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China planeja abrir o mercado da Coréia do Norte para
investimentos estrangeiros
Por John Chan
18 de maio de 2010
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A visita do líder norte-coreano Kim Jong-il à
China na semana passada foi impulsionada pela grave crise econômica
do país e pela necessidade de ajuda e investimento. A China
aproveita a oportunidade para aproximar-se da Coréia do
Norte sustentando seu aliado estratégico, mas, ao
mesmo tempo abrindo a economia autárquica da Coréia
do Norte como uma fonte de mão de obra barata e matérias-primas.
A visita de Kim só foi anunciada depois da reunião
com os líderes chineses em Pequim. No caminho, ele visitou
a cidade portuária do nordeste chinês Dalian e a
cidade costeira de Tianjin, as quais são mostradas pelos
oficiais chineses como modelos para incentivar os investimentos
estrangeiros o caminho que Pequim está pressionando
Pyongyang a seguir.
Entre aqueles que acompanharam Kim estão seu cunhado,
Jang Song-thaek, agora no comando do investimento estrangeiro,
e Kim Yang-gon, o chefe da Coréia Taepung International
Investment Group. Esta organização é o braço
de investimento do país para a canalização
de fundos estrangeiros para um novo Banco de Desenvolvimento do
Estado, para o desenvolvimento de portos, ferrovias, indústria
leve e agricultura, no mesmo caminho das medidas da "reforma
do mercado chinês" em 1980.
Kim foi homenageado em Pequim, em uma reunião com todos
os nove membros do Bureau Político do Comitê Central
do Partido Comunista Chinês. Kim, por sua vez, elogiou os
novos projetos de infra-estruturas fornecidos por Pequim para
facilitar o investimento chinês. "A Coréia do
Norte saúda investimento das empresas da China, bem como
promove a cooperação de trabalho entre os dois lados",
declarou Kim.
Pyongyang tem pouca escolha ao abandonar a sua antiga postura
de auto-suficiência econômica. Os EUA e o Japão
empurraram novas sanções punitivas por meio do Conselho
de Segurança da ONU, após o teste nuclear da Coréia
do Norte em 2006. Suas relações com a Coréia
do Sul esfriaram depois que Lee Myung-bak, do direitista Grande
Partido Nacional (GNP) ganhou a presidência em 2007 e efetivamente
cortou a ajuda ao norte.
A economia da Coréia do Norte está em crise considerável.
Sua tentativa de reforma monetária em Dezembro passado
fracassou, levando à hiperinflação e sinais
de agitação social. Sob o novo regime cambial, o
salário de um operário de 2.500 won por mês
vale apenas US$1 no mercado negro. Itens básicos como o
arroz, são escassos.
Pequim está preocupada em evitar um colapso na Coréia
do Norte, que poderia enviar um fluxo de refugiados através
da fronteira no norte da China. Seria também a perspectiva
de um regime emergente em Pyongyang mais alinhado com a Coréia
do Sul e os EUA. Ao mesmo tempo, a ajuda chinesa vem com exigências,
incluindo a abertura da Coréia do Norte para o investimento
chinês e a resolução final do prolongado impasse
internacional sobre os programas nucleares da Coréia do
Norte.
Durante a sua visita na semana passada, Kim teria recebido
até US$ 60 milhões em ajuda imediata. No entanto,
o impulso real da orientação da China foi demonstrado
no início deste ano com um grande pacote de infra-estrutura
de US$ 10 bilhões equivalente a 70% do PIB estimado
da Coréia do Norte. O Banco de Desenvolvimento do Estado
e a Taepung International Investment Group foram criados em Janeiro,
sobretudo para lidar com esta entrada de investimento chinês.
Pyongyang estabeleceu a "zona econômica especial"
de Rajin-Sonbong, perto da fronteira com a China no início
de 1990 para incentivar o investimento da China e da Rússia.
Pequim, no entanto, tinha pouco capital para investir no exterior
no momento e a zona econômica da Coréia do Norte
definhou. Agora a situação mudou, a China começou
a utilizar as suas grandes reservas de moeda estrangeira para
garantir o acesso às matérias-primas e mercados.
Pequim pretende agora desenvolver Rajin como pólo regional
importante.
Um artigo do Washington Post no mês passado, previa que
a visita de Kim à China marcaria "uma inversão
política de grandes proporções". O Professor
Lim Eul-chul do Instituto de Seul para estudos do Oriente, que
esteve em Pyongyang conversando com funcionários e empresários
chineses, disse que o novo Banco de Desenvolvimento do Estado
destinava-se a ser um "escritório único"
para os investidores estrangeiros. "A Coréia do Norte
está planejando abrir fábricas estrangeiras não
apenas em zonas econômicas especiais, mas em grandes cidades
como Nampo e Wonsan", explicou Lim. Até agora, a Coréia
do Norte em grande parte limitou as empresas estrangeiras a zonas
isoladas como a zona industrial de Kaesong em conjunto com a Coréia
do Sul.
O site do escritório de Comércio Internacional
norte-coreano promove o país como tendo "os custos
salariais mais baixos na Ásia" e o "regime fiscal
mais baixo na Ásia". Orientado para a China em particular,
destaca a mão-de-obra qualificada do país, observando:
"no momento em que o custo do trabalho na Coréia do
Norte é muito baixo quando comparado com a China, é
bom especialmente para as empresas por economizar custos de trabalho."
Ele acrescentou que a Coréia do Norte era um grande "silo
virgem", com 300 tipos de minerais e outros recursos naturais
inexplorados. Além disso, declarou que o regime foi estabelecendo
um mercado livre e leis para proteger a propriedade privada e
investidores estrangeiros.
A abertura da Coréia do Norte aos investimentos estrangeiros,
particularmente da China, tem implicações geopolíticas
mais amplas. Desde o colapso da União Soviética,
em 1991, a China já se tornou parceiro comercial da Coréia
do Norte e principal fornecedor de ajuda econômica. A China
importa minerais provenientes da Coréia do Norte e exporta
manufaturados baratos. No entanto, o tamanho do investimento e
da ajuda propostos pelos chineses suscita a perspectiva de transformação
da Coréia do Norte em um satélite dependente, o
que irá ampliar ainda mais o peso e a influência
da China no Nordeste Asiático.
A localização estratégica da península
coreana, ao lado da China, Japão e Rússia, sempre
foi foco de rivalidade entre as grandes potências. O esforço
anterior para abrir o mercado da Coréia do Norte ocorreu
no final dos anos 90 no âmbito da chamada política
Sunshine do presidente sul-coreano Kim Dae-jung, que previa a
criação de uma nova plataforma de trabalho barato
para as empresas sul-coreanas. As potências européias
manifestaram interesse em investir na Coréia do Norte e
estabelecer ligações ferroviárias da Europa
para a Coréia do Sul e Japão. A Rússia considerou
a construção de dutos de energia para a Coréia
do Sul, através da Coréia do Norte.
Todos esses planos, no entanto, chegaram a um fim abrupto com
a eleição do Presidente Bush, que eliminou as etapas
iniciais tomadas pelo governo Clinton para uma aproximação
com Pyongyang e rapidamente aumentou as tensões sobre seus
programas nucleares. Em outubro de 2002, Bush efetivamente acabou
com o "cenário acordado" estabelecido por Clinton,
para congelar as instalações nucleares da Coréia
do Norte, acusando Pyongyang de ter um programa "ilícito"
de enriquecimento de urânio. A Coréia do Norte expulsou
inspetores nucleares internacionais, retirou-se do tratado de
não proliferação nuclear e reiniciou as suas
instalações nucleares.
Atolado em guerras no Iraque e no Afeganistão, o governo
Bush finalmente se juntou à negociação de
seis lados, iniciada pela China para aliviar as tensões
sobre os programas nucleares da Coréia do Norte. Washington,
porém, já havia conseguido bloquear os planos econômicos
de seus rivais europeus e asiáticos para a Coréia
do Norte e bloqueou a política Sunshine da Coréia
do Sul. Embora preocupado com a crescente guerra AfPak (Afeganistão-Paquistão)
e com o confronto com o Irã, o presidente Obama manteve
a postura linha-dura dos EUA em relação a Coréia
do Norte, que continua a manter a península em um estado
de tensão.
Os atuais esforços da China para abrir a Coréia
do Norte para o investimento enfrentam obstáculos semelhantes.
A atual disputa sobre o naufrágio de um navio de guerra
da Coréia do Sul em março é apenas uma de
uma série de questões que poderiam provocar uma
nova crise e atravessar os planos da China. Maior rivalidade de
poder, especialmente entre os EUA e a China, continua a garantir
que a península coreana permaneça sendo um perigoso
ponto crítico internacional.
[traduzido por movimentonn.org]
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