WSWS : Portuguese
Ocupação militar de região devastada
pelo terremoto é ampliada no Chile
Por Rafael Azul
9 de março de 2010
Utilice
esta versión para imprimir |
Comunicar-se
com o autor
Publicado originalmente em inglês no dia 4 de março
de 2010.
Até agora, cerca de 800 corpos foram recuperados daqueles
que foram mortos pelo terremoto e tsunamis iniciais no Chile.
Concepción, que na quarta-feira foi abalada por um grande
tremor que mediu 5,8 na escala Richter, até agora já
foi atingida por três tsunamis. Oficialmente só existem
19 desaparecidos em Concepción, mas a estimativa não-oficial
é de 500.
Dez hospitais foram destruídos nas regiões afetadas.
A água potável é escassa e o serviço
elétrico irregular, mesmo em partes de Santiago. Além
do terremoto inicial, tremores incessantes danificaram estradas
e pontes. Funcionários das estradas relatam que novas rachaduras
aparecem logo que as antigas são consertadas.
A zona mais afetada foi a de Maule, com 587 mortos. Bío
Bío tem 92 mortos, 48 em O'Higgins, 38 na área de
Santiago, 20 em Valparaiso e 14 em Araucania.
Uma fotografia na primeira página do New York Times
de quarta-feira impressiona. Ela mostra dois soldados chilenos
de pé sobre dois jovens da classe trabalhadora, com seus
rifles em suas costas. Na sinistra legenda lê-se "estabelecer
a ordem e olhar adiante no Chile." A mensagem que o governo
da presidente social-democrata Michelle Bachelet passa, desta
forma, aos trabalhadores e pobres do Chile é que o governo
pretende reprimir preventivamente qualquer possibilidade de uma
rebelião popular.
Concepción, com mais de meio milhão de habitantes,
a segunda maior cidade do Chile depois de Santiago, está
agora ocupada por mais de 14.000 tropas. Em 2 de março,
o estado de sítio imposto em Concepción e outras
cidades foi estendido para duas outras cidades costeiras, Curicó
e Talca.
Como resultado do toque de recolher de 18 horas imposto pelo
governo, as pessoas só estão autorizados a saírem
de suas casas por seis horas por dia. A prefeita de Concepción,
Jacqueline Van Ryssenberghe, declarou que a distribuição
de suprimentos vai "priorizar aqueles bairros que não
participaram nos saques", no sentido de impor uma punição
coletiva sobre as regiões operárias mais rebeldes
da cidade.
Apesar das evidências mostrarem o contrário, os
cidadãos desesperados, com falta de comida, água
e necessidades básicas são rotulados como "saqueadores
e vândalos" por oficiais do governo, uma mentira que
está sendo cuidadosamente promovida pelos meios de comunicação
de massas.
Um exemplo claro é a CNN Latinoamérica, uma agência
que forneceu a plataforma para Van Ryssenberghe, uma apoiadora
da União Democrata Independente, da extrema-direita nacionalista,
que constantemente pediu a Bachelet que enviasse mais tropas e
incentivou a formação de grupos de vigilantes. A
CNN por diversas vezes transmitiu sua mensagem em detrimento de
muitos outros relatórios, sem mencionar a política
reacionária de Van Ryssenberghe.
Na realidade, os ditos saqueadores estão enfrentando
uma situação extrema e em muitos casos não
têm mais opções. Enquanto o abastecimento
chega gradativamente a grandes cidades como Concepción,
um correspondente informa em carta ao World Socialist Web Site
que cidades como Talcahuano ainda não receberam nenhuma
provisão.
No entanto, ela ressalta que os militares chilenos não
têm nenhum problema em deslocarem milhares de tropas: "Os
supermercados estão abertos, mas isso não ajuda
quando não há dinheiro, não há sistema
de cartões de crédito. As pessoas têm que
pagar pelas provisões nesta catástrofe extraordinária...
o terremoto ocorreu no último sábado de fevereiro,
então as pessoas estão com pouco dinheiro em espécie.
Muitas cidades costeiras foram destruídas e exigem abastecimento
imediato. Grandes mercados e farmácias em Concepción
sobreviveram, mas foram fechados por seus proprietários
capitalistas, que, incapazes de processar cartões de crédito
e débito, simplesmente se recusaram a distribuir alimentos
e recorreram a acumulá-los. Um exército ocupante
está agora protegendo esses estabelecimentos dos ditos
saqueadores.
Um periódico noticiou: "as pessoas esperaram 48
horas", em Concepción, para que esses estabelecimentos
abrissem antes de resolverem a questão com suas próprias
mãos. O relatório refere-se ao óbvio, que
uma vez lá dentro, algumas pessoas levaram sapatos, eletrodomésticos
e aparelhos de televisão. No contexto da desigualdade social
e econômica do Chile, tais ações foram inevitáveis.
A falta de infra-estrutura, estradas, abastecimento de água,
eletricidade e o colapso de muitos edifícios novos são
um resultado direto das políticas de livre mercado impostas
pela ditadura de Pinochet nos anos 1970 e 1980, políticas
que têm continuado até hoje. Rigorosas normas de
construção que haviam sido impostas após
o terremoto de maio de 1960 foram atenuadas, juntamente com a
ideologia de que os mercados são eficientes e de que o
lucro basta às normas de construção.
Muitas dessas estruturas mais novas ainda não caíram,
mas elas correm o risco de desabarem; somente em Bío Bío
são pelo menos 17 edifícios residenciais. O governo
chileno estima que 1,5 milhões de casas desabaram ou estão
severamente danificadas.
[traduzido por movimentonn.org]
Regresar a la parte superior de la página
Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved |