WSWS : Portuguese
Conselhos de fábrica e sindicatos implementam o plano
europeu de "reestruturação" da GM
Por Dietmar Henning
24 de março de 2010
Utilice
esta versión para imprimir |
Comunicar-se
com o autor
As demissões em massa na Opel e na Vauxhall na Europa
estão tomando forma. Os conselhos e os sindicatos estão
desempenhando um papel crucial na implementação
do plano de reestruturação da GM. Eles
estão ajudando a elaborar os detalhes dos cortes de empregos,
salários e benefícios sociais, e ao mesmo tempo
estão jogando os trabalhadores de uma planta contra os
outros. Eles também estão trabalhando em estreita
colaboração com seus respectivos governos, ajudando
a empurrar bilhões de dólares em dinheiro dos contribuintes
para os cofres da General Motors.
No início de fevereiro, o CEO da Opel, Nick Reilly,
anunciou que a GM estava cortando 20% de todos os empregos. Na
Europa, quase 10.000 trabalhadores perderiam seus empregos. Os
restantes 40.000 funcionários da GM enfrentam cortes salariais
num total de 265 milhões por ano. Reilly também
exigiu 2,7 bilhões em doações e garantias
dos governos europeus com filiais da Opel em seus países.
A GM originalmente não planejava usar o seu próprio
dinheiro para os cortes de emprego. Enquanto isso, a direção
da GM anunciou que a empresa forneceria 1,9 bilhão.
Enquanto os conselhos de fábrica em cada país
buscam acalmar os trabalhadores da Opel e apontam para as negociações
que estão conduzindo, pelas costas dos trabalhadores eles
estão trabalhando para implementar as exigências
de Reilly.
Na fábrica da Opel em Zaragoza, Espanha, os sindicatos,
a administração e o governo espanhol de José
Zapatero acordaram em cortar 900 postos de trabalho. O acordo
prevê que isso seja feito com "responsabilidade social",
disse a representante sindical Ana Sanchez. Os contratos temporários
não serão renovados, trabalhadores mais velhos estão
sendo persuadidos a se aposentar "voluntariamente".
Reilly agradeceu explicitamente ao governo espanhol, que "possibilitou
o acordo entre a administração e os sindicatos".
O acordo permitirá ao governo espanhol apoiar financeiramente
a GM. O governo Zapatero havia condicionado seu apoio financeiro
à GM ao acordo entre a empresa e o sindicato.
Sexta-feira passada, o governo trabalhista anunciou que a Inglaterra
seria o primeiro país europeu a fornecer à GM uma
garantia de cerca de 300 milhões para os cortes
de empregos. "Estamos muito satisfeitos com o apoio do [Ministro
da Economia] Lord Mandelson e do governo britânico, que
demonstraram a sua fé em nossa empresa", disse Reilly.
O sindicato britânico Unite deu as boas vindas a essa garantia
financeira para a GM. O Unite também concordou com a redução
de 369 postos de trabalho na fábrica da Vauxhall em Luton.
Na Alemanha, as negociações têm-se revelado
um pouco mais complicadas, uma vez que os vários conselhos
de fábrica estão jogando as quatro fábricas
uma contra a outra. Mas, no entanto, isso não muda nada
quando se trata de fazer com que os ataques sobre os empregos
e salários sejam aceitos. Na Alemanha, são principalmente
os dirigentes dos conselhos de fábrica em Bochum - Rainer
Einenkel -, e em Rüsselsheim - Klaus Franz - que estão
por trás dessas divisões. As duas outras fábricas
alemãs da Opel, em Kaiserslautern (2.300 empregados) e
Eisenach (1.800 empregados), vão ter cada uma 300 trabalhadores
que perderão seus empregos. Na fábrica principal,
em Rüsselsheim, 1.639 dos 16.000 postos de trabalho estão
na balança. Em Bochum, dos cerca de 5.000 postos de trabalho
existentes atualmente, 1.799 enfrentam o facão.
A questão mais importante nas lutas atuais é
o destino da fábrica da Antuérpia, na Bélgica.
Reilly tinha anunciado o fechamento dessa fábrica, com
seus cerca de 2.500 trabalhadores perdendo seus empregos. Klaus
Franz, que com sua posição de líder do Conselho
de Fábrica Central Europeu trabalha em estreita colaboração
com o presidente do Conselho de Fábrica da Bélgica,
Rudi Kennes, na Antuérpia, discordou veementemente.
Mas a oposição de Franz e Kennes é puramente
tática e tem dois objetivos principais. Em primeiro lugar,
o Conselho de Fábrica Europeu quer apresentar a continuação,
temporária e formal, de uma parcela da produção
na Antuérpia como uma vitória e assim justificar
o seu apoio para cortes e reduções de salários
a todos os outros locais. Em segundo lugar, apenas pela preservação
da fábrica da Antuérpia, pelo menos simbolicamente,
os fundos fiscais poderiam ser obtidos da Bélgica. O governo
belga havia prometido 500 milhões se a planta local
fosse mantida.
O dinheiro da Bélgica aparece com muito mais importância
uma vez que não é certo se o governo alemão
tomará parte no apoio financeiro para a GM. No entanto,
o Partido Liberal Democrata (FDP), que agora faz parte do governo
e detém a pasta de economia, sempre se pronunciou contra
o financiamento para a Opel e considera a insolvência a
solução mais limpa". Há poucos
dias atrás, o Ministro da Economia, Rainer Brüderle,
afirmou que o pedido da GM de auxílios estatais para a
Opel deixou muitas perguntas em aberto.
Franz Kennes e outros representantes do Conselho de Fábrica
Europeu da GM haviam, portanto, apresentado uma proposta que mantinha
uma participação residual na fábrica de Antuérpia,
segundo a qual até 1.000 trabalhadores perderiam seus empregos.
A fábrica seria vendida a um investidor, e a GM manteria
uma participação minoritária de 20%. A fábrica
belga iria produzir modelos Astra e também buscaria clientes
externos.
Se esse plano vai ser finalmente aprovado é mais do
que duvidoso. Um porta-voz da empresa disse apenas que a proposta
seria examinada. Segundo Kennes, a GM está insistindo em
encontrar um investidor até junho. Mas esse prazo é
considerado demasiadamente curto.
Se as coisas procederem de acordo com Franz e Kennes, a produção
do Astra seria transferida de Bochum. Em resposta, Einenkel declarou
na segunda-feira em uma reunião de fábrica que ele
não iria permitir que a Antuérpia fosse salva
enquanto a nossa própria fábrica cai no esquecimento.
Numa nota recente aos trabalhadores de Bochum, ele escreveu: "Cancelar
a produção que já foi prometida coloca mais
1.000 empregos em risco em Bochum. Isso significaria uma morte
lenta para a planta de Bochum."
O Zeit Online comentou: Falar que sua fábrica
está em perigo mortal e depois declarar a sua sobrevivência
depois de tudo como uma vitória: É uma estratégia
que Einenkel usa uma vez atrás da outra. De fato,
durante o tempo de Einenkel no cargo nos últimos cinco
anos, mais da metade de todos os empregos em Bochum foram desmantelados.
No início de 2005, depois de uma greve dos trabalhadores
da Opel-Bochum contra a vontade do conselho de fábrica,
Einenkel assinou o chamado Pacto Europeu para o Futuro. Desde
então, dos 10.000 postos de trabalho originais nem sequer
5.000 permanecem. Os salários têm sido gradualmente
reduzidos. Agora, pelo menos, um adicional de 1.800 postos de
trabalho está para ser cortado e os salários reduzidos
ainda mais. A horripilante morte da fábrica de Bochum
já está em plena atividade há tempos.
Em uma recente declaração elaborada para a eleição
do conselho de fábrica Einenkel disse: "Podemos evitar
a ameaça de fechamento de Bochum. Sem nossos contratos
para o futuro nós teríamos sido os primeiros candidatos
ao fechamento". Einenkel bem sabe que o Conselho de Fábrica
da Antuérpia assinou o mesmo contrato.
A divisão sistemática dos trabalhadores e a propaganda
nacionalista dos conselhos de fábrica estão ficando
mais nítidas. Em sua mensagem para os trabalhadores no
início de março, Einenkel falou explicitamente contra
os "representantes do governo belga", que "continuam
a espalhar o absurdo" que "a Antuérpia foi mais
econômica do que Bochum. Trata-se de exatamente o oposto."
Em entrevistas a jornais, Einenkel acrescentou que produção
do Astra da Antuérpia também poderia vir de Rüsselsheim,
onde Franz preside o conselho de fábrica. Aqui, perto da
Insignia, o modelo de cinco portas do Astra será produzido
a partir de 2011. O modelo é considerado como um substituto
para os modelos produzidos pela subsidiária da GM, Saab,
que agora vai fechar em Rüsselsheim, como resultado da venda
da planta.
Enquanto Franz, Einenkel e outros líderes de conselhos
de fábrica jogam os trabalhadores das diferentes fábricas
uns contra os outros, eles trabalham em estreita colaboração
com os respectivos governos nos níveis estadual e nacional.
Klaus Franz, que no início da década de 1970 aderiu
ao grupo "Luta Revolucionária" junto do ex-Ministro
das Relações Exteriores Joschka Fischer (Partido
Verde), está agora intimamente associado à Chanceler
Angela Merkel (CDU, União Democrata-Cristã). Enquanto
isso, Rainer Einenkel, ex-membro do Partido Comunista Stalinista
DKP, está buscando uma união de frente com o Premier
da Renânia do Norte-Vestfália, Juergen Ruettgers
(CDU).
Este chauvinismo local é dirigido diretamente contra
os trabalhadores, para prevenir eventuais iniciativas conjuntas
para defender os empregos e salários.
A luta contra as corporações que operam globalmente
exige uma estratégia socialista internacional. A fim de
quebrar a influência dos conselhos de fábrica, a
burocracia sindical e sua política nacionalista, é
necessário estabelecer comitês de fábrica
independentes. Estes devem assumir o contato com todos os trabalhadores
de fábrica da GM, com os funcionários da GM nos
EUA e com os trabalhadores de outras fábricas de automóveis
e indústrias. A estreita cooperação dos trabalhadores
da GM deve tornar-se o ponto de partida e uma parte integrante
de um amplo movimento da classe trabalhadora para um governo dos
trabalhadores.
(traduzido por movimentonn.org)
Regresar a la parte superior de la página
Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved |