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OECD prevê desaceleração da economia mundial
Por Tom Eley
17 de setembro de 2010
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As economias do grupo G-7 de países industrializados
crescerão muito mais devagar no restante do ano de 2010
do que anteriormente previsto, de acordo com um relatório
divulgado pela Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O crescimento dentro do G-7 em termos de PIB, uma medida do
valor de mercado total de todos os bens e serviços produzidos
em um país, deve cair para 1,4% no terceiro trimestre e
1% no último trimestre. Isso continuaria uma tendência
de declínio nas economias combinadas dos EUA, Japão,
Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e
Canadá, que coletivamente caíram de um crescimento
de 3,2% no primeiro trimestre para um de 2,5% no segundo.
A nova estimativa de crescimento marca uma revisão significativa
das previsões relativas ao G-7 feitas apenas três
meses atrás. O G-7 é responsável por mais
da metade do PIB mundial.
Em maio, a OCDE estimou que os EUA, a maior economia do mundo,
veriam um crescimento de 2,8% e 2,7% para o terceiro e o quarto
trimestres, respectivamente. O novo relatório estima um
crescimento de 2% e 1%, no mesmo período.
Muitos economistas acreditam que a economia dos EUA precisa
crescer numa taxa anual de mais de 3% para reverter significativamente
as catastróficas perdas de postos de trabalho dos últimos
três anos. Uma taxa de crescimento de menos de 2% irá,
muito provavelmente, significar um crescimento renovado do desemprego,
que segundo dados oficiais atinge 9,6% da força de trabalho.
A redução mais significativa das taxas de crescimento
deve acontecer na Alemanha, a principal economia da Europa, que,
segundo previsões, deve cair de um crescimento de 9,0%
no segundo trimestre para apenas 0,7% no terceiro e 1,1% no quarto.
"No caso da Alemanha, o que impulsiona a desaceleração
é o setor de construção, mas também
a contração dos manufaturados", disse Pier
Carlo Padoan, economista-chefe da OCDE. "O crescimento forte,
orientado para as exportações da Alemanha pode estar
desacelerando".
O Japão, segunda maior economia até ter sido
ultrapassado pela China neste ano, manterá sua estagnação
de duas décadas, segundo a OCDE, contando com um crescimento
de somente 0,7% e 0,6% nos dois últimos trimestres de 2010.
Os crescimentos da França e da Itália, segunda
e terceira economias da zona do euro, devem cair para quase zero
ou mesmo crescimento negativo. Se antecipa que o crescimento na
França caia de 0,7% no terceiro trimestre para 0,3% no
quarto, enquanto a economia italiana encolherá em 0,3%
no terceiro quarto antes de retornar para um crescimento de 0,1%
no trimestre final.
As economias britânica e canadense devem superar suas
contrapartes, ambas com um crescimento médio de pouco mais
de 2% nos seis meses finais do ano. Essas taxas de crescimento,
ainda assim, representam declínios significativos quanto
ao crescimento de mais de 4,9% do Reino Unido registrado no segundo
trimestre e o crescimento impulsionado pelas exportações
de 5,8% obtido pelo Canadá.
Resumindo os dados uniformemente negativos, o OCDE ainda procurou
deixar algum espaço para ambigüidades. "Ainda
não está claro se a perda de momentum da recuperação
é temporária ...ou se ela sinaliza para fraquezas
subjacentes ainda maiores nos gastos privados numa época
em que o apoio das políticas estatais está sendo
removido", o relatório declarou.
O relatório é concluído com um aviso:
"Se a desaceleração reflete forças duradouras
agindo negativamente sobre a atividade econômica, estímulos
monetários adicionais podem ser garantidos sob a forma
de uma facilitação quantitativa e comprometimento
com uma política de taxas de juros quase-zero por um longo
período. Onde as finanças públicas permitirem,
a consolidação fiscal planejada pode ser adiada."
As políticas dos governos mundiais estão indo
precisamente na direção oposta. Tendo resgatado
coletivamente a indústria financeira global à melodia
de dezenas de trilhões de dólares, em todo grande
país industrializado a "consolidação
fiscal" está sendo imposta sobre a classe trabalhadora
na forma de cortes a todos os tipos de gastos sociais e de um
ataque coordenado contra os salários.
O relatório da OCDE foi seguido por uma declaração
da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (OPEP) antecipando um crescimento limitado da
demanda pelo óleo. A OPEP espera que a demanda de petróleo,
de fato, caia na Europa Ocidental durante os seis últimos
meses do ano.
"A presente situação econômica nos
países mais desenvolvidos é desencorajadora",
a OPEP declarou.
"O fato de que alguns países de OCDE não
mais possam pagar por planos de estímulo provavelmente
pressionará suas economias na segunda metade deste ano,
levando a uma demanda de petróleo mais fraca comparada
com a da primeira metade".
Embora o relatório da OCDE se focasse no G-7, ele descobriu
que o decréscimo na produção manufatureira
observado nos países mais ricos é espelhado por
desenvolvimentos similares nas economias em desenvolvimento (BRIC)
do Brasil, Rússia, Índia e China.
O relatório também descobriu que o volume de
trocas comerciais se contraiu nos meses recentes depois de uma
recuperação com relação ao ponto baixo
atingido ao final de 2007; que os valores de propriedades imobiliárias
na maioria dos 33 países da OCDE novamente começaram
a estagnar ou erodir, e que tanto nos EUA quanto na zona do euro
as taxas de desemprego se estabilizaram em cerca de 10%.
Significativamente, o relatório documenta que os investimentos
empresariais agregados nos EUA, na zona do euro e no Japão
não se recuperaram do colapso de 2008, mas os lucros corporativos
nas três áreas subiram rapidamente desde meados de
2009. Em outras palavras, as corporações de todo
o mundo estão arrancando lucros enormes, mas o dinheiro
não está voltando na direção de expansão
produtiva e criação de empregos. Por exemplo, o
Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) informa que
os bancos nacionais estão sentados sobre reservas de capital
de mais de US$1 trilhão.
A desaceleração do crescimento econômico
dos EUA prevista pela OCDE foi corroborada na quarta-feira pela
divulgação dos relatórios do "Livro
Bege" do Federal Reserve Board vindos de seus 12 distritos
bancários regionais, que relataram prospectos econômicos
majoritariamente negativos.
De acordo com resumos do relatório, na região
de Nova Iorque a economia "mostrou sinais de desaceleração".
Em Clevelan, "fábricas relataram que a produção
estava ou demasiadamente estável ou decrescente".
Na região de Richmond, Virgínia, "sinais de
desaceleração ou contração da atividade
econômica se tornaram predominantes", e no distrito
bancário de Atlanta, "a atividade econômica
desacelerou".
As regiões bancárias informaram tendências
uniformemente negativas no mercado imobiliário, e a maioria
delas relatou desenvolvimentos estagnantes ou negativos nas vendas
industriais e de varejo.
O informe de quinta-feira do Departamento de Trabalho dos EUA
de que o número de requerentes inéditos de seguro-desemprego
nos EUA caiu em 27 mil para 451 mil pessoas, em relação
a semana anterior, foi comemorado como evidência de que
a economia não estava entrando em um período de
crescimento negativo. A média para quatro semanas, mais
estatisticamente confiável, caiu menos, em 9,250, para
477.750.
Os economistas, porém, acreditam que para que a estatística
de requerimentos de seguro-desemprego semanais mostre crescimento
dos postos de trabalho, teria que cair para abaixo de 400 mil.
A média para o ano todo é de 454 mil novos requerimentos
por semana.
(traduzido por movimentonn.org)
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