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Lições da onda de greves e protestos na Europa

Por Alex Lantier
16 de novembro de 2010

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A traição da greve na França contra cortes de pensão do presidente Nicolas Sarkozy ressalta a necessidade de um balanço político das lutas travadas contra os cortes sociais adotados pelos governos europeus em meio à crise econômica global.

Em outubro, a eclosão de uma greve nas refinarias e nos portos da França, apoiados por protestos generalizados nas escolas, estimulou a oposição da classe trabalhadora contra Sarkozy e rapidamente levou a uma severa escassez de gasolina. As greves foram eficazes e com alta adesão popular, e o governo logo se viu isolado politicamente.

No entanto, Sarkozy teve sucesso ao utilizar a tropa de choque para quebrar a greve e tem ignorado as contínuas marchas de protesto de centenas de milhares de trabalhadores e jovens.

As greves francesas fazem parte dos estágios iniciais de um levante internacional da luta de classes, que voltou a demonstrar o imenso poder social da classe trabalhadora. No sábado, mais de 100.000 pessoas marcharam em Lisboa contra os cortes sociais do primeiro-ministro socialista José Sócrates. Ontem, um protesto estudantil em Londres, contra um aumento de três vezes no custo para estudar na universidade reuniu 50.000 manifestantes, alguns dos quais ocuparam sede do Partido Conservador e entraram em confronto com a tropa de choque.

O fato brutal, porém, é que apesar da grande oposição aos cortes sociais e da vontade dos trabalhadores e da juventude para a batalha, os trabalhadores em todos os lugares foram passados para trás.

Os governos, tanto conservadores quanto socialdemocratas, estão impondo cortes drásticos com total desprezo pela opinião pública. Trabalhadores em toda a Europa se encontram em uma batalha não só contra os seus empregadores, mas em uma luta política contra o Estado, sendo que para eles uma perspectiva inteiramente nova e novas organizações de luta são necessárias.

A principal razão para a derrota dos trabalhadores foi a perspectiva falida da política de pressão a que são impostos pelos sindicatos e pelos atuais partidos de “esquerda”. Essa perspectiva não tem nada a oferecer sob condições nas quais o Estado e a classe dominante, impulsionados por uma crise capitalista sem precedentes desde os anos 1930, não pretendem ceder nada.

Na Grécia, como em Portugal e na Espanha, sindicatos convocaram um dia nacional de protestos, aparentemente destinado a pressionar o governo socialdemocrata para modificar os cortes que foram impostos para satisfazer os seus credores durante a crise da dívida grega nesta primavera. Previsivelmente, o governo, que é apoiado pelos sindicatos, ignorou os protestos, que ocasionou apenas uma breve interrupção da vida econômica.

Os resultados têm sido desastrosos para os trabalhadores. Segundo as estimativas da imprensa, os trabalhadores gregos tiveram, em média, um corte de 30% do salário.

Na França, o governo e a imprensa trataram protestos semelhantes com desprezo. Um comentarista disse ao Le Monde que eles eram "um episódio no processo de produção das reformas." Um oficial do sindicato, buscando expressar a frustração dos trabalhadores com a impotência de tais protestos, explicou que eles estavam "fartos de simplesmente passear pelas ruas".

Ex-partidos da esquerda da classe média, como o SYRIZA na Grécia, ou o Novo Partido Anticapitalista na França, no entanto, insistiram que a principal tarefa dos trabalhadores na luta contra os cortes estava aparecendo em grande número nessas manifestações. Com esta política cínica, que tentou apelar para o desejo da população de lutar contra os governos reacionários enquanto, ao mesmo tempo, canalizava-o para trás os sindicatos, apesar da crescente frustração da classe trabalhadora com o beco sem saída de protestos organizados pelos sindicatos.

A eclosão de prolongadas lutas industriais pela classe trabalhadora rasgou a máscara dessas organizações, que em tempos de luta real funcionam como as agências do estado. Na Grécia, os sindicatos, apoiaram abertamente o uso elo candidato do PASOK do exército para reprimir a greve dos caminhoneiros de julho e agosto. Sindicatos franceses não fizeram nenhum movimento para organizar greves de solidariedade para suspender as medidas de Sarkozy contra as greves das refinarias no mês passado.

Em outros lugares, os sindicatos se recusaram a organizar mesmo protestos simbólicos. Na Irlanda, em abril, os sindicatos do setor público negociaram um compromisso de 4 anos sem greve, enquanto o Estado prepara demissões em massa e ataques às condições de trabalho.

Na Grã-Bretanha, os sindicatos não fizeram planos para uma greve nacional para protestar contra as políticas do governo do recém-eleito primeiro-ministro, David Cameron. Ele se comprometeu a fazer um corte de £ 83 bilhões de gastos, incluindo a eliminação de 500.000 empregos no setor público, que provavelmente levará a perdas de emprego massivas, na casa dos 3 milhões.

Os partidos da classe média são cúmplices da traição por seu silêncio sobre a política dos sindicatos de isolar os grevistas e suprimir a luta de classes. Isto está ligado a sua oposição a qualquer movimento da classe trabalhadora que escape do estrangulamento dos sindicatos.

A questão mais crítica é o desenvolvimento da perspectiva política e de novas organizações necessárias para chamar amplas camadas da classe trabalhadora para a luta política industrial contra os governos capitalistas na Europa e internacionalmente. Por esta razão, o WSWS convida os trabalhadores a formarem comitês de ação independentes dos sindicatos e baseados em uma luta por políticas socialistas.

Os ganhos sociais do pós-guerra conquistados pelos trabalhadores em toda a Europa Ocidental estão sendo retalhados, conforme a classe dominante se enriquece, forçando os trabalhadores a uma espiral de competição contra os seus irmãos de classe na Europa e no mundo. Isto está combinado com o desenvolvimento do chauvinismo anti-muçulmano e anti-imigrante na Europa, para envenenar o clima político e dividir a classe trabalhadora.

As lutas dos trabalhadores contra a austeridade não são lutas nacionais, mas europeias e mundiais e devem ser combatidas nessa base. Os trabalhadores não podem defender os seus padrões de vida através da pressão sobre os governos por meio de organizações que servem à classe dominante. Nem é uma questão de trazer governos burgueses alternativos ao poder individualmente em cada país, sob condições em que todos os partidos estão empenhadas em impor cortes históricos.

Os trabalhadores devem lutar para derrubar os governo burgueses antidemocráticos, como parte de um esforço internacional para estabelecer governos dos trabalhadores baseados em políticas socialistas. Na Europa, o programa deve basear-se na derrubada do capitalismo da União Europeia e no estabelecimento dos Estados Unidos Socialistas da Europa. Esta luta, por sua vez, está ligada à luta pelo poder dos trabalhadores e do socialismo internacional.

A classe trabalhadora enfrenta a tarefa de se organizar e construir um partido para travar uma luta política contra a ofensiva internacional e contra a aristocracia financeira. O World Socialist Web Site encoraja os trabalhadores na Europa e em todo o mundo a ler a sua cobertura, entrar em contato com o WSWS, e a lutar para construir o Comitê Internacional da Quarta Internacional como o partido revolucionário da União Europeia e da classe trabalhadora mundial.

[traduzido por movimentonn.org]

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