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França: professores e alunos marcham contra cortes na educação

Por Kumaran Ira
26 de março de 2010

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Em 12 de março, milhares de estudantes, professores e pais foram às ruas de toda a França para protestar contra as "reformas" na educação, a deterioração das condições de trabalho e os cortes de empregos.

A greve nacional e as manifestações por toda a França foram chamadas por oito sindicatos da educação. De acordo com SNES-FSU, o principal sindicato do ensino secundário, a greve parou 50% dos professores nos collèges (de estudantes com idade entre 11 a 15) e nos lycées (estudantes com idades entre 16 a 18). A imprensa calcula que 60 manifestações ocorreram, contando Paris, Marseille, Lyon, Sarreguemines, Toulouse, Nice, Reims e Metz.

Alunos e professores temem os cortes no orçamento da educação e nas horas de ensino, tentativas de fazer as escolas públicas concorrerem com as escolas privadas, e que a reforma vá comprometer a credibilidade do seu diploma com os empregadores. A reforma visa reorganizar o currículo do ensino médio, com uma redução nas horas de ensino em matemática, física e química para alunos do ensino científico no 2º ano do ensino médio. História e geografia seriam eliminadas no Terminale S (o último ano do ensino médio para estudantes de ciências).

Eles também se opõem aos planos de eliminar 16.000 empregos na educação este ano. Isso elevaria o número de empregos cortados na educação nos últimos três anos para 50.000. A reforma daria mais poder aos diretores das escolas, que iriam gerir uma parte importante do orçamento e contratação de pessoal. Também levaria a cortes dos funcionários "três ou quatro posições podem ser cortadas em cada escola", observou o SNES.

Professores e alunos também ficaram revoltados com uma recente declaração do ministro da Educação, Luc Chatel, que propôs contratar "recém aposentados e estudantes para substituirem os professores que estão ausentes."

Em Paris, de acordo com os sindicatos de professores, 10.000 pessoas participaram da manifestação.

Em uma faixa lia-se: "Revogação das reformas de Sarkozy-Chatel, ambição para toda a juventude! Pelo emprego e pessoal bem treinado!". Outra faixa protestava: "Liquidação na educação - Empregos, sucesso do estudante, formação, financiamento: tudo tem que ir."

Apoiadores do WSWS participaram da manifestação de Paris e distribuíram o panfleto, "As greves Européias e os sindicatos." Eles conversaram com alunos e professores.

Uma professora disse ao WSWS: "A direita lançou seu programa para desmantelar o ensino secundário e universitário. É a abertura da educação para o setor privado. Estamos indo para uma forma mais gerencial de funcionamento das coisas, dando mais poder aos diretores das escolas."

A greve manifesta a crescente oposição da classe operária contra as políticas de austeridade do governo, como os governos de toda a Europa que reduzem os padrões de vida dos trabalhadores e estabilizam os bancos após a eclosão da crise da dívida grega. No mês passado, a França viu uma onda de greves em vários setores, incluindo greves

de âmbito nacional nas refinarias de petróleo da gigante Total, e pelos controladores do tráfego aéreo e funcionários da Air France. Os sindicatos abandonaram essas lutas antes das reivindicações dos trabalhadores serem atendidas.

Os cortes de educação são parte de uma série de medidas de austeridade preparadas pelo presidente Nicolas Sarkozy. Como na Grécia, Sarkozy se prepara para fazer cortes drásticos nos gastos sociais para reduzir o déficit orçamental francês, que deverá chegar a 8,2% do PIB este ano. Em fevereiro, Sarkozy anunciou que seu governo iria implementar uma reforma previdenciária. Este corte, o qual Sarkozy espera realizar até o final de 2010, incluirá estender o período de pagamento para além dos 41 anos e o aumento da idade da aposentadoria para além dos 60.

No início de fevereiro, o governo francês apresentou à Comissão Européia seu programa de estabilidade para o período 2010-2013. Ele prevê uma redução do déficit público de 8,2% para 3% do PIB até 2013, o que implica em um corte nos gastos do governo da ordem de €100 bilhões. O programa incluiu cortes de despesas na educação e saúde, previdência, benefícios de desemprego e emprego no setor público.

A dificuldade central que os trabalhadores enfrentam é o domínio político dos sindicatos e seus apologistas, que apóiam os cortes e insistem que as greves devem limitar-se a pedir por modificações nos pacotes de austeridade.

Sobre os cortes planejados para a educação, a Secretária-Geral da SNES, Frédérique Rolet, disse, "Mudança sim, mas não desta forma." Ela sugeriu que o governo poderá disponibilizar novos financiamentos para a educação este ano, através de uma "coletiva orçamental."

Temendo o surgimento de uma oposição política aos cortes do governo pela classe operária, os sindicatos estão dividindo e isolando diversas lutas da classe trabalhadora.

Em 11 de março, funcionários de hospitais públicos pararam contra os planos de reestruturação anunciado pela AP-HP (Assistência Pública-Hospitais de Paris). Isso custaria 4.000 empregos até 2012. Funcionários furiosos bloquearam a sede da AP-HP em Paris até o dia seguinte.

No mesmo dia, os trabalhadores dos transportes públicos fizeram greve contra a subcontratação de empresas privadas; funcionários dos berçários marcharam para se oporem ao agravamento das condições de trabalho nas creches francesas; enfermeiras se reuniram em Paris para promover um maior reconhecimento das suas qualificações e para protestar contra a alteração da idade de aposentadoria de 55 para 60.

Em 9 de março, magistrados, advogados e carcereiros entraram em greve. Trabalhadores da caridade Emmaüs também convocaram sua primeira greve nos 60 anos de existência da organização.

(traduzido por movimentonn.org)

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