EN INGLES
Visite el sitio inglés
actualizado a diario
pulsando:
www.wsws.org

Análisis Actuales
Sobre el WSWS
Sobre el CICI

 

WSWS : Portuguese

Trabalhadores do funcionalismo público português em greve nacional de 24 horas

Por Julie Hyland
11 de março de 2010

Utilice esta versión para imprimir | Comunicar-se com o autor

Publicado originalmente em inglês no dia 5 de março de 2010.

A greve de 24 horas realizada por 500.000 trabalhadores do funcionalismo público de Portugal nesta quinta-feira causou uma interrupção generalizada nos serviços. Transportes, escolas e hospitais foram abrangidos pela paralisação, convocada em protesto contra as medidas de austeridade do governo do Partido Socialista (PS). A Frente Comum, o sindicato que organizou a greve, disse que cerca de 80% dos trabalhadores participaram da ação.

Algumas escolas foram totalmente fechadas e diversos hospitais e centros de saúde ofereceram apenas os serviços mínimos. Tribunais, escritórios de arrecadação de impostos, alfândegas e o recolhimento de lixo também foram afetados.

A greve ocorreu diante de um cenário de protestos de trabalhadores na Grécia, Espanha e França contra os ataques a seus empregos e padrão de vida, que estão sendo aplicados em toda a Europa. Apenas um dia antes, o governo social-democrata do PASOK na Grécia aceitou uma nova rodada de cortes, para a aprovação da União Européia e dos mercados financeiros internacionais.

Ridicularizado pelos analistas financeiros como um dos "PIGS" da zona do Euro (Portugal, Itália, Grécia e Espanha), o governo do primeiro-ministro José Sócrates tem sido alertado pela UE, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional para que reduza o déficit orçamental de Portugal de 9,3% do produto interno bruto para 3% em 2013.

O governo socialista, assim como seus equivalentes no resto do continente, deixou claro que está muito disposto a cumprir com suas obrigações. Com o orçamento apresentado em 26 de janeiro, os trabalhadores do setor público estão sujeitos a um congelamento de salários, à diminuição dos direitos de aposentadoria, e a uma redução de empregos no setor em 10%, além de outras medidas.

Como a greve já estava em curso, o chamado Pacto de Estabilidade foi debatido no Parlamento, que deverá aprovar o orçamento em 12 de março depois que a oposição concordou em abster-se de forma a garantir a sua aprovação. Será, então, encaminhada para a Comissão Européia para um acordo.

Na quinta-feira, Gonçalo Castilho dos Santos, secretário de Estado da administração pública, disse que o governo não iria desviar seu plano de austeridade. Portugal "não pode sacrificar o bem comum em prol do bem-estar individual", disse ele, incitando os trabalhadores a aceitarem os cortes.

Não é o "bem comum" que o PS está protegendo, mas a riqueza e os privilégios dos super-ricos e das casas de finanças internacionais. Portugal é o país mais pobre da Europa Ocidental, com desemprego já em 10,5%, a quarta taxa mais elevada da zona do Euro.

Mesmo antes da "crise do crédito", decorrente da crise das hipotecas subprime nos Estados Unidos, o governo do PS fez uma série de ataques aos salários e pensões. Tendo chegado ao poder em fevereiro de 2005 devido a uma onda de hostilidade popular à aliança de direita do Partido Social Democrata e do Partido Popular (PSD-PP) da coligação do governo de Pedro Santana Lopes, o PS realizou, por cerca de três anos, medidas de austeridade, incluindo cortes de empregos, um aumento da idade de aposentadoria e aumentos do IVA. Entre 2005 e 2009, cerca de 73.000 empregos no setor público foram perdidos.

Agora ele está sendo pressionado para ir ainda mais longe. Quando o governo apresentou suas propostas iniciais para reduzir o déficit, os bancos e casas de finanças reagiram furiosamente ao que consideravam ser uma abordagem demasiadamente cautelosa — vender títulos do governo português e colocar o valor de longo prazo da dívida soberana em uma perspectiva negativa.

Desde então, o argumento utilizado pelo governo do PS é que apenas um maior corte nos serviços públicos e nos níveis de vida será capaz de estabilizar a economia do país. Paula Carvalho, economista do Banco BPI, descreveu o Pacto de Estabilidade como a "segunda oportunidade do governo para acalmar os mercados."

Os sindicatos têm desempenhado um papel fundamental, capacitando o PS para realizar sua ofensiva. Apesar de organizar protestos e greves simbólicas, eles têm feito o possível para evitar qualquer desafio político para o governo de Sócrates e seus apoiadores dos grandes negócios. Mesmo já estando claro que o orçamento será aprovado, os dirigentes sindicais na quinta-feira só conseguiram delinear propostas vagas para ações futuras nos próximos meses. Resumindo a posição dos sindicatos, o professor André Freire disse: "Esperamos que qualquer protesto seja usado para a negociação, e não para perturbar a economia."

Na realidade, dura como ela é, o orçamento proposto é apenas o começo. Sócrates prometeu ações "audaciosas e decisivas", e o governo indicou que pretende esboçar medidas adicionais de cortes de custo, que são pensadas para incluir prorrogações do congelamento de salários para além deste ano e os cortes nas pensões.

O cenário para Portugal é o mesmo da Grécia. As medidas de austeridade reveladas pelo PASOK na quarta-feira foram o terceiro pacote de cortes do governo em alguns meses. Totalizaram €4,8 bilhões ($6,5 bilhões ou £4,4 bilhões), que incluem aumento de impostos, o congelamento das aposentadorias e um corte de 10% nos salários do setor público.

Citado no jornal Financial Times, o economista Nick Kounis descreveu o plano como "historicamente sem precedentes para um mercado desenvolvido."

Papandreou alegou ainda que as medidas deste governo "são necessárias para a sobrevivência do país e da economia".

Mesmo tendo a elite financeira acolhido bem as medidas, eles são muito mais cautelosos quanto ao seu sucesso. Luigi Speranza, do BNP Paribas disse que os planos do PASOK iriam "aumentar dramaticamente" a credibilidade da Grécia, bem como "a credibilidade do quadro total da União Européia, para o qual o caso grego é provavelmente o primeiro teste significativo." Ele, no entanto, expressou dúvidas quanto à "viabilidade a longo prazo do ajuste planejado" em face da oposição popular.

A agência de classificação de crédito Moody's também saudou o pacote como "uma manifestação clara da vontade do governo para retomar o controle das finanças públicas." Em um comunicado, a Moody's ressaltou que a evasão de um rebaixamento no valor da A2 atual do país exigiu "o ajuste fiscal drástico e melhora da competitividade".

Ela também expressou ceticismo quanto às perspectivas de longo prazo para reverter a "deterioração econômica do país de forma sustentável", afirmando que uma "recuperação significativa não é o resultado mais provável".

Advertindo que a situação deverá ser avaliada novamente nos próximos meses, indicou que qualquer "desvio a partir deste plano anunciado" levaria a uma redução em sua avaliação de crédito.

"Uma redução de vários graus poderia ocorrer caso o plano descarrilasse rápida e significativamente", afirmou a Moody's, "arruinando a probabilidade de uma estabilização da dívida da Grécia nos próximos anos, sem falar de uma consolidação da dívida."

[traduzido por movimentonn.org]

Regresar a la parte superior de la página



Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved