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Eleições regionais na França: NPA apóia
o Partido Socialista
Por Kumaran Ira
26 de março de 2010
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A reação do Nouveau Parti Anti-capitaliste (NPA)
ao primeiro turno das eleições regionais de 14 de
março reafirma seu apoio traidor aos partidos "de
esquerda" burgueses, liderados pelo oposicionista Parti Socialiste
(PS). Apesar do histórico do PS e de sua defesa pública
em favor dos cortes sociais durante a campanha eleitoral, o NPA
está pedindo aos seus eleitores apoio ao PS, sob o disfarce
traiçoeiro da solidariedade política contra a direita.
No segundo turno, amanhã, os eleitores elegerão
os conselhos regionais que governam as 22 regiões administrativas
da França. Já no primeiro turno o PS formou uma
aliança eleitoral com o Ecologia-Europa e com a Frente
de Esquerda - uma coligação do stalinista Parti
Communiste Français (PCF) e do Partido de Esquerda do ex-ministro
do PS, Jean-Luc Mélenchon - em todas as regiões
exceto a Bretanha, Picardia e Limousin. Essa aliança é
vista amplamente como uma preparação para as eleições
presidenciais de 2012.
Discursando durante a noite do primeiro turno, o porta-voz
do NPA, Olivier Besancenot, convocou seus eleitores a "infligir
a pior derrota possível aos nomes apoiados pelo [Presidente
Nicolas] Sarkozy e pela [conservadora] UMP" (União
por um Movimento Popular).
Besancenot reafirmou seu apoio ao PS e declarou que o manterá
mesmo sabendo que o Partido não se opõe às
políticas de austeridade de Sarkozy: "É uma
necessidade absoluta punir a direita, mesmo que pensemos, como
nos anos anteriores, que as maiorias esquerdistas futuras não
serão uma linha de defesa contra as políticas de
Sarkozy."
A base de votos do NPA entrou em colapso por todo o país
- de 6,1% nas eleições parlamentares européias
de 2009 para 2,4% no primeiro turno das eleições
regionais. Ele avançou para o segundo turno só em
uma região, a de Limousin, graças a sua aliança
com a Frente de Esquerda. No primeiro turno o NPA formou alianças
eleitorais com a Frente de Esquerda em Limousin, Languedoc-Roussillon,
e Pays-de-la-Loire.
O primeiro turno de votações, com uma enorme
taxa de abstenção de 54%, deixou claro que amplas
massas estão alienadas do estamento político oficial
da França. Sob condições nas quais massas
de pessoas não vêem outra alternativa política,
porém, o PS está se beneficiando da raiva popular
contra as políticas de austeridade de Sarkozy e do UMP.
Nesse contexto, o papel do NPA é assegurar que nenhuma
alternativa política surja dentro da classe trabalhadora.
Ele promove cinicamente a noção de que o PS e seus
partidos-satélites como o PCF podem ser pressionados a
defender os interesses da classe trabalhadora - uma posição
cuja falência e implausibilidade é fortemente responsável
pelo declínio eleitoral do NPA.
O PS é amplamente visto como um partido pró-empresarial
sem diferenças substanciais em relação ao
UMP, e como um partido que representa os interesses dos bancos.
O governo do PS sob presidência de François Mitterand
(1981-1995) e o governo do Primeiro-Ministro Lionel Jospin (1997-2002)
implementaram grandes cortes contra a classe trabalhadora, devastando
indústrias inteiras. Na atual campanha, a primeira secretária
do PS Martine Aubry convocou cortes nas aposentadorias.
A defesa do PS pelo NPA se torna particularmente significativa
conforme governos social-democratas em países da Europa
- Espanha, Portugal e Grécia - agem para atacar os padrões
de vida e assim pagar pelas injeções bilionárias
e pelo colapso econômico causado pelos bancos. Esses governos
pressionaram por congelamentos salariais e cortes, aumentos de
vários anos na idade de aposentaria, aumentos regressivos
dos impostos direcionados aos trabalhadores, cortes nos gastos
sociais, e outras medidas reacionárias.
Na Grécia, grupos ex-esquerdistas como o SYRIZA e o
ANTARSYA apoiaram o PASOK durante a campanha eleitoral no último
outono. Desde que o PASOK chegou ao poder, esses partidos o encobriram
e promoveram manifestações organizadas por sindicatos
com a perspectiva falida de convencer Papandreou e os bancos a
mudarem suas políticas. Eles cumprem um papel crucial na
ofensiva da aristocracia financeira contra os níveis de
vida da classe trabalhadora, defendendo e fornecendo justificativas
racionais aos principais partidos da burguesia.
Limousin - onde a Frente de Esquerda decidiu competir separada
do PS - é a única região onde o NPA está
presente para o segundo turno. O PS fez uma aliança eleitoral
com o conservador MoDem de François Bayrou. O fracasso
do NPA em suas tentativas de negociar uma campanha conjunta com
o PS se tornou mais uma avenida pela qual o PS pode pressionar
o NPA a assumir uma instância mais cômoda, e declarar
sua lealdade à "esquerda" burguesa.
Um exemplo dessa retórica foi a declaração
de Alain Krivine - há muito tempo líder do LCR (hoje
NPA) - no dia 18 de março, em sua reunião com Jean-Luc
Mélenchon em Limousin. Dirigindo-se a uma aliança
de políticos stalinistas e social-democratas de longa data,
Krivine quis "agradecer a Nicolas Sarkozy e suas políticas
de guerra civil, e à liderança do PS que preferiu
o MoDem ao NPA, o que permitiu ao NPA reunir a verdadeira esquerda
de Limousin."
Falando sobre a recusa do PS em aceitar a coalizão NPA-Frente
de Esquerda em sua lista de segundo turno para Limousin, o delegado
do PS Jean-Christophe Paris Cambadélis comentou: "Isso
é problema do NPA. Você não pode ao mesmo
tempo atacar o PS a nível nacional e querer estar na lista
[regional] junto com o PS."
De sua parte, o presidente e cabeça da lista do PS em
Limousin explicou: "Eu não me oponho à participação
do NPA na lista majoritária, desde que ele aceite a responsabilidade
por políticas futuras. [...] Porém, não pude
obter uma posição clara do NPA."
Depois do fracasso das conversas, o NPA culpou o PS. Stéphane
Lajaumont, porta-voz do NPA em Limousin, disse que fez "todo
o esforço possível, mas finalmente não teve
escolha a não ser manter-se [o NPA] na lista, total e exclusivamente
devido à federação do PS em Haute-Vienne"
- um département dentro da região de Limousin.
Numa entrevista do dia 17 ao jornal stalinista l'Humanité,
Christian Audouin, que encabeça a lista da aliança
NPA-Frente de Esquerda, disse que o NPA havia decidido participar
da administração dominada pelo PS: "Esse é
um pretexto cru adiantado pelo PS para provocar um desacordo.
Nesta região, o NPA se declarou desde o começo favorável
a participar da administração de assuntos regionais.
Por toda a duração das negociações
com o PS, o NPA sempre insistiu que estava pronto para `sujar
as mãos`".
[traduzido por movimentonn.org]
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