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1º de maio 2010

Por Peter Symonds
6 de maio de 2010

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Publicado originalmente em inglês no 1º de maio de 2010.

O primeiro de maio de 2010 acontece em meio a sinais inconfundíveis do ressurgimento da luta de classes. De país em país, os trabalhadores enfrentam o desemprego crescente, a evisceração de serviços essenciais como saúde e educação, a erosão das condições de trabalho e os ataques aos direitos democráticos essenciais. Agora eles começam a revidar.

Com o manifesto fracasso do capitalismo, a mensagem essencial do primeiro de maio - de a classe trabalhadora internacional se unir na luta pelo socialismo mundial - tornou-se uma necessidade urgente. A crise econômica mundial que eclodiu em 2008 levanta o espectro da década de 1930: o desemprego em massa permanente, o empobrecimento de amplas camadas da classe trabalhadora e do direcionamento para novas guerras cada vez mais terríveis.

A crise econômica que eclodiu em Wall Street entrou em uma segunda fase, mais nociva. Os trilhões de dólares injetados pelos governos de todo o mundo nos grandes bancos e corporações para evitar suas quebras agora aparecem nas contas do governo como enormes dívidas soberanas. A resposta universal nos círculos dominantes é que os trabalhadores devem ser obrigados a pagar por uma crise pela qual eles não têm qualquer responsabilidade.

A atenção inicial está voltada para a Grécia, onde o governo Papandreou se prepara para impor outro, mais severo, pacote de medidas de austeridade para cortar salários, pensões e serviços, e impor aumentos de impostos. Mas, com Espanha e Portugal já sob a pressão dos mercados financeiros, os comentaristas econômicos estão especulando com nervosismo onde o "contágio" vai se espalhar em seguida. Nenhum país está isento: Grã-Bretanha, EUA e Japão, todos estão sentados cambaleantes sobre enormes montanhas de dívidas. Embora superficialmente a China apareça como uma exceção, o seu crescimento febril, artificialmente estimulado pelos gastos de estímulo, criou enormes bolhas especulativas que inevitavelmente explodirão.

O tamanho dos valores a serem restituídos pela classe trabalhadora é ressaltado pela dimensão do colapso financeiro em si. Em 2008-9, a perda estimada de riqueza global foi de mais de $ 25 trilhões de dólares, quase 45% do PIB mundial. O apoio direto dos governos para sustentar o sistema financeiro somou cerca de um quarto do PIB global. Em ambos, EUA e Reino Unido, ele foi perto de três quartos do PIB. A Grécia é, portanto, o caso de teste para uma agenda global.

As contradições fundamentais do capitalismo - entre a produção socializada e a apropriação privada dos meios de produção, e entre a economia global e o obsoleto sistema capitalista Estado-nação -, primeiramente identificadas por Karl Marx há mais de 150 anos, vieram à tona da vida econômica e política. A internacionalização sem precedentes da produção ao longo dos últimos 30 anos garantiu que a crise assumisse um caráter global desde o início.

Tensões de classe estão rapidamente se aguçando. Os sinais mais reveladores aparecem no centro do capitalismo mundial - os Estados Unidos - onde a aristocracia financeira continua a engordar a si mesma por meio de atividades parasitárias que jogaram milhões de americanos para fora de seus empregos, fora de suas casas e, em muitos casos, para as ruas. A orientação do governo Obama como o instrumento político dessa elite rica é preparar o cenário para explosivas batalhas de classe.

Enquanto isso, a crise econômica está agravando as tensões entre as grandes potências uma vez que cada uma pretende se desvencilhar à custa de suas rivais. A crise grega já está tencionando as relações no seio da Europa, levantando uma interrogação sobre a viabilidade do euro e de todo o projeto da unidade européia. Demandas nos EUA para aumento das tarifas contra a China ameaçam desencadear uma completa guerra comercial. Por toda parte as políticas venenosas do nacionalismo e do chauvinismo anti-imigração estão sendo incitadas para dividir os trabalhadores e desviar a atenção das questões de classe fundamentais.

Rivalidades inter-imperialistas estão alimentando o aumento do militarismo e da guerra. Os esforços dos EUA para conter o seu declínio histórico através do uso da força militar já tiveram um impacto profundamente desestabilizador sobre a política mundial. Sob a égide de sua falsa "guerra ao terror", Washington está procurando controlar a região estratégica do Oriente Médio e da Ásia Central. Os EUA fazem ameaças contra o Irã ao mesmo tempo em que continuam a sua guerra criminosa no Iraque, Afeganistão e Paquistão. Numerosos focos de tensão regional têm o potencial de desencadear um incêndio internacional catastrófico.

Assim como as contradições do capitalismo estão conduzindo o mundo para a depressão e a guerra, elas também criam as condições objetivas para uma solução progressiva. Como Marx explicou, no seu próprio processo de desenvolvimento, o capitalismo cria seus próprios coveiros - a classe trabalhadora internacional - portadores de um novo e mais elevado tipo de sociedade, o socialismo. A globalização da produção durante as últimas três décadas criou um grau sem precedentes de integração da classe trabalhadora de todas as nações. Além disso, embora a incorporação de centenas de milhões de trabalhadores chineses e indianos nos circuitos da exploração capitalista aumentou os lucros no curto prazo, ela tem reforçado imensamente o peso social da classe trabalhadora.

Trabalhadores em todos os países enfrentam os mesmos inimigos: as corporações globalmente organizadas, bancos e instituições financeiras. Trabalhadores em Portugal e na Espanha já se juntaram a seus pares gregos na luta contra o programa de austeridade dos seus governos. Na Índia, centenas de milhares de trabalhadores se engajaram nas lutas contra o mesmo programa de privatizações, cortes salariais e demissões. Lutas menores, mas não menos significantes, irromperam em muitos outros países.

Em todos os casos, os trabalhadores têm enfrentado obstáculos políticos semelhantes: os sindicatos e partidos social-democratas e stalinistas, apoiados pelos seus defensores nos vários grupos de ex-esquerdistas e ex-radicais. Todos eles procuram subordinar a classe operária às demandas do Estado capitalista sob condições em que os trabalhadores só podem defender seus direitos mais básicos através de uma luta pelo poder político que visa abolir o capitalismo e remodelar a sociedade nos moldes socialistas. Isso inevitavelmente os leva a um conflito direto com os velhos aparatos burocráticos e seus puxa-sacos "esquerdistas".

Em 1938, no programa de fundação da IV Internacional, Leon Trotsky respondeu aos céticos que questionavam a capacidade revolucionária da classe operária: "A orientação das massas está determinada, de um lado, pelas condições objetivas do capitalismo que se deteriora; de outro, pela política traidora das velhas organizações operárias. Destes dois fatores, o fator decisivo é, sem duvida, o primeiro: as leis da História são mais poderosas que os aparelhos burocráticos."

Há mais de 70 anos, os reformistas e diversos aparelhos stalinistas, que aproveitaram uma nova concessão de vida durante o boom econômico que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, quer cessaram ou cambalearam em um estado avançado de decomposição. Mas a estrada para o socialismo não é inevitável nem automática. Sem um programa e direção revolucionários, mesmo as lutas mais explosivas não terão rumo, se dissiparão, permitirão que o inimigo de classe se reagrupe e abra a porta para a reação política.

No primeiro de maio de 2010, o Site Socialista de Interligação Mundial (WSWS) e o Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI) enviam sua saudação fraternal aos trabalhadores e jovens de todo o mundo que lutam para defender os seus padrões de vida e os direitos fundamentais. O CIQI é o único movimento político sobre a face do planeta que luta pelo programa do internacionalismo socialista e representa os verdadeiros princípios do primeiro de maio. Chamamos os trabalhadores e jovens que procuram uma saída aos desastres produzidos pelo capitalismo para se juntarem a nós e construírem este partido internacional como a direção revolucionária necessária para os levantes revolucionários à frente.

([traduzido por movimentonn.org)

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