WSWS : Portuguese
Polícia acaba com ocupação no complexo
da Hyundai no Sula da Índia
Por Arun Kumar
16 de junho de 2010
Utilice
esta versión para imprimir |
Comunicar-se
com o autor
A polícia dispersou uma ocupação de trabalhadores
radicais em uma montadora de automóveis da Hyundai em Sriperumbudur,
no estado sulista indiano de Tamil Nadu, na última terça-feira.
Para dispersar a ocupação que durou dois dias,
a polícia deteve e encarcerou 196 trabalhadores. Mais tarde
na terça-feira, eles detiveram e encarceraram mais 86 trabalhadores
grevistas por continuarem a agitar, fora do complexo da Hyundai,
suas reivindicações: a reintegração
de 67 trabalhadores demitidos como resultado de uma greve anterior
e o reconhecimento do seu sindicato, o Sindicato dos Funcionários
da Hyundai Motor India (HMEIU).
Somente na sexta-feira os 282 trabalhadores foram libertados
da prisão de Vellore. E apesar das declarações
na mídia corporativa de que a Hyundai não prestaria
queixas, os trabalhadores tiveram de pagar fiança. A ameaça
de multas e prisão, portanto, continua a pairar sobre eles.
A ocupação começou cedo na manhã
de segunda-feira, quando entre 250 e 400 trabalhadores sentaram-se
em uma correia transportadora. Temendo que a ação
pudesse se espalhar, a montadora sul-coreana moveu-se rapidamente
para fechar as duas unidades de montagem que opera em Sriperumbudur,
um emergente centro da indústria automobilística
a 40 quilômetros da capital do estado de Tamil Nadu, Chennai.
Este fechamento, informou a Hyundai, estava custando a produção
de 1.200 carros, avaliados em US$ 14 milhões, por dia.
Declarando ilegal a ação dos trabalhadores, a
Hyundai pediu auxílio ao governo do estado de Tamil Nadu,
liderado pelo Dravida Munnetra Kazhagam (DMK), um parceiro de
coligação do governo nacional, por sua vez liderado
pelo Partido do Congresso Nacional Indiano.
Com o ataque da polícia na terça-feira, o DMK
procurou tranqüilizar a Hyundai, o maior investidor estrangeiro
do estado, de que esta pode contar com ele para policiar as suas
operações de mão-de-obra barata e reprimir
manifestações dos trabalhadores.
Fortalecida pela repressão policial, a Hyundai continuou
na quarta-feira a produção utilizando os aprendizes
e trabalhadores temporários.
Pouco depois, o HMEIU, que é afiliado ao Centro de Sindicatos
Indianos (CITU), a federação sindical do stalinista
Partido Comunista da Índia (marxista), acabou a greve sob
um acordo traidor que havia sido mediado pelo Departamento do
Trabalho do governo do estado.
Nos termos deste acordo, o destino de 35 dos 67 trabalhadores
punidos será decidido por uma comissão ad hoc de
arbitragem empresa-sindicato-governo. Nenhuma garantia foi dada
de que algum dos 35 ser recontratado. J os 32 restantes foram
deixados a se virarem sozinhos. Tampouco a Hyundai que recorreu
a puni?es indiscriminadas em uma tentativa de reprimir a crescente
radicaliza?o dos trabalhadores, que resultou em quatro greves
em seu complexo de Sriperumbudur desde 2008 concordou em reconhecer
o HMEIU.
R. Sethuraman, um vice-presidente sênior da filial indiana
da Hyundai, disse à imprensa que, sob o acordo para acabar
com a greve "um comitê de análise de seis membros
com dois representantes do sindicato, a direção
da empresa e da secretaria do trabalho local" será
estabelecido "para considerar caso a caso a reintegração
de 35 funcionários demitidos. Os 32 trabalhadores demitidos
restantes têm que procurar recurso legal."
A administração da Hyundai foi rápida
para agradecer pessoalmente ao ministro-chefe do estado do DMK,
M. Karunanidhi, e o ministro-chefe adjunto, seu filho, M. K. Stalin,
por seu papel em sufocar a rebelião dos trabalhadores.
O complexo de Sriperumbudur é central para as operações
da Hyundai no mundo. Muitos, se não a maioria, dos carros
que a sexta maior montadora do mundo vende na Europa e no sudeste
da Ásia são feitos na Índia.
Uma medida do regime de trabalho que prevalece nas operações
da Hyundai de Sriperumbudur é o pequeno número de
trabalhadores efetivados que a empresa emprega. A força
de trabalho é composta por 2.000 trabalhadores temporários,
1.500 aprendizes, 1.000 aprendizes de comércio, 1.200 estagiários
técnicos, e apenas 1.650 em tempo integral, trabalhadores
efetivados.
Embora breve, e ultimamente sem rumo graças à
perversa influência política do CITU stalinista,
a greve-ocupação da Hyundai provocou muitos comentários
nervosos na imprensa internacional.
Muitos jornais, inclusive na Coréia do Sul, observaram
que a greve em Tamil Nadu seguiu greves nas fábricas da
Hyundai na China e coincidiu com uma série de greves que
interromperam as operações da Honda na China.
A greve na Hyundai, muitos comentaristas também observaram,
faz parte de uma onda de greves de montadoras na Índia.
Nos últimos meses houve várias greves na indústria
automotiva no país. Nestas, incluem-se uma greve em outubro
passado de cerca de 3.000 trabalhadores de uma fábrica
de autopeças da Rico, no cinturão industrial de
Gurgaon no norte da Índia, que por sua vez desencadeou
uma greve de solidariedade por parte de 100 mil trabalhadores
e uma disputa em curso na planta de automóveis da Mahindra
and Mahindra ltda. de Nasik, desencadeada pela punição
ao presidente do sindicato por parte da administração.
Uma faísca importante para esta agitação
tem sido o avanço das montadoras em acelerar a produção
e cortar empregos em resposta à crise econômica mundial.
Houve também uma série de ataques e ameaças
de greve contra os planos do governo central de avançar
com a privatização parcial ou total do número
de unidades do setor público, planos que, invariavelmente,
estão ligados a cortes de empregos em massa e outras medidas
anti-operárias.
"Embora os dados do governo sobre as greves este ano não
estejam disponíveis", disse um relatório de
9 de junho da Reuters, "há indícios de que
elas estão em ascensão e mais agitação
pode estar por vir enquanto a Índia procura retirar o investimento
de setores estatais com excesso de pessoal para cobrir um déficit
orçamental escancarado."
Os governos central e estadual da Índia - como demonstraram
o ataque da polícia sobre a ocupação da Hyundai
desta semana e as represálias selvagens tomadas contra
os trabalhadores da Air India após paralisarem o trabalho
no mês passado - estão prontos para o uso da repressão
e da violência para reprimir qualquer ofensiva dos trabalhadores.
Mas a elite da Índia está ainda mais dependente
dos sindicatos, especialmente os filiados ao stalinista Partido
Comunista da Índia (Marxista) e sua Frente de Esquerda
para conter e debilitar politicamente a classe trabalhadora.
Embora haja um crescente descontentamento dos trabalhadores
sobre os preços dos alimentos, cortes de empregos, privatização
e crescente desigualdade social, os stalinistas sistematicamente
limitam sua resistência a protestos e barganhas coletivas
do sindicato que visam pressionar o Congresso e outros grandes
partidos das empresas a adotar políticas "populares".
Estes protestos, aliás, estão subordinados às
manobras parlamentares reacionárias dos stalinistas. Por
quatro anos, a Frente de Esquerda apoiou o atual governo liderado
pelo UPA no Congresso. Em Tamil Nadu, ela pende entre o alinhamento
com o DMK e o All India Anna Dravida Munnetra Kazhagam (AIADMK).
O CITU stalinista incitou os trabalhadores da Hyundai a pressionar
o governo do DMK a intervir e forçar a empresa a reconhecer
o sindicato. Previsivelmente, a DMK já interveio: para
reprimir os trabalhadores, em nome da Hyundai.
Ao mesmo tempo, os stalinistas estão em um bloco eleitoral
com o AIADMK, que quando por último formou o governo do
estado de Tamil Nadu entrou em conflito violento com a classe
trabalhadora. No verão de 2003, ele usou demissões
em massa e fura-greves ou pelegos para esmagar uma greve dos trabalhadores
do governo estadual.
(traduzido por movimentonn.org)
Regresar a la parte superior de la página
Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved |