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Desafiando as agressões da polícia, ntrabalhadores da Foxconn na Índia continuam em greve

Por Sasi Kumar e Nanda Kumar
7 de outubro de 2010

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Milhares de trabalhadores continuam em greve em uma fábrica de propriedade da empresa Foxconn sediada em Sriperumbudur, Taiwan, no sul do estado indiano de Tamil Nadu, apesar dos ataques violentos por parte da polícia. Em 24 de setembro, a polícia desmantelou uma ocupação por parte dos trabalhadores das instalações, espancando dezenas e prendendo de 1.200 trabalhadores durante um dia inteiro antes de liberá-los à noite.

Esta foi a segunda ocupação em Sriperumbudur reprimida pela polícia nos últimos meses. Em junho, a polícia agrediu e prendeu 300 trabalhadores que realizavam uma greve com ocupação da fábrica na cidade de propriedade da montadora de automóveis coreana Hyundai.

A Foxconn Corporation, que tem 920 mil funcionários no mundo, recentemente ganhou notoriedade internacional pelas condições brutais dentro de suas fábricas depois que 10 trabalhadores na sua fábrica chinesa de Shenzen cometeram suicídio. (Veja no wsws.org "Foxconn suicides highlight China's sweatshop conditions")

Com 7.000 trabalhadores, a Foxconn da Índia é o terceiro maior empregador industrial em Tamil Nadu, após a Hyundai e a Nokia. Trabalhadores da fábrica começaram uma ocupação em 21 de setembro. Eles exigiram que a administração negociasse um aumento salarial e aumentasse o reconhecimento de seu sindicato, Thozilalar Sangam (FITS), que é afiliado ao stalinista Partido Comunista da Índia (Marxista).

Antes desta greve, a administração, de maneira provocativa, declarou que somente reconhecia o sindicato rival, Thozilalar Munnetra Sangam (FITMS), que é filiado ao partido Dravida Munnetra Kazhagam (DMK), que atualmente governa Tamil Nadu no governo de coalizão. O DMK também faz parte do partido que lidera o Congresso, a Aliança Progressiva Unida (UPA), coligação que comanda a Índia.

O DMK abertamente se posicionou ao lado da chefia em todas as disputas dos trabalhadores no estado e não hesitou em usar táticas brutais para romper as lutas dos trabalhadores.

Dada a natureza completamente degenerada dos sindicatos filiados aos partidos políticos regionais e nacionais, o CITU stalinista foi capaz de ganhar um papel de liderança em uma série de greves. No final, no entanto, funciona como uma válvula de segurança para dissipar a raiva dos trabalhadores. O CITU chamou várias greves e empregou sua retórica militante somente para isolar essas lutas e levá-las à derrota.

Essa tática foi claramente demonstrada quando o sindicato filiado ao CITU cancelou a greve um dia após a luta começar, em 21 de setembro. Determinada a ensinar uma lição aos trabalhadores, a gestão da Foxconn recorreu a medidas punitivas, incluindo um aviso de que os grevistas teriam 8 dias de salário descontados de seu pagamento.

Em resposta a esta provocação, trabalhadores do turno da noite começaram outra greve em 23 de setembro. A empresa, então, ameaçou os trabalhadores com graves repercussões legais, emitindo uma declaração pública dizendo que "obteve uma liminar judicial proibindo os trabalhadores de realizarem tal greve ilegal, assembleias, manifestações, obstrução de pessoas, impedindo a circulação de homens e materiais, e de outros métodos e práticas destrutivos num raio de 100 metros das suas instalações."

Os trabalhadores não desistiram e aumentaram a sua luta ocupando a fábrica, levando ao ataque da polícia na sexta-feira, 24 de setembro.

Um oficial sênior da Foxconn justifica a agressão alegando que a greve era ilegal. "Os trabalhadores deveriam ter dado 8 semanas de pré-aviso para unidades localizadas em zonas econômicas especiais (ZEE), ao passo que o Sindicato do Centro Indiano (CITU) deu-nos em torno de 2 semanas de aviso."

A elite indiana criou as ZZE para atrair investimentos empresariais. Nestas zonas são oferecidos financiamento público de infra-estruturas, normas de segurança negligentes ou mesmo inexistentes, benefícios fiscais e, sobretudo, mão-de-obra barata às empresas nacionais e multinacionais. Embora as condições de trabalho na Índia, em geral, sejam brutais, as condições que confrontam os trabalhadores nas ZEE são particularmente chocantes.

Em julho, 250 trabalhadores vizinhos de uma fábrica da Foxconn precisaram ser hospitalizados depois de adoecerem na planta. Suspeita-se que os trabalhadores ficaram doentes após a inalação de inseticidas e pesticidas que a empresa pulverizava livremente nas áreas de trabalho, apesar dos perigos de saúde. A planta também não tinha ventilação adequada, expondo assim, os trabalhadores não só ao ar poluído, mas também ao calor escaldante pelo qual a região é conhecida.

