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Desemprego mundial entre os jovens atinge níveis recordes
Por Jordan Shilton
17 de setembro de 2010
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A Organização Internacional do Trabalho (OIT)
emitiu um relatório documentando o impacto severo da crise
econômica global sobre as expectativas do emprego da juventude
mundial. O relatório, intitulado "Tendências
Globais de Emprego para a Juventude", apresenta estatísticas
detalhadas sobre o número crescente de jovens com 15 a
24 anos que estão desempregados.
As descobertas mais impressionantes são aquelas que
mostram o rápido crescimento do desemprego juvenil a partir
da erupção da crise financeira de 2008 em diante.
Ao final de 2009, de acordo com a introdução do
relatório, o desemprego mundial entre os jovens estava
em 81 milhões. Foi um aumento de 7,8 milhões, ou
quase 10%, em relação ao final de 2007.
Em termos percentuais, o desemprego entre os jovens subiu de
11,9% para 13% durante este período, um aumento descrito
como "mais drástico do que nunca".
Em 2009 apenas, o número global de jovens sem emprego
cresceu em impressionantes 6,6 milhões. Conforme o relatório
observa, "Para colocar isso em perspectiva, no decurso do
período de 10 anos anterior à crise atual (1996-1997
até 2006-2007), o número de jovens desempregados
aumentou, em média, na taxa de 192 mil ao ano.
O relatório extrapola que essa taxa de crescimento deve
cair, mas que ao final de 2010 o desemprego juvenil global deve
estar em 13,1%. Ainda mais significativamente, o relatório
declara que, embora a taxa de desemprego deva cair levemente a
partir de 2011, não haveria retorno para os menores níveis
de desemprego do período pré-crise.
O relatório avisa sobre o perigo da juventude, alienada
do mercado de trabalho, se tornar uma "geração
perdida". Ele declara, "Numerosos estudos mostram como
a entrada no mercado de trabalho durante uma recessão pode
deixar cicatrizes permanentes na geração de jovens
afetada, e recentemente temores foram expressos com relação
a um possível legado de crise de uma geração
perdida' feita de jovens que se separam inteiramente do mercado
de trabalho".
O relatório aponta para o problema que deveria preocupar
a elite dominante num cenário como esse: "Encontrar
e motivar jovens que desistiram da esperança de um futuro
produtivo é um empreendimento caro. Ainda assim, a alternativa
de não fazer nada é ainda mais cara, quando os custos
sociais, econômicos e possivelmente até mesmo políticos
são somados".
O diretor-geral da OIT, Juan Somavia, discursou numa linha
similar, dizendo que "os jovens são os impulsionadores
do desenvolvimento econômico. Descartar esse potencial é
um desperdício econômico e pode minar a estabilidade
social".
É importante observar que o relatório da OIT
lida somente com o começo da retração econômica,
quando medidas de estímulo foram adotadas por governos
de todo o mundo. Com a mudança de foco para a austeridade
orçamentária, conforme a burguesia procura arrancar
da classe trabalhadora o dinheiro usado para resgatar os bancos,
projeta-se o aumento do desemprego em todos os países.
Conforme o relatório deixa claro, a juventude é
a seção mais vulnerável da classe trabalhadora
e suportará o maior impacto do aumento no desemprego. Em
2008, a probabilidade de que um jovem estivesse desempregado era
2,8 vezes maior do que para um adulto, e o desemprego entre os
jovens atingia a marca de 12,1% enquanto o desemprego entre a
população adulta era ainda de 4,3%. Mesmo durante
o último período de crescimento econômico
anterior à crise, entre 1998 e 2008 a porcentagem de jovens
ativos no mercado de trabalho caiu de 54,7% para 50,8%.
Depois de abordar em linhas gerais as tendências mundiais,
o estudo detalha como os jovens de diferentes regiões do
globo foram impactados. Algumas das áreas mais pobres foram
as mais atingidas.
No Sul da Ásia, um milhão de pessoas devem procurar
emprego todos os anos entre 2010 e 2015, enquanto na África
subsaariana o número é de 2,2 milhões. No
Oriente Médio e no Norte da África, 20% da população
jovem foi incapaz de encontrar emprego no ano de 2008.
Mesmo quem possui emprego nessas regiões viu sua qualidade
de vida cair. O relatório calculou que, aproximadamente
28% dos jovens que trabalham são parte dos trabalhadores
mais pobres, procurando se manter com menos de U$1,25 por dia.
No informe de imprensa publicado ao mesmo tempo que o relatório,
o diretor-geral Somavia comentou: "nos países em desenvolvimento,
a crise permeia a vida cotidiana dos pobres. Os efeitos da crise
econômica e financeira ameaçam exacerbar os já
antes existentes déficits de trabalho decente entre a juventude.
O resultado é que o número de jovens presos à
pobreza trabalhista aumenta, e o ciclo de pobreza trabalhista
persiste até a geração seguinte".
As economias desenvolvidas também sofreram. O relatório
mostra um aumento de 4,6% no desemprego entre os jovens na região
das Economias Desenvolvidas e União Européia, enquanto
na Europa Central e no Leste Europeu (fora da União Européia)
e na Comunidade de Estados Independentes a taxa de aumento foi
de 3,5%. Esses foram os maiores aumentos anuais jamais registrados.
A taxa geral de desemprego juvenil de 17,7% (2009) nas Economias
Desenvolvidas e União Européia é o maior
patamar desde os registros que começaram em 1991.
Embora somente 10% da juventude global viva nas "economias
desenvolvidas", 45% do aumento no desemprego veio dessas
economias. Nos Estados Unidos, por exemplo, o desemprego juvenil
cresceu em 8%, atingindo 18% em 2009. Na Grã-Bretanha,
o Daily Telegraph recentemente informou um aumento de 42% no desemprego
de longo-prazo entre jovens.
(traduzido por movimentonn.org)
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