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Uma reviravolta na Europa

Por Chris Marsden
2 de março de 2010

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Publicado originalmente em inglês no dia 26 de fevereiro de 2010.

A greve geral de quarta-feira na Grécia, envolvendo dois milhões de trabalhadores dos setores público e privado, marca uma reviravolta na situação política em toda a Europa. Ela representa a manifestação mais significativa de um movimento crescente de resistência à tentativa dos governos da Europa e empresas de fazer os trabalhadores pagarem pela crise econômica e pelo resgate euro-multibilionário dos bancos.

No início deste novo movimento da classe trabalhadora, duas características fundamentais surgiram: o movimento assume um caráter transfronteiriço e internacional, e os trabalhadores imediatamente avançam contra a falência de seus velhos sindicatos e organizações políticas - todos os quais são ligados a um programa nacionalista.

De fato, medidas de austeridade estão sendo impostas pelos governos da "esquerda" oficial não menos do que pelos de "centro" e "direita."

Esta semana viu uma sucessão de greves e protestos por toda a Europa:

Na segunda-feira, 4.500 pilotos da Lufthansa entraram em greve na Alemanha. Na França, os controladores de tráfego aéreo entraram em greve ao lado dos trabalhadores em seis refinarias francesas de petróleo. A tripulação da British Airways votou mais de 80% pela greve.

Na terça-feira, manifestações de protesto aconteceram em Madri, Barcelona e Valência contra as medidas de austeridade impostas pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do governo de José Zapatero. Os sindicatos na República Tcheca anunciaram que o transporte público será interrompido na próxima semana.

Uma greve geral de um dia do setor público está prevista para 4 de março em Portugal contra o prolongamento do congelamento dos salários como parte de medidas para reduzir o déficit de 9,3% do produto interno bruto para 3% em 2013. Pilotos franceses também anunciaram planos para entrar em greve no final desta semana.

Essas greves e protestos são apenas a primeira resposta por parte dos trabalhadores da Europa para a ofensiva travada contra eles. As mobilizações mais extensas têm sido nos países onde os cortes mais selvagens foram anunciados.

Portugal, Itália, Grécia e Espanha - os chamados “PIGS”, "porcos" na sigla em inglês - têm sido alvo por parte dos bancos e dos especuladores financeiros e ordenados pela União Européia a reduzir drasticamente os seus déficits orçamentais. Isso vai criar um precedente para cortes semelhantes em toda a Europa. Mas o fato de que a inquietação industrial se espalhou para a Alemanha, França e Reino Unido indica o potencial de desenvolvimento de um verdadeiro movimento pan-europeu.

As mesmas tendências que fundamentaram o ressurgimento da luta de classes na Europa existem na América do Norte e América do Sul, Ásia e África.

Muitos dos protestos e manifestações foram relativamente pequenos - um fator utilizado pela imprensa financeira para exigir que os respectivos governos continuem firmes na imposição de medidas de austeridade. No entanto, os analistas mais perceptivos estavam certos das implicações mais amplas dessas ações. Escrevendo no Independent, Sean O'Grady afirmou que as greves marcaram o início do "Inverno de Descontentamento na Europa". Elas “prometem ser apenas o começo da maior demonstração de descontentamento público vista no continente desde o fervor revolucionário de 1968", continuou.

Comentando o impacto político das medidas de austeridade que levarão milhões ao desemprego e os serviços sociais às ruínas na Grécia, Portugal, Espanha e Itália, observou ele: "As tensões democráticas das nações que haviam sido governadas por líderes fascistas ou por militares, ainda na lembrança de muitos, estão aumentando."

As bases para um movimento social e político no continente estão enraizadas nos problemas comuns enfrentados pelos trabalhadores em uma economia globalizada, dominada por grandes bancos internacionais e empresas. Estas organizações, e a oligarquia financeira que representam, estão exigindo cortes sem precedentes nos programas sociais, nos salários e aposentadorias, a fim de pagar os trilhões de dólares entregues pelos governos europeus aos bancos. Eles estão especulando contra qualquer economia que é vista como portadora de dívidas pesadas e que esteja indisposta a levar adiante os ataques necessários sobre a classe trabalhadora, aumentando, assim, a pressão financeira sobre os governos visados.

Até agora, o caráter objetivamente internacional do movimento em desenvolvimento na Europa não encontra expressão política ou organizacional. Pelo contrário, por toda a parte ele encontra a oposição determinada dos sindicatos, a ponto da sabotagem desmascarada.

Esta semana revelou a traição de muitas dessas tentativas iniciais de resistência por parte da classe trabalhadora. O sindicato dos pilotos alemães, Vereinigung Cockpit, cancelou a greve na Lufthansa em seu primeiro dia, e a Confederação Geral do Trabalho (CGT) solicitou o fim da greve contra a gigante do petróleo Total, na França. Em ambos os casos, os sindicatos capitularam sem ter vencido nenhuma das reivindicações dos trabalhadores. Por seu lado, o sindicato Unite anunciou ontem que o mandato dos seus membros para a greve contra a British Airways seria “segurado”, enquanto as negociações ainda acontecem.

Aqueles protestos e greves que têm seguido adiante são, do ponto de vista dos sindicatos, destinados a liberar o vapor da pressão ao invés de mobilizar um movimento político contra os governos que estão impondo medidas austeras. Os sindicatos representam seus respectivos governos como simples reféns, quer da União Européia ou dos especuladores, ao invés de como representantes políticos da classe capitalista.

Os cortes mais draconianos estão sendo impostos pelos governos social-democratas, que chegaram ao poder como resultado da hostilidade popular aos governos de direita - o PASOK na Grécia, o PSOE na Espanha, e do Partido Socialista em Portugal. Em todos os casos, eles foram eleitos com o apoio das burocracias sindicais, os quais permaneceram seus aliados enquanto as reformas prometidas davam lugar aos orçamentos austeros.

O objetivo dos sindicatos é regular as tensões sociais e garantir que elas não representem uma ameaça para as grandes empresas e o Estado. Um porta-voz da Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) deixou isso claro quando disse que a imposição das medidas austeras planejadas pelo PASOK seria "trágica porque vai provocar instabilidade social e conflitos."

A Irlanda é citada por financistas globais como o modelo a ser seguido para a imposição de cortes entre 10 a 15% nos salários e serviços. A habilidade do governo Fianna Fáil é tornar os sindicatos irlandeses inteiramente seus dependentes, os quais cancelaram as greves contra o orçamento que envolveram centenas de milhares de trabalhadores.

O Congresso dos Sindicatos Irlandeses está limitando a ação contra o governo a uma ação de operação-padrão do funcionalismo público. Seu líder, Jack O'Connor, declarou: "Haverá aqueles que irão nos representar se esforçando para reverter o orçamento e enfraquecer o governo democraticamente eleito. Eu quero declarar enfaticamente que o um acordo pode ser alcançado."

Quaisquer que sejam as intenções da burocracia sindical, a raiva sobre os cortes que estão sendo ditados pelos bancos e pelas empresas continuará a crescer. Seus esforços para policiar esta oposição, para abafar e traí-la, só vai levar ao desenvolvimento de um movimento de massa que deve, necessariamente, assumir a forma de uma rebelião política contra os sindicatos e os governos que eles defendem.

Não há solução nacional para a crise que enfrentam os trabalhadores na Grécia, Espanha, Portugal ou em qualquer outro lugar. Eles estão a sendo levados a uma luta comum contra o capital globalmente organizado. A questão fundamental que enfrenta toda a classe trabalhadora européia é a adoção de um programa socialista e internacionalista como base para uma nova liderança política e organizações de massa para promover a luta de classes em oposição às organizações nacionalistas e pró-capitalistas do movimento trabalhista oficial.

traduzido por movimentonn.org

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