Há uma crescente preocupação entre trabalhadores sobre o aumento do preço dos alimentos, cortes de empregos, privatizações e a crescente desigualdade social. Os stalinistas procuram limitar a resistência às ações do sindicato e a protestos isolados que tem como objetivo pressionar este ou aquele partido burguês.

Em Tamil Nadu, o stalinista CPM tem oscilado para frente e para trás em uma aliança entre os dois partidos reacionários que dominam a política estadual: o DMK liderado pelo clã Karunanidhi e seu rival, o All India Anna Dravida Munnetra Kazhagam (AIADMK), liderado por uma atriz que virou política, Jayalalitha.

O CPM tem aproximado Jayalalitha para montar lutas conjuntas em "questões do povo", embora ela seja uma furiosa política contra a classe trabalhadora. Em 2003, Jayalalitha demitiu centenas de milhares de funcionários do Estado depois de terem entrado em greve para exigir maiores salários e benefícios. (Veja no wsws.org "India: Tamil Nadu government continues witchhunt of strikers"). Isso não impediu que o CPM buscasse um bloco eleitoral com o AIADMK nas eleições futuras para a assembleia estadual em 2011.

A massiva resposta da classe trabalhaora indiana, a greve geral de 7 de setembro, foi uma prova de sua raiva e militância crescentes. Enquanto a imprensa indiana e estrangeira acompaham a ascensão econômica da Índia, as condições já precárias de vida da classe trabalhadora foram sufocadas pelos duplos golpes de aumento descontrolado dos preços dos alimentos e a renda em queda.

Os repórteres do World Socialist Web Site visitaram a fábrica da Foxconn, onde milhares de trabalhadores se reuniram em frente aos seus portões. O ambiente era intimidante, com uma forte presença policial, incluindo policiais à paisana. Por causa disso, os trabalhadores usavam apenas seus primeiros nomes.

Srikanth, 24, disse ao WSWS: "Tenho trabalhado nesta empresa há 4 anos. Sou pago com.4.800 rupias (104 dólares) por mês. Os salários na empresa variam de Rs. 2.900 (63 dólares) à Rs.4.800. Com o aumento da inflação, os salários estão muito baixos. O sindicato que a empresa quer é um sindicato pelego. Nós não acreditamos nele. A administração está insistindo em falar com esse sindicato."

O jovem trabalhador também falou sobre as péssimas condições no interior da planta. "A fim de explorar o trabalho barato eles trazem os trabalhadores de ônibus de muitas aldeias. Os trabalhadores são provenientes de famílias de pobres fazendeiros ou trabalhadores agrícolas. Eles gastam um prazo adicional de 6 horas de viagem todos os dias. Não há nenhuma cantina disponível para os trabalhadores dentro das instalações da usina."

"Há cerca de 400 trabalhadores contratados que vão trabalhar apesar de nossas greve por tempo indeterminado."

Srikanth disse que a gestão suspendeu 23 funcionários por participação em atividades sindicais. "Nós não temos quaisquer outros benefícios, exceto Previdência Social e Seguro Social aos Trabalhadores (ESI)."

Kasi, 23, disse: "Eles nos fazem trabalhar duro pela definição de metas. Nossa principal reivindicação é um aumento salarial e o reconhecimento de nosso sindicato. Nós exigimos um salário mensal de Rs.15.000 (326 dólares), para, após as deduções, levar para casa um pagamento de Rs.10.000 (217 dólares). Pretendemos continuar a nossa luta, senão, nosso sindicato não será reconhecido."

Susila, uma trabalhadora de 20 anos de idade disse ao WSWS: "Durante a greve, fui agredida pela polícia. Outro trabalhador começou a sangrar depois que a polícia atacou. Eu fui presa." A polícia, segundo o que a jovem trabalhadora disse, havia a assediado, perguntando provocativamente: "se eu vim para o trabalho ou outra coisa?"

Outra trabalhadora disse: "Tenho trabalhado nesta empresa há 4 anos. Eu recebo um salário mensal de Rs.3.000 (65 dólares). Meu marido trabalha em outra empresa e recebe Rs.5.000 (108 dólares) de pagamento por mês. Com o crescimento da inflação, é difícil manter nossa família com nossos salários combinados. Estou assustada com esta situação."

Apesar do ânimo militante e dos sentimentos dos trabalhadores, há todo o perigo de que o CPM stalinista e CITU irão abortar a luta, permitindo a que a chefia imponha sua vontade.

(traduzido por movimentonn.org)

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