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EUA: pedidos de seguro-desemprego voltam a crescer
Por Tom Eley
4 de março de 2010
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Os pedidos de inscrição no seguro-desemprego
aumentaram na semana passada para o seu nível mais alto
desde 14 de novembro, de acordo com o Departamento do Trabalho
dos EUA. Os novos números sobre o seguro-desemprego, juntamente
com outros dados, mostram que não há recuperação
econômica para a extensa fila de trabalhadores americanos.
Os pedidos iniciais de seguro-desemprego aumentaram em 22.000,
para o total de 496.000 na semana encerrada em 20 de fevereiro.
Economistas esperavam um declínio de 13.000 ao longo da
semana anterior, para o total de 461.000. O Departamento do Trabalho
agora já registrou aumentos nos requerimentos iniciais
de seguro-desemprego em seis das últimas oito semanas.
A média de quatro semanas do número de pedidos
iniciais de seguro-desemprego, feita pelo Departamento do Trabalho,
e que se destina a esclarecer as anomalias nos dados semanais,
também subiu em 6.000, para o total de 473.750, a maior
taxa em três meses. Qualquer número superior a 400.000
mostra uma deterioração da situação
do emprego.
"O progresso em direção a um melhor'
clima no mercado de trabalho (pedidos iniciais abaixo de 400.000)
- contraposto a um clima menos ruim'- chegou a um impasse",
conclui Ken Mayland da ClearView Economics.
Os pedidos continuados, feito por trabalhadores desempregados
que tenham recebido seguro-desemprego por mais de uma semana -
cresceram em 6.000, para 4,62 milhões na semana encerrada
em 13 de fevereiro, e a média de quatro semanas dos pedidos
continuados também subiu para 4,6 milhões.
O número de trabalhadores desempregados que recebe benefícios
estendidos patrocinados pelo governo federal, uma estatística
que não é ajustada sazonalmente, caiu em 320.000
para 5,68 milhões. Esse declínio é atribuído
principalmente aos trabalhadores que tenham esgotado os benefícios
estendidos antes do Congresso aprovar uma nova extensão.
Outros grandes anúncios de demissões ocorreram
nesta semana. O New York City Transit Authority anunciou que vai
eliminar mais de 1.000 empregos, e o Jackson Memorial Hospital,
em Miami, Flórida, anunciou um corte de até 1.000
empregos. A Continental Airlines vai eliminar 600 postos de agentes
de reserva, e a empresa de consultoria de negócios Innovative
Consultants demitirá 287 trabalhadores, ambos em Houston,
Texas. O ABC News anunciou que vai eliminar entre 300 e 400 postos
de trabalho.
A escola pública do distrito de São Francisco
demitirá mais de 900 professores e funcionários;
a fabricante de aviões Boeing vai despedir 527 trabalhadores
no estado de Washington até o final de abril; as cidades
de Jersey e Nova Jersey demitiram 279 trabalhadores, um novo orçamento
para o condado de Sacramento, na Califórnia, prevê
o corte de 111 postos de trabalho da cidade; a fabricante de motores
de avião Pratt and Whitney vai cortar 163 postos de trabalho
de sua planta em East Hartford, Connecticut, e uma fábrica
de processamento de soja da Bunge vai demitir 100 trabalhadores
em Danville, Illinois.
No início da semana, o instituto de pesquisas Gallup
constatou que um em cada cinco trabalhadores dos EUA, cerca de
30 milhões no total, estão desempregados ou trabalham
menos horas do que gostariam.
Também na quinta-feira, o Departamento de Comércio
divulgou dados mostrando um aumento de 3% na venda de bens duráveis
no mês passado, produtos de consumo projetados para durar
pelo menos três meses. Mas esse aumento aparente apenas
"dá uma cara feliz para o que era nada mais do
que um relatório notavelmente fraco", segundo
a análise da Action Economics. Quando a compra de aeronaves
de defesa é excluída, as vendas de bens duráveis
diminuem em 2,9%.
Este último número fez com que a Macroeconomic
Advisers reduzisse sua previsão de crescimento no produto
interno bruto (PIB) dos EUA no primeiro trimestre em um décimo,
para 3%.
Evidências de um recuo na produção manufaturada
nos EUA ao longo dos últimos meses têm sido atribuídas
em grande parte às empresas que estão refazendo
inventários e à fragilidade do dólar nos
mercados internacionais. Os recentes aumentos do dólar
em relação ao euro e o sentimento de decadência
do consumidor nos EUA indicam que essa recuperação
pode logo parar.
Mais dados negativos também surgiram nesta semana do
mercado imobiliário dos EUA, cuja falência em 2007
desencadeou a crise econômica global.
O Departamento de Comércio informou na quarta-feira
que as vendas de casas recém-construídas caiu em
janeiro 11,2 % em relação a dezembro para o total
mais baixo em quase 50 anos - 309.000 unidades. O declínio,
o qual é previsto que seja mantido ou aprofundado em fevereiro,
significa mais demissões no setor da construção,
que eliminou mais de 75.000 empregos no mês passado e 2
milhões desde o início da crise. A taxa de desemprego
na construção está em níveis de depressão,
de 24,7%.
Os analistas não esperavam um declínio tão
acentuado nas vendas de casas novas. "Não amenizem
esses números", disse Mike Larson, um analista
da Weiss Research. "Eles fedem."
Na terça-feira, o índice Standard & Poor's
Case-Shiller mediu um declínio em dezembro de 2009 nos
preços das casas em 15 das 20 principais áreas metropolitanas
em novembro, e um declínio ano a ano de 3,1%.
O prognóstico para o mercado imobiliário dos
EUA em 2010 é desolador. No final de março, o Federal
Reserve vai finalizar as suas compras de títulos lastreados
em hipotecas, que canalizaram 1,25 trilhão de dólares
aos credores desde o final de 2008 - um movimento que provavelmente
aumentará as taxas de juros hipotecários, e a taxa
de crédito fiscal inicial para a compra de casas, que está
prevista para terminar em abril. Além de tudo isso, os
economistas esperam um fluxo de 2,4 milhões de casas com
hipotecas executadas no mercado neste ano.
Os valores das casas - a principal fonte de riqueza para a
maioria das famílias americanas.-já diminuiu cerca
de 30% desde 2006. Os preços das ações, nas
quais muitos norte-americanos colocaram suas economias da aposentadoria,
também caíram cerca de um terço desde sua
alta de 2008. Ligando estas quedas ao desemprego em massa e a
estagnação dos salários, é evidente
que a população trabalhadora foi substancialmente
empobrecida.
Isso só pode ter um efeito dramático em uma economia
em que quase 70% do produto interno bruto é baseado em
despesas de consumidor. Isso surgiu com a publicação
na terça-feira do índice de preços ao consumidor
do instituto Conference Board, que caiu fortemente em Janeiro,
e pelas informações de lucros dos grandes varejistas.
Agravando a situação está o fato de que
os bancos têm restringido concessão de empréstimos
a consumidores e pequenas empresas. De acordo com um relatório
trimestral da Corporação Federal de Seguros e Depósitos
(FDIC), divulgado esta semana, os bancos reduziram empréstimos
em 2009 no ritmo mais acentuado desde 1942, primeiro ano do envolvimento
americano na Segunda Guerra Mundial.
Nada pode mais claramente expor os multi-trilhões de
dólares de Wall Street que foram apoiados por ambos os
partidos Democrata e Republicano. Quando eclodiu a crise financeira
no segundo semestre de 2008, os políticos, incluindo o
então candidato presidencial Barack Obama, prometeram que
a ajuda aos bancos financeiros iria "abrir a torneira"
do crédito.
Não só os empréstimos contraídos,
mas os trilhões de dólares bombeados para os mercados
financeiros têm servido aos interesses de lucro apenas dos
maiores bancos, mostra o relatório do FDIC. Um número
crescente de bancos pequenos e regionais - aqueles mais expostos
ao empobrecimento dos consumidores e menos protegidos pelo Tesouro
e o Federal Reserve - estão ameaçados de colapso,
o que coloca um ponto de interrogação sobre a solvência
do próprio FDIC.
Segundo o FDI,c 702 bancos estavam em risco de falência
no ano passado, o número mais alto em 16 anos, e 140 faliram.
Quase US$ 400 bilhões em empréstimos e arrendamentos,
5,4% do total, caíram três meses seguido, um recorde.
Apenas no quarto trimestre, os bancos registraram $53 bilhões
em empréstimos podres. A presidente do FDIC Sheila Bair
prevê que estes números crescerão em 2010.
traduzido por movimentonn.org
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