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França: Mais de um milhão de pessoas em greve
contra as políticas de austeridade de Sarkozy
Por Antoine Lerougetel
31 de março de 2010
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Publicado originalmente em inglês no WSWS no dia 24
de março de 2010.
Dois dias depois do UMP (União para um Movimento Popular),
do presidente francês Nicolas Sarkozy, ter sofrido uma derrota
esmagadora nas eleições regionais, mais de 1 milhão
de servidores públicos franceses e funcionários
do governo entraram em greve ontem contra os planos de austeridade
do governo. Muitos trabalhadores do setor privado tambémí
cruzaram os braços.
Entre 600.000 e 800.000 trabalhadores e jovens participaram
de 177 manifestações por todo o país. Em
Paris, cartazes convocavam uma ação unificada"por
emprego, salários, condições de trabalho
e pensões".
De acordo com a companhia ferroviária nacional SNCF,
28,3% dos funcionários estavam em greve. Apesar dos regulamentos
de serviços mínimos impostos em 2007, cerca de 50%
dos trens normais e 35% dos trens da TGV (trem de alta velocide)
não funcionaram.
Os transportes urbanos de Paris foram pouco afetados, com exceção
de uma linha principal do trânsito regional, a RER B, que
estava operando com 50%. Fora da capital, as cidades mais atingidas
pelas greves de transportes públicos incluíam Cannes,
Clermont-Ferrand, Morlaix, Nice, Pau e Lille.
Os sindicatos dos professores estimam que mais da metade dos
professores do ensino primárioá e cerca de 40% dos
professores do ensino ámédio saíram em greve.
Muitas escolas primárias foram fechadas para o dia. Muitos
colégios e estudantes universitários também
saíram das aulas contra os cortes na educação
e reduções na oferta de ensino.
O Ministério do Serviço Público informou
que 17,4% de seus funcionários estavam em greve. O quadro
de funcionários da Receita e ádo Tesouro e os empregados
do serviço judiciário estavam em greve contra "a
deterioração das condições de trabalho
ligada à falta de pessoal" e o aumento de sua carga
de trabalho.
Os trabalhadores dos correios estavam nas ruas em oposição
a "uma profunda reestruturação em todos os
departamentos, dos "cortes de emprego" e do "aumento
do estresse". Trabalhadores da France Telecom, que foi devastada
por suicídios relacionados ao estresse, também entraram
em greve. Agricultores e trabalhadores da área de energia
também entraram em greve. A ação industrial
fechou o Ballet Siddharta por Preljocaj na Ópera Bastille.
As manifestações incluíram contingentes
de diversos setores: professores e pessoal de manutenção,
estudantes e pais de alunos, funcionários de hospitais,
funcionários municipais, trabalhadores de lojas, bombeiros,
funcionários judiciais, sans papiers (trabalhadores sem
carteira) e muitos trabalhadores de fábricas e do setor
de serviços privados enfrentando fechamentos e demissões.
Eles carregavam faixas e cartazes dizendo: "Trãéabalhadores
não devem pagar pela crise dos especuladores", "As
escolas não são negócios, as crianças
não são mercadorias", "Saúde não
é mercadoria", "Encontro massivo das escolas
em luta: 60.000 postos de professores cortados, formação
massacrada, a educação pública em perigo
de morte","Fim às desigualdades","A
crise e seus bilhões sãoé nosso sangue, suor
e lágrimas."
Em Paris, entre 30.000 e 60.000 pessoas marcharam. Em Bordeaux
a manifestação com cerca de 20.000 esticou-se ao
longo de três quilômetros de acordo com dados do sindicato,
em Toulouse, havia entre 9.000 e 18.000 nas ruas. A manifestação
de Marselha - 50.000 por estimativas do sindicato - incluiu os
trabalhadores do chá Lipton, em seu terceiro dia de greve.
Os sindicatos estimam que havia 25.000 manifestantes em Nantes,
15.000 manifestantes em Rouen, 17.000 manifestantes em Caen, e
30.000 manifestantes em Le Mans.
Como nas eleições regionais de domingo, estas
greves demonstraram, acima de tudo, o abismo que separa as demandas
sociais dos trabalhadores do estabelecimento do compromisso político
de medidas de austeridade. O governo deixou claro que não
tem intenção de abandonar os seus planos, destinados
a reduzir as despesas do Estado em 100 bilhões de euros
até 2013.
O primeiro-ministro, François Fillon, declarou ontem
à imprensa que A redução do déficit...
é uma prioridade absoluta. E acrescentou: "Isso
significa que vamos continuar a diminuir a despesa do Estado,
a Revisão Geral dase Políticas Públicas e
nós continuaremos com a não reposição
de um a cada dois funcionários do governo que se aposentar."
Ontem, os jornais relataram os planos do governo para um novo
aumento no período da remuneração obrigatória
das pensões, de 41 para 43,5 anos. O recém-nomeado
Ministro do Trabalho, Eric Woerth, anunciou que pretende avançar
com planos de cortes, cinicamente alegando que eles seriam "marcados
com o sinal da igualdade".
Este dia dçãe manifestação, que
foi uma "surpresa agradável" segundo os burocratas
sindicais, é parte de uma limitada onda de greves e protestos
que os sindicatos têm chamado e, em seguida, têm cortado
a fim de conter a raiva crescente entre os trabalhadores e a juventude
a que estão tendo que pagar pela crise financeira. Enquanto
isso, os sindicatos constantemente discutem com os empregadores
e os governos sobre a forma de impor medidas austeras, sem provocar
uma explosão social.
O dia dçãa manifestação foi chamado
depois de uma reunião social dos sindicatos
com Sarkozy no Palácio do Eliseu em 16 de fevereiro. Esta
foi uma oportunidade para os sindicatos e o governo discutir cortes
orçamentais propostos para reduzir o déficit, em
grande parte devido ao resgate dos bancos.
O líder da CGT, Bernard Thibault, chamou ontem outra
reunião social com o presidente. Ele efetivamente
pediu um fim para a greve, dizendo que novas medidas "dependerão
de como o governo concebe as reuniões, as agendas e as
reformas que se seguirão."
[traduzido por movimentonn.org]
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