EN INGLES
Visite el sitio inglés
actualizado a diario
pulsando:
www.wsws.org

Análisis Actuales
Sobre el WSWS
Sobre el CICI

 

WSWS : Portuguese

Ford Austrália: metalúrgicos em greve contra retrocesso nas condições de trabalho

Por Chris Sadlier
2 de junho de 2010

Utilice esta versión para imprimir | Comunicar-se com o autor

Os trabalhadores da Ford-Austrália lançaram duas greves de 24 horas em maio, a primeira desse tipo de ação na indústria em 12 anos. Mais de 300 empregados qualificados da divisão de manutenção das fábricas de Broadmeadows e Geelong, no estado de Victoria, vêm resistindo às repetidas tentativas da empresa e dos sindicatos para forçá-los a um novo Acordo de Negociação com a Empresa (EBA - Enterprise Bargaining Agreement), que compromete as condições de trabalho e proporciona um eficaz corte de salário.

As negociações começaram no ano passado com a gigante de automóveis exigindo um congelamento de salários para todas as categorias e um sistema novo de salário de duas camadas destinado a colocar os trabalhadores uns contra os outros, com os novos contratados recebendo 15% a menos do que a força de trabalho atual. A Ford também queria ampliar sua exploração de trabalhadores informais e temporários, especialmente durante épocas de baixa produção.

A empresa desde então tem feito algumas concessões menores. Por exemplo, dispôs-se a empregar alguns aprendizes adicionais durante o prazo do acordo. A Ford também está oferecendo um fixo de $ 30 por semana de aumento salarial anual para os dois primeiros anos do acordo, reduzindo para $ 20 por semana no terceiro ano. Isso é bem abaixo do índice oficial de inflação; os trabalhadores estão exigindo um aumento anual de 8%. O último aumento salarial que os trabalhadores receberam foi em agosto de 2008.

Os sindicatos tentaram forçar a proposta de acordo, apesar da forte oposição da base. Em novembro do ano passado, a EBA proposta incluía um congelamento salarial inicial de 12 meses. O secretário da Divisão Federal de Veículos do Sindicato Australiano dos Trabalhadores Industriais (AMWU), Ian Jones, declarou publicamente que a oferta foi um "acordo razoável para tempos muito, muito, difíceis", acrescentando: "Quando você analisa os resultados, neste momento, é bastante notável".

Alguns empregados qualificados que rejeitaram o acordo recentemente falaram ao World Socialist Web Site. "Inicialmente, os trabalhadores da manutenção votaram contra em Geelong (89%) e em Broadmeadows (92%)", disse um trabalhador. "Não satisfeita com o resultado, a empresa contratou uma empresa privada de eleições para realizar uma votação secreta - ainda assim, 75% votaram contra... Na linha de produção, que é coberta pela Divisão de Veículos do AMWU, 80% votaram contra o acordo em uma reunião com a participação do [oficial do sindicato] Ian Jones. Uma divisão dos membros da reunião foi convocada, mas, ainda assim, os trabalhadores votaram contra. Eles estavam desesperados para fechar o acordo; logo após, os delegados sindicais carregaram as urnas por toda a fábrica exigindo que os operários votassem enquanto ainda estivessem trabalhando. Eles afirmaram que isso foi feito de modo a não interromper a produção no momento".

Como resultado dessas medidas, quatro das cinco divisões de locais de trabalho da Ford abrangidas pela EBA assinaram. Os empregados qualificados permaneceram contrários.

Depois da tentativa frustrada de intimidar essa seção da força de trabalho, os sindicatos lutaram para não perder o controle da situação e coordenaram uma ação direta neste mês. Os trabalhadores, membros do AMWU e do Sindicato de Setor Elétrico (ETU), primeiramente entraram em greve em 10 de maio e estabeleceram piquetes fora das plantas de Broadmeadows e Geelong. Esta foi uma ação autorizada, e os sindicatos baixaram a cabeça para os procedimentos do "Trabalho Justo Australiano", incluindo o fornecimento de aviso prévio à empresa sobre os locais e horários precisos das interrupções de trabalho.

A produção nas duas fábricas da Ford continuou durante a greve. Os sindicatos instruíram seus membros em outras divisões da empresa, incluindo os trabalhadores da produção e os empregados qualificados da metalurgia, a não aderirem à greve. Nenhuma outra seção da classe trabalhadora foi mobilizada. Até onde o ETU e o AMWU estavam preocupados, a greve serviu para acalmar um pouco os ânimos, distraindo os trabalhadores e ganhando algum tempo para a burocracia trabalhar nos bastidores para definir com a Ford alguns meios de implementar o acordo.

Os repórteres do World Socialist Web Site conversaram com os trabalhadores que protestavam fora da planta de Broadmeadows. "Quando a empresa está indo bem, há uma desculpa", disse um deles. "Quando eles estão indo pelo ralo, há uma desculpa. É sempre os trabalhadores do chão de fábrica que sofrem ... Já quanto ao governo Rudd - é a primeira vez que eu não vou votar nos Trabalhistas. Rudd é pior do que os Liberais -ele não assume o que está fazendo. Não há nenhuma mudança para melhor - nós fomos enganados ... E ninguém noticiou isso. A notícia de que o WorkChoices [ato do governo concernente às relações de trabalho nas empresas, que teria sido alterado] não foi alterado não foi divulgada. As pessoas na rua acham que ele desapareceu".

Outro trabalhador também denunciou o sistema de relações de trabalho industriais dos Trabalhistas. "O ‘Trabalho Justo na Austrália' não está funcionando muito bem mesmo", disse ele. "É como se nós estivéssemos caminhando para trás. Tivemos o diabo que conhecemos, e agora o que temos é pior. Eles conseguiram deixar ainda mais difícil entrar em greve. Para agir hoje, temos que passar por votações em urna e isso demorou semanas. A empresa costumava tentar nos parar de fazer greve, mas agora está pior. Eu sei que você pode receber um monte de multas".

Outra greve autorizada foi realizada em 18 de maio, embora sem piquetes ou protestos. As negociações continuam. Ian Jones do AMWU disse ao WSWS hoje que os empregados qualificados seriam presenteados com outra votação em urnas ainda na próxima semana. Ele reconheceu que o EBA proposto era "exatamente o mesmo" do anterior rejeitado pelos trabalhadores, embora com algumas concessões sobre a contratação de aprendizes e de uso do contrato de trabalho.

A luta dos trabalhadores da Ford em defesa dos seus salários e condições de trabalho colocou-os em confronto não apenas com a Ford, mas também com os sindicatos, que funcionam como policiais industriais em nome das corporações e do governo trabalhista do primeiro-ministro Kevin Rudd. As relações draconianas do regime de trabalho industrial fazem parte de uma ampla agenda da extrema-direita a ser implementada em nome das grandes empresas e do capital financeiro.

Centenas de postos de trabalho na indústria automobilística foram destruídos sob o governo Rudd. Os trabalhadores foram informados de que devem fazer sacrifícios - cortes salariais, aumento na velocidade de produção, férias forçadas quando a produção parar - para manter a competitividade das empresas. No entanto, os altos executivos e investidores corporativos não têm sacrificado nada. A Ford Austrália obteve um lucro de $ 13 milhões no ano passado, revertendo vários anos consecutivos no vermelho. O lucro veio apesar de uma queda de 7% nas vendas e foi gerado pelo aumento de subsídios do governo federal e estadual, assim como por medidas de redução de custos.

Cada rodada de demissões em massa na Ford e em outras companhias automobilísticas foi implementada com o apoio dos sindicatos, que trabalham preventivamente para sabotar qualquer defesa do emprego e, ao invés disso, entregar mais um "fechamento ordeiro" de plantas e de capacidade de produção.

Para evitar que essa luta atual seja vendida e sabotada pelo AMWU e pelo ETU, os empregados qualificados da Ford devem formar comitês de base, independente dos sindicatos, elegendo trabalhadores de confiança para organizar a campanha. Ligações devem ser estabelecidas com outros setores da classe trabalhadora - em primeira instância, com os 60.000 trabalhadores das indústrias nacionais de veículos e componentes automotivos que têm enfrentado um ataque aos postos de trabalho, cortes de turnos, e ataques sobre os salários. Esse deve ser o primeiro passo para a unificação das lutas dos trabalhadores da Ford e de outros trabalhadores da indústria automobilística nos EUA, Europa, Ásia e internacionalmente - que enfrentam pressões semelhantes na direção de taxas de lucro cada vez maiores das empresas.

Tal estratégia exige uma nova orientação política com base num programa socialista para reorganizar a sociedade para atender às necessidades prementes das pessoas que trabalham e não aos lucros de uma minoria rica. Isso inclui a colocação de bancos e grandes empresas como a Ford sob controle democrático popular. Os trabalhadores da Ford devem fazer uma ruptura consciente com os sindicatos e com o Partido Trabalhista e lutar para construir um novo partido socialista de massas, o Partido da Igualdade Socialista.

(traduzido por movimentonn.org)

Regresar a la parte superior de la página



Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved