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Como o Partido Comunista Grego acoberta os cortes de Papandreou
Por Alex Lantier
25 de maio de 2010
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Repórteres do WSWS compareceram a um ato realizado em
15 de maio pelo Partido Comunista da Grécia (KKE). O ato
foi convocado em resposta aos cortes sociais implementados pelo
Primeiro-Ministro, George Papandreou, em meio à crise da
dívida grega e do resgate do FMI e da UE.
O KKE e o PAME, as seções filiadas ao KKE do
sindicato do setor privado grego GSEE, são partes integrantes
de um sistema político que está determinado a reduzir
o nível de vida da classe trabalhadora. Sua especialidade
é justificar as suas políticas de direita com o
nacionalismo grego, enquanto colocam como opositores do governo
uma estagnada defesa stalinista contínua das políticas
da burocracia soviética, antes que elas liquidassem a URSS.
O ato ocorreu pouco antes do KKE ter realizado a sua discussão
de 17 de maio com o principal partido conservador, Nova Democracia
(ND), sobre como reagir à crise da dívida.
Antes do ato repórteres do WSWS falaram com Chrysoula
Lamboudi, chefe do Secretariado de Imigrantes e Mulheres no escritório
nacional do PAME. Ela descreveu o impacto dos cortes como "rasgar
as conquistas da classe trabalhadora". Entretanto, ela em
grande parte isentou de culpa o PASOK - alegando que Papandreou
não tinha muita escolha, pois as medidas são
determinadas fora da Grécia".
Perguntada se o PAME pretende buscar apoio internacional, Lamboudi
disse que "queria que o movimento sindical de outros países
desenvolvesse ao mesmo tempo linhas similares" aos sindicatos
gregos. Ela disse que, entretanto, o movimento de classe
em outros países é muito fraco". Tendo sustentado
os sindicatos gregos como modelos para os trabalhadores de todo
o mundo, Lamboudi fez um retrato devastador da forma como eles
trabalham com o Estado para saquear a classe trabalhadora.
Repórteres do WSWS observaram que, na França,
documentos tratam de um "co-governo" entre o Presidente
Nicolas Sarkozy e o líder sindical da CGT, Bernard Thibault,
e perguntaram se havia algum paralelo na Grécia. Ela respondeu:
"Sim, há uma frente comum entre o GSEE e o governo.
[Presidente do GSEE, Yiannis] Panagopoulos critica-os na televisão,
mas dá passos para trás ao invés de colocar
a culpa no governo. Demissões, cortes salariais - eles
dizem sim, isto é necessário'; em vez de lutar
contra o aumento dos preços, eles elaboram listas de lojas
com desconto onde as pessoas podem fazer compras."
Perguntada por que o GSEE toma tais posições,
ela disse: "A maioria do GSEE está no PASOK".
Ela disse que Panagopoulos é membro PASOK e ganha
200.000 por ano por participação em vários
comitês estaduais.
Falando das reuniões com o governo, Lamboudi disse:
"Todo mundo é notificado dos planos de governo; o
conteúdo das conversas com o governo não é
discutir o que vai acontecer, mas a melhor forma de aplicar as
medidas" que o Estado já decidiu. As medidas incluem
a implementação de "práticas de trabalho
mais flexíveis e horários de trabalho", explicou
ela.
O PAME também tem um número de posições
de liderança nos organismos do GSEE. Descrevendo suas diferenças
com o resto do GSEE, ela disse que outros "sindicatos participam
em todas as negociações com o governo. ... [Eles]
discutem a flexibilização das práticas de
trabalho, eles concordam com elas, dizendo que é melhor
para os trabalhadores". O PAME se retira durante essas discussões,
explicou ela, mantendo reuniões separadas" em
seu lugar. Isto não exclui trabalhar com o resto do GSEE,
ela observou: "Quando tentamos organizar eventos, nós
esperamos que todos venham, por conveniência."
O retrato do papel do PAME pintado por Lamboudi é proporcionar
um escudo de retórica pseudo-esquerdista em torno da colaboração
do GSEE com o governo. Ela disse: "Outras organizações
têm exigências mais limitadas, ao passo que chamamos
segurança no emprego e trabalho para todos, o GSEE diz
que quer mais oportunidades para a alocação de trabalho"
para os trabalhadores demitidos. Ela acrescentou que o PAME propôs
sem sucesso para o resto do GSEE que a greve nacional de um dia
em 20 de maio durasse dois dias.
Lamboudi sabia que essa retórica não abordava
as ameaças aos trabalhadores pela crise da dívida,
mas disse que não havia alternativa política. Quando
os repórteres do WSWS observaram que greves curtas e esporádicas
não pararam os cortes de Papandreou, ela disse: "Eu
reconheço, é difícil".
Ela insistiu que uma solução política
era de se esperar para um futuro indefinido: deveria haver o "poder
do povo", mas que é "muito cedo para falar sobre
isso". Lamboudi disse que os trabalhadores estão politicamente
"entorpecidos" devido à propaganda do PASOK e
do GSEE, uma caracterização que contrastava fortemente
com a esmagadora oposição ao PASOK que os repórteres
do WSWS encontraram entre os trabalhadores.
Apesar de todas as supostas tensões entre o KKE e os
seus sindicatos da PAME e o GSEE, a plataforma dos oradores no
ato 15 de maio do KKE foi, por si só, diretamente em frente
ao edifício da sede nacional do GSEE, que tinha um banner
gigantesco do KKE pendurado no último andar.
O principal orador era Aleka Papariga, Secretária-Geral
do KKE desde 1991 e escritora da causa da "emancipação
feminina", segundo o site da KKE. Como Lamboudi, mas com
a postura mais ameaçadora de uma brava diretora de uma
escola, Papariga revestiu as políticas de direita do KKE
com um casulo de retórica pseudo-esquerdista.
Ela começou com um apelo nacionalista contra os cortes
sociais. Ela apelou para uma "luta internacionalista patriótica"
contra "os comerciantes e os bancos" e a "união"
do plano de austeridade do FMI e da União Européia
(UE). Apresentando os cortes de Papandreou como um produto da
influência estrangeira, ela criticou os empresários
gregos por "conspirar com os ataques da UE".
Logo depois ela atacou o principal partido conservador, Nova
Democracia (ND), por em última instância ter "a
mesma" posição do PASOK sobre o plano de austeridade.
Ela disse que esses partidos afagam com uma mão e
com outra batem no KKE.
De fato, se os partidos governantes estão definitivamente
batendo nos trabalhadores, o KKE está recebendo, principalmente,
afagos. Enquanto denunciava o ND antes de sua audiência,
Papariga estava se preparando para as reuniões bem divulgadas
com o líder do ND, Antonis Samaras, que aconteceram no
dia 17 de maio.
Levando-se em conta principalmente a rápida queda na
popularidade de Papandreou, isso relembra uma das traições
mais notórios do KKE: sua entrada em uma coalizão
de governo com o Partido Comunista da Grécia (Interior),
o precursor da principal facção do SYRIZA, liderada
pelo Primeiro-Ministro do ND, Tzannetakis Tzannis, em 1989.
Na coligação de 1989, que teve como objetivo
investigar ostensivamente a corrupção no governo
anterior do PASOK, o KKE assumiu os ministérios da justiça
do interior. Uma vez no cargo, o KKE destruiu grande parte dos
arquivos da polícia secreta, impedindo a investigação
e pesquisa histórica dos crimes da junta militar grega
de 1967-1974 e tranqüilizando a classe dominante da confiabilidade
do KKE. Isso ajudou a acelerar a completa integração
do KKE no sistema da política governante na Grécia.
Sem ao menos uma palavra sobre o governo de 1989, Papariga
continuou com a retórica abstrata: "entre o capitalismo
e o governo popular, nenhum compromisso é possível",
ela disse, apelando para "uma coalizão sócio-política
de baixo para cima".
Apesar disso, ou talvez por causa disso, a defesa firme do
KKE de Stálin e Brejnev, Papariga sentiu a necessidade
de abordar brevemente a questão do "socialismo do
século XX", em suas palavras - isto é, a burocracia
soviética. Ela repetiu, despudoradamente, reivindicações
tradicionais do movimento marxista para garantir que funcionários
de um Estado socialista prestem contas à população:
a retirada imediata de funcionários do Estado e seu pagamento
de salários como trabalhadores qualificados. Stálin
e Brejnev raramente se subordinaram a essas demandas. E aqueles
que desafiaram a burocracia em moldes semelhantes foram massacrados
nos Grandes Expurgos de Stálin.
Papariga encerrou com chamados por "sacrifício",
que, vindos dela, não são inspiradores, mas ameaçadores.
Olhando ao redor nos minutos finais do discurso de Papariga,
viam-se pessoas mudando de posição, falando baixinho
uns com os outros, ou brincando com seus cabelos. O objetivo da
retórica vazia de Papariga não é explicar
os eventos para inspirar a vontade de lutar, ou para inspirar
qualquer coisa - é para entediar e confundir as massas
de pessoas que enfrentam o estrangulamento econômico por
parte dos bancos.
(traduzido por movimentonn.org)
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