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Administração Obama faz pressão por mais
financiamento para a guerra
Por Bill Van Auken
31 de março de 2010
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O Secretário da Defesa dos EUA Robert Gates e a Secretária
do Estado Hillary Clinton discursaram no Capitólio quinta-feira
passada, 25 de março, para lançar a campanha da
administração Obama que busca garantir quase $40
bilhões em apropriações suplementais, a maior
parte para financiar a escalação da guerra do Afeganistão.
A pressão por fundos adicionais para o ano fiscal em
curso vem conforme o Congresso delibera também sobre a
proposta orçamentária de $159 bilhões feita
pela administração, para pagar pelas guerras e ocupações
no Iraque e no Afeganistão durante o ano fiscal de 2011.
O pedido do assim chamado orçamentobase do Pentágono,
referente aos gastos militares para além dos custos diretos
da guerra, é de $548,9 bilhões.
Em suas considerações iniciais, Clinton viu-se
forçada a reconhecer as implicações dos massivos
gastos do esforço de guerra - um total de $322 bilhões
para o atual ano fiscal e o próximo - sob condições
nas quais programas sociais vitais estão sofrendo cortes
orçamentários, as dívidas estão aumentando
e quase nada foi feito para criar empregos para os 15 milhões
de desempregados do país.
Estou bem ciente quanto ao peso econômico que todos
enfrentamos aqui em casa. declarou Clinton. Se referindo
ao Iraque, Afeganistão e Paquistão como estados
na linha de frente, ela justificou os gastos insistindo
que os desafios que enfrentamos exigem que recorramos a
todas as ferramentas da liderança americana e do poder
americano.
O Secretário da Defesa Gates falou num tom muito parecido.
Estes tempos de expansão econômica e estresse
fiscal põe enorme pressão sobre todos nós
para que sejamos bons tesoureiros dos dólares dos contribuintes,
ele disse durante suas considerações iniciais. Porém,
ele continuou, mesmo em uma época de pressões
orçamentárias, eu acredito que é crítico
manter um nível de investimento adequado, sustentável
nos instrumentos da segurança nacional- seja em termos
de defesa, diplomacia, ou desenvolvimento - que são tão
essenciais para a segurança da América e sua posição
no mundo.
Gates fez uma avaliação extremamente cautelosa
dos resultados produzidos pela atual escalação da
guerra no Afeganistão, declarando que existiam bases
para otimismo contido, mas que ainda haveriamuitas
estradas longas e tortuosas pela frente.
O secretário ainda preveniu o público contra
uma visão excessivamente ambiciosa de como a verdadeira
estabilidade e segurança se parecerão em um lugar
que conheceu nada além de guerra por três décadas.
Gates relatou que o número total de soldados dos EUA
no Afeganistão alcançaria aproximadamente 98.000
ao final de setembro. Dezembro passado, o Presidente Barack Obama
anunciou seu pico no Afeganistão ao ordenar
o deslocamento de 30.000 soldados e marines adicionais.
Num testemunho diante do painel de apropriações
da Casa na terça-feira, o Almirante Mike Mullen, chefe
do estado-maior, disse que já no verão haverá
mais tropas no Afeganistão do que no Iraque pela primeira
vez desde 2003. Ele disse que 97.000 soldados estão atualmente
em serviço no Iraque. Sob um acordo EUA-Iraque, os níveis
de tropas no Iraque deveriam cair para 50.000 até setembro
próximo, embora oficiais dos EUA tenham se reservado o
direito de parar a retirada se a instabilidade política
levar a novos conflitos.
A aparição de Gates e Clinton juntos tinha o
objetivo de promover a noção de que as guerras que
estão sendo travadas por Washington são, nas palavras
do Secretário do Estado, um esforço civil
e militar plenamente integrado, no qual ganhos de segurança
são imediatamente seguidos por ganhos econômicos
e políticos.
Mas o pedido de financiamento é majoritariamente voltado
ao pagamento de operações militares sobrevalorizadas.
O Pentágono receberia $33 bilhões do fundo suplementar,
a maior parte destinada à guerra no Afeganistão.
Apenas $4,5 bilhões seriam destinados a operações
civis no Afeganistão, Iraque e Paquistão. O restante
pagaria as operações dos EUA no Haiti.
Quando a administração requisitou um financiamento
suplementar de $80 bilhões para pagar pela guerra no Afeganistão
e no Iraque em abril do ano passado, o Presidente Obama jurou
que esse seria o último pedido do tipo.
Ele criticou a administração Bush por ter submetido
17 projetos de lei de financiamento suplementar separados, totalizando
$822 bilhões - tudo aprovado pelo Congresso, com apoio
Democrata.
Precisamos quebrar essa tradição recente
[do financiamento suplementar] e incluir gastos militares futuros
no orçamento normal, de modo que tenhamos uma estimativa
honesta, mais precisa e fiscalmente responsável dos gastos
federais, ele escreveu na época. E não
devemos chamar os gastos militares de fundos emergenciais com
o intuito de evitar nossa responsabilidade em agir de acordo com
as limitações orçamentárias determinadas
pelo Congresso.
Esse novo projeto de lei de financiamento suplementar deve
passar pelo Congresso com o apoio das lideranças Democrata
e Republicana.
Em uma audiência orçamentária na semana
passada, o Secretário do Exército John McHugh não
teve problemas em assumir abertamente que tais medidas de financiamento
suplementar iriam continuar. Questionado pelo Senador John McCain,
o principal membro Republicano do Comitê de Serviços
Armados do Senado, sobre se os militares realmente necessitavam
desses projetos de lei, McHugh respondeu, se vamos operar
nesse tipo de teatro [de guerra], sim, nós certamente necessitamos.
Tanto o Senado quanto os comitês da apropriação
da Casa votarão a medida emergencial de fundo suplementar
no mês que vem, após o fim do recesso de duas semanas
do Congresso que começa no dia 27 de março.
Enquanto isso, o derramamento de sangue no Afeganistão
continua livremente. Ao menos dois civis afegãos foram
mortos e quatro outros foram feridos na quarta-feira quando uma
casa foi atingida por um morteiro disparado pelas tropas da OTAN.
O incidente ocorreu no distrito de Ali Sher, localizado na
província de Khost, sudoeste do Afeganistão, depois
que insurgentes atacaram uma base das tropas de ocupação.
A resposta da OTAN envolveu disparos de morteiro, que matou um
casal adolescentes e feriu um homem, sua esposa e seus dois filhos.
O comandante dos EUA no Afeganistão, General Stanley
McChrystal, assumiu publicamente um compromisso de diminuir a
matança de civis, emitindo ordens para restringir o uso
de bombardeios aéreos e ofensivas noturnas por tropas especiais
dos EUA. Ainda assim, a matança de civis continua.
O New York Times informou na sexta-feira que, embora
McChrystal também tenha ordenado limites mais estritos
no que diz respeito a atirar em afegãos que supostamente
ameacem a segurança das tropas mantendo os inúmeros
bloqueios nas estradas e transitando em comboios, essas medidas
fracassaram em diminuir as mortes.
Nós atiramos em um número incrível
de pessoas, mas, até onde sei, nenhuma jamais provou ser
uma ameaça, o Times citou McChrystal falando
às suas tropas em uma videoconferência recente.
Mencionando estatísticas das Nações Unidas,
o jornal informou que 36 civis foram mortos pelas forças
americanas no ano passado e 41 em 2008. O número real é
provavelmente muito maior, já que esses dados não
consideram os afegãos mortos por empresas militares contratadas.
Como um exemplo desses incidentes, o Times se referiu
ao caso de Mohammed Yonus, 36 anos, descrito como um Imam
e respeitada autoridade religiosa que ensinava 150 estudantes
em uma madrasa de Kabul. Viajando para a escola dois meses atrás,
ele passou por um comboio militar e soldados abriram fogo abrindo
seu peito enquanto seus dois filhos sentavam no carro.
De acordo com o Times, sua a morte voltou as pessoas
do vilarejo de Yonus, Hodkail, contra a ocupação.
O jornal cita um ancião da vila, Naqibullah Samim: As
pessoas estão cansadas de todas essas ações
cruéis pelos estrangeiros, e não podemos mais sofrer
dessa forma. O povo não tem outra escolha; ele se levantará
contra o governo e lutará contra ele e os estrangeiros.
Existem muitos casos de pessoas inocentes sendo mortas.
Na quinta-feira também a morte de dois marines americanos,
o Sargento Major Robert Cottle, 45, e o Cabo Rick Centanni, 19,
que foram mortos quando seu veículo atingiu uma mina terrestre.
As últimas baixas trazem o número de soldados mortos
entre as forças de ocupação afegãs
para 1.700, de acordo com números do web site icasualties.org.
[traduzido por movimentonn.org]
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