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Protestos crescem na Romênia

Por Diana Toma
12 de maio de 2010

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O programa de austeridade aprovado pelo governo da Romênia, liderado pelo primeiro-ministro Emil Boc, está encontrando crescente resistência por parte da população romena. Embora os sindicatos do país tenham feito tudo o que puderam para reprimir os protestos e as greves, há uma crescente onda de revolta contra as medidas ditadas pelo Fundo Monetário Internacional e pela União Européia.

Os últimos protestos começaram em 15 de março. Cento e sessenta escolas na região de Buzau fecharam suas portas, deixando cerca de 50.000 alunos sem aulas. Os professores estão descontentes com as demissões em massa, a falta de pagamento dos aumentos salariais prometidos, a redução de 15.000 postos de trabalho este ano, financiamento insuficiente previsto para a educação em 2010 e o aumento da idade de aposentadoria exigida pelo governo. Além de não receberem o aumento prometido, os professores também enfrentam uma redução de 30% do salário desde fevereiro deste ano.

Em 2008, o Parlamento aprovou uma lei para aumentar os salários dos professores em 50%, mas o outro governo rejeitou a lei por meio de dois decretos de emergência. Estes decretos foram declarados inconstitucionais logo depois, mas as disposições destas leis originais foram assimiladas em outro decreto de emergência, desde o ano passado, que bloqueou os aumentos salariais e permaneceu em vigor até o final de 2009.

Como resultado dessa situação, os professores de todo o país entraram com ações judiciais contra o governo, exigindo seus direitos na justiça. Cerca de 45.000 professores estão processando o Ministério da Educação sobre a questão dos aumentos salariais e metade deles já ganhou a causa.

Mas o governo ainda se recusa a pagar, argumentando que a sua recusa de pagamento é justificada pela falta de recursos e o risco de ultrapassar o déficit orçamental. O primeiro-ministro advertiu que, mesmo que os salários aumentassem, os benefícios seriam perdidos porque a inflação dispararia. Ele acrescentou: "Se a despesa pública ficar fora de controle agora, nós vamos comprometer nosso futuro. Agora eu devo agir como o representante de 22 milhões de romenos. Devo pensar no que é melhor para todos nós. "

O protesto dos professores de Buzau encontrou amplo apoio. O 25 de março foi um dia de protesto em todo o país. Os manifestantes se reuniram em frente às prefeituras, escolas e em frente ao Ministério da Educação na capital, Bucareste.

De sua parte, o sindicato dos professores teimosamente se recusou a voltar à luta para reivindicar salários em atraso. Este também foi o caso dos trabalhadores do setor ferroviário. Quando as ferrovias estatais recentemente demitiram 10 mil trabalhadores, os sindicatos não conseguiram organizar qualquer tipo de resistência.

A ira popular também foi impulsionada pelos custos extra que estão sendo cobrados por serviços de saúde. Muitos romenos não são mais capazes de suportar os custos adicionais para as visitas ao médico ou ao hospital. A situação econômica cada vez mais precária de muitos romenos os faz pensar duas vezes antes de decidir por uma ida ao médico de família para uma consulta de rotina outros exames médicos.

O reitor da Universidade dos Médicos Romenos, o professor Dr. Vasile Astarastoae, argumentou que a decisão de se concentrar em controlar os custos atuais levou a uma série de conseqüências negativas para o estado de saúde da população em geral e, em particular, da saúde dos grupos mais desfavorecidos.

Ao mesmo tempo, os aposentados continuam a protestar. Eles exigem tratamento médico gratuito, acesso a tratamento médico e a manutenção da atual idade de aposentadoria. Ao mesmo tempo, o conselho nacional da Federação Nacional dos Aposentados decidiu processar o governo por não cumprir a Lei 250/2007, segundo a qual o valor da aposentadoria deve ser igual a 45% do salário médio bruto.

Bucareste também ficou paralisada no 1º de abril por uma greve espontânea dos 4.500 trabalhadores dos transportes públicos da cidade, cancelando as 2,7 milhões de viagens realizadas diariamente por meios de transporte de superfície. As principais razões para a greve foram a diminuição dos salários e o não-cumprimento, por parte da administração, no pagamento de um bônus sazonal. Os manifestantes exigiram a aposentadoria aos 58 anos e 25% dos seus salários como bônus para a Páscoa, Natal e Ano Novo. Além disso, os funcionários pediram que seu novo salário seja indexado à inflação. Eles ameaçaram que, se suas exigências não forem levadas em consideração, eles iriam retomar os protestos.

De sua parte, Boc e outros representantes do governo deixaram claro que não irão remover seu programa de cortes. Pelo contrário, durante visita à Romênia do chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, o governo e o presidente romenos asseguraram a seu convidado que cortes orçamentários adicionais serão feitos de forma a satisfazer as condições exigidas pelo FMI.

Tal pacote de austeridade exclui qualquer investimento na infra-estrutura em ruínas da Romênia. Devido aos cortes, o ministro dos Transportes Radu Berceanu declarou que não haveria novas construções de estradas este ano, apesar do fato de que o país inteiro tem apenas 321 quilômetros de estradas.

Como o New York Times relatou recentemente, os analistas receiam ainda "distúrbios sociais crescentes" em reação ao programa de austeridade do governo e do declínio social geral do país.

(traduzido por movimentonn.org)

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