidade de El-Arish foi palco de confrontos
armados entre manifestantes e a polícia. A polícia
disparou armas de fogo, e os manifestantes responderam atirando
bombas incendiárias e incendiando carros da polícia.
O governador de uma província no sul do Egito foi forçado
a fugir da região em face dos protestos violentos na parte
da manhã.
Acredita-se que o gabinete de Mubarak foi ou vai em breve ser
dissolvido, como foram ambas as casas superior e inferior do parlamento.
Parece que o vice-presidente Suleiman, o favorecido herdeiro tanto
dos EUA como de Israel, não vai assumir a presidência.
O atual partido no governo, o Partido Democrático, também
mostrou sinais de dissolução, com o seu presidente
anunciando a sua demissão minutos antes da renúncia
de Mubarak ser anunciada.
Pouco se sabe neste momento quais são os passos que o regime
militar irá tomar. O "Comunicado nº 3",
emitido pelo comando militar após a renúncia de
Mubarak, diz apenas que eles estavam "estudando" como
poderiam atender as demandas da população. Eles
não suspenderam o estado de emergência que tem governado
ininterruptamente o país durante décadas, dizendo
que ele só seria suspenso após os protestos terem
terminado.
Os principais partidos e figuras de oposição, incluindo
Mohammed El Baradei e a Irmandade Muçulmana que
têm trabalhado sistematicamente para conter os protestos
têm insistido que os militares devem participar de
qualquer governo. No fim da noite de quinta, desesperado, El Baradei,
pediu que os militares interviessem para impedir o aprofundamento
da revolução. "O Exército deve agora
salvar o país", ele disse após o discurso de
Mubarak, na noite de quinta-feira. "Eu apelo ao Exército
egípcio imediatamente intervenha para salvar o Egito. A
credibilidade do Exército está em jogo."
Depois de Mubarak partir, El Baradei declarou vitória.
"O país foi libertado após décadas de
repressão", disse ele.
Não há na verdade a menor possibilidade de que um
governo apoiado pelos militares possa satisfazer as exigências
das massas egípcias por empregos, bons salários
e moradia. O governo militar egípcio é em si profundamente
comprometido com a ordem existente. Suas principais figuras são
profundamente integradas às empresas privadas, e tem sido
por mais de três décadas o principal pilar do regime
de Mubarak.
A pretensão dos militares ao poder, com o apoio da administração
Obama e das forças políticas burguesas como El Baradei
e a Irmandade Muçulmana, só poderia estabelecer
patamares para uma nova fase da luta do povo egípcio.
[Traduzido por movimentonn.org]
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