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Após bilionária injeção de dinheiro
público, lucros dos bancos americanos voltam aos valores
pré-crise
Por Barry Grey
17 de setembro de 2010
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Os lucros dos bancos dos EUA voltaram aos valores pré-crise
no segundo trimestre deste ano, segundo um relatório divulgado
na terça-feira pelo Federal Deposit Insurance Corporation
(FDIC- Agência Federal de Garantia de Depósitos Bancários),
agência reguladora que resguarda os depósitos dos
consumidores nos bancos comerciais.
Os lucros relatados pelos 7.830 bancos supervisionados pela
FDIC totalizaram US$ 21,6 bilhões no período de
três meses encerrado em junho, comparado a um prejuízo
de US$ 4,4 bilhões no segundo trimestre de 2009. Foi o
maior lucro trimestral dos bancos desde o terceiro trimestre de
2007, quando o mercado de créditos hipotecários
subprime começou a entrar em colapso.
O aumento do lucro avançou de maneira desproporcional
para grandes bancos do país, que foram os maiores beneficiários
da política de resgate dos governos Bush e Obama. A mesma
pesquisa da FDIC relatou um aumento no número de bancos
falidos e daqueles em risco de falir, predominantemente entre
os bancos de pequeno e médio porte.
Durante o trimestre, o número de bancos na lista de
"bancos com problemas" da FDIC atingiu o nível
mais alto em 17 anos, passando de 775 no primeiro trimestre para
829 no final de junho. Mais de um décimo dos bancos EUA
estão agora na lista.
Até este momento de 2010, 118 bancos faliram, muito
à frente do ritmo do ano passado, de 140 bancos cassados
pelas autoridades reguladoras. Havia 104 bancos a menos no segundo
trimestre do que no primeiro trimestre deste ano.
O aumento dos lucros em grandes bancos ocorreu durante o mesmo
trimestre que registrou uma desaceleração acentuada
do crescimento econômico dos EUA e um aprofundamento da
crise social que confronta dezenas de milhões de trabalhadores
americanos. Nos últimos três meses, o mercado imobiliário
entrou em colapso, a manufatura enfraqueceu e as insatisfações
dos desempregados aumentaram.
No mês passado, o Departamento de Comércio reduziu
a sua estimativa de crescimento do produto interno bruto no segundo
trimestre de 2,4% para 1,6% - uma taxa pífia que somente
garante um novo aumento da taxa oficial de desemprego, atualmente
em 9,5%.
O fato de que os bancos estão buscando aumentar seus
lucros no meio dessa podridão econômica comprova
o foco único de ambos os governos Bush e Obama em proteger
a elite financeira das conseqüências da falência
financeira causada pela sua própria imprudência e
criminalidade.
Centenas de bilhões de dólares dos fundos públicos
foram entregues aos bancos, a maior parte indo para as maiores
empresas de Wall Street, enquanto a administração
de Obama e ambos os partidos políticos afirmam que "não
há dinheiro" para os programas de governo de criação
de emprego ou de alívio para os desempregados e aqueles
que enfrentam desastres como a falência, o fechamento de
serviços públicos ou a perda do seguro de saúde.
A operação de resgate dos bancos foi projetada
e presidida por membros de Wall Street, como o secretário
do tesouro de Bush, o ex-diretor executivo da Goldman Sachs,
Henry Paulson, e o secretário do tesouro de Obama, o ex-presidente
da Federal Reserve de Nova Iorque (BC dos EUA), Timothy Geithner.
Eles trabalharam com o propósito de aumentar a concentração
do sistema financeiro, favorecendo grandes empresas e empurrando
as pequenas para o abismo.
O governo planejou e subsidiou a aquisição do
Bear Stearns e do Washington Mutual pelo JPMorgan
Chase, do Merrill Lynch pelo Bank of America
e do Wachovia pelo Wells Fargo, e permitiu a falência
do ícone de Wall Street, Lehman Brothers.
Com isso, os cinco principais bancos controlam mais depósitos
e ativos do que nunca.
Ao mesmo tempo, o Federal Reserve manteve a sua taxa de juros
perto de zero, permitindo que os grandes bancos peguem dinheiro
praticamente de graça e, em seguida, emprestem-no de volta
ao governo a uma taxa mais elevada, garantindo enormes lucros.
Por outro lado, o precedente dos resgates governamentais de empresas
consideradas "grandes demais para falir" permitiu que
os maiores bancos contraiam empréstimos no mercado financeiro
a taxas substancialmente inferiores às pagas pelas instituições
menores.
O Tesouro entregou os dólares do contribuinte para os
bancos sem nenhuma restrição. Os bancos foram autorizados
a usar o dinheiro como quisessem, e não foram nem obrigados
a informar ao governo sobre a forma de como o seu dinheiro estava
sendo utilizado.
Os bancos optaram por usar o dinheiro para aumentar as suas
atividades especulativas, continuar pagando bônus multimilionários
aos altos executivos e acumular um tesouro acima de suas reservas
de capital exigidas, estimadas em US$ 1 trilhão. Eles reduziram
drasticamente seus empréstimos a consumidores e a pequenas
empresas, contribuindo assim para o enfraquecimento da economia
e o aprofundamento da crise do emprego.
A FDIC informou que, no segundo trimestre, os empréstimos
massivos dos bancos e arrendamentos diminuíram US$ 95,7
bilhões, ou 1,3%, em meio a grandes quedas no setor de
construção civil e nos cartões de crédito.
Os saldos de empréstimos imobiliários comerciais
caíram 8,3 % e os saldos de cartões de crédito
diminuíram em cerca de 2,5 %. Créditos hipotecários
também caíram.
Grande parte do aumento nos lucros dos grandes bancos veio
da redução de suas reservas de capital, aumentando
assim o risco de crises futuras. A FDIC informou que os grandes
bancos cortaram durante o trimestre cerca de US$ 11,8 bilhões
do dinheiro destinado às reservas.
O mercado de ações dos EUA comemorou o relatório
de lucro dos bancos com um alarde de compras. O índice
Dow Jones subiu 254,75 pontos na quarta-feira, um ganho
de 2,5 %. Ambos os índices Standard & Poor's 500
e o índice composto Nasdaq subiram ainda mais, em
termos percentuais.
O índice financeiro do S&P 500 subiu 3,9%, com a
alta de 6,1% do Bank of America, de 3,7% do Citigroup
e de 3,8% do JPMorgan Chase.
A imprensa especializada atribuiu em grande parte o aumento
do mercado de ações aos relatórios de aumento
da produção na China e nos EUA, que foram um pouco
melhor do que o previsto. Os mercados, evidentemente, preferiram
ignorar a pesquisa mensal da Automatic Data Processing Inc.
(ADP), que apresentou uma redução líquida
de 10.000 empregos no setor privado dos EUA em agosto, a primeira
queda mensal desde janeiro.
O relatório da ADP disse que as empresas produtoras
de bens de consumo cortaram 40.000 empregos, número maios
do que os 30 mil postos de trabalho criados pelas empresas de
serviços.
Uma outra pesquisa feita pelo Departamento de Comércio
relatou uma queda de 1% nas despesas de construções
em julho para o menor nível em dez anos. Os gastos foram
de 10,7% abaixo dos níveis do ano anterior.
Também nesta quarta-feira, as montadoras de carros norte-americanas
registraram vendas drasticamente menores em agosto. As vendas
de automóveis caíram 21% em média, em comparação
com o ano anterior, e 5 % do nível de julho. As vendas
da General Motors declinaram 24,5% desde agosto de 2009
e as vendas da Ford caíram 11%.
(traduzido por movimentonn.org)
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