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China: Estoura greve em fábrica japonesa de eletrônicos

Por John Chan
8 de julho de 2010

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Publicado originalmente em inglês no dia 2 de julho de 2010.

Operários da fábrica Mitsumi Electric na cidade de Tianjin, na zona norte da cidade de Tianjin, estão em greve desde terça-feira lutando contra os baixos salários e as péssimas condições de trabalho. A greve é a mais recente de uma série de paralisações por parte dos trabalhadores chineses que se iniciou na fábrica da Honda, no sul da China, em maio. Os trabalhadores das fornecedoras de auto-peças da Toyota em Tianjin também protagonizaram greves em junho, levando a maior montadora chinesa da Toyota ao fechamento.

A planta da Mitsumi, que produz componentes eletrônicos como sintonizadores e interruptores, situa-se no distrito de Dongli, junto a outras fábricas japonesas que incluem afiliadas da Toyota e da Honda. Um porta-voz da Mitsumi em Tóquio disse à imprensa: "Suspeitamos que a situação pode ter sido influenciada por acontecimentos anteriores", referindo-se às greves precedentes nas fornecedoras de auto-peças da Toyota que se encontram nas proximidades.

A imprensa oficial Xinhua só noticiou a greve em inglês, e não em chinês, com medo de que outros trabalhadores sigam o exemplo. Um grevista disse à Xinhua que a maioria dos 3000 operários estavam em greve. Muitos são retirantes pobres que reclamam que os salários não estão acompanhando o aumento dos preços. Um trabalhador disse que novos funcionários ganham apenas 1500 yuan (US$ 220) por mês, trabalhando seis dias por semana com duas horas extras todos os dias.

Muitos trabalhadores em uniformes verdes e azuis fizeram piquete em frente à fábrica, segurando faixas que diziam: "Queremos aumento salarial" ou "Queremos tratamento justo". Centenas de policiais foram chamados para vedar a fábrica e impedir que trabalhadores falassem com jornalistas. No entanto, uma trabalhadora disse à Associated Press: "Estamos em greve porque a fábrica nunca aumentou nossos salários, mas continuam aumentando nossa carga de trabalho. É muito desgastante". A Mitsumi recusou-se a dar detalhes sobre a lista de reivindicações dos grevistas.

A polícia da internet chinesa deletou muitas postagens, feitas aparentemente por grevistas e apoiadores, que apontavam os baixos salários na Mitsumi, carga de trabalho intensa e péssimo ambiente de trabalho. Sem hora extra, trabalhadores da linha de frente ganham apenas 800 yuans/mês, menos do que o salário mínimo oficial. A maioria das linhas de produção obrigam os trabalhadores a ficar em pé o tempo todo. Mesmo durante intervalos ou horário de almoço, não há assentos suficientes e a maior parte dos operários acabam sentando-se no chão. A ventilação é extremamente precária, tornando a fábrica quente e úmida no verão, causando freqüentes desmaios entre os empregados. A soldagem das peças eletrônicas produz gases tóxicos, mas a diretoria recusa-se a ligar o sistema de ventilação a não ser quando os inspetores de segurança estão presentes.

Uma outra greve pouco noticiada de três dias ocorreu recentemente no conglomerado americano Ingersoll-Rand em Zhongshan, na província de Guangdong. A greve na planta, que produz sistemas de ar condicionado comerciais, terminou no dia 26 de junho, mas só ficou conhecida pela mídia depois graças ao anúncio oficial da firma. Este é outro sinal de que grande parte das agitações operárias não estão sendo noticiadas.

As greves atuais causaram grande preocupação nos círculos financeiros internacionais, mesmo que apareçam como esporádicas ou isoladas. O medo é de que as paralisações sejam apenas a ponta do iceberg de um descontentamento muito maior. Um movimento político mais amplo entre os milhões de trabalhadores chineses poderia representar uma séria ameaça não apenas ao capitalismo chinês, mas mundial.

O colunista da Bloomberg, William Pesek, comentou na última terça-feira: "Se essas greves fabris continuarem, a China poderá ter que se tornar comunista". Perguntou ele: "É tentador adivinhar qual caminho a China continental [o governo] irá seguir. Ficará ela do lado das reivindicações de aumento salarial e deixar as greves aumentarem? Poderá ela dar um basta neste movimento crescente para proteger a importante máquina de exportações? Ou os trabalhadores exigirão um comunismo verdadeiro - não apenas aquele que abomina o Google?".

O comentário é um reconhecimento, por parte da elite financeira norte-americana, de que qualquer luta dos trabalhadores chineses pelo verdadeiro comunismo significaria um conflito aberto com o regime erroneamente chamado de comunista. Pesek garante a seus leitores que o governo não recorreria a seus métodos usuais de polícia de Estado, mas seguiria a lição do industrialista norte-americano Henry Ford em 1914, aumentando os salários para garantir que a China fosse "mais para o lado do capitalismo do que do comunismo".

Deixando de lado o fato de que o capitalismo e todos os seus males sociais já florescem na China, o argumento ignora a realidade de que salários altos ameaçariam a posição chinesa de primeiro lugar na plataforma de mão-de-obra barata. E mais, o regime stalinista não hesitará em esmagar qualquer movimento entre os trabalhadores que represente uma ameaça política.

Da mesma maneira, o editorial do Financial Times de terça-feira declarou que a teoria de Karl Marx estava "fora de moda" na China. "Sua análise do capitalismo, ao descrever como um ‘exército de reserva industrial' garante a manutenção dos baixos salários e incrementa os lucros da acumulação capitalista, teria notado que em nenhum lugar o contingente de empregados, e não desempregados, é maior do que neste país nomeadamente comunista, mas vorazmente capitalista". Acrescentou-se: "As manifestações e reivindicações salariais nas fábricas chinesas da Foxconn e Honda, porém, mostram com que rapidez essa análise torna-se ultrapassada".

De fato, um dos principais fatores por trás dos recentes aumentos salariais é precisamente o encolhimento do exército de reserva industrial ou a emergência de escassez relativa de força de trabalho. O exemplo do editorial dos planos da gigante Foxconn de realocar 300.000 postos de trabalho para as províncias interioranas é porque a empresa está buscando espremer mais uma fonte de mão-de-obra barata. Além disso, os operários estão sendo forçados a entrar na luta justamente porque os salários atuais simplesmente não são suficientes para a sobrevivência. Em termos marxistas, as companhias pagam abaixo do valor da força de trabalho que exploram - o tempo de trabalho socialmente necessário para que o trabalhador retorne à fábrica todos os dias e para reproduzir a próxima geração.

Além disso, a escassez atual de mão-de-obra é apenas relativa. O economista Andy Xie recentemente argumentou no site de negócios Caixin Online que a "escassez de mão-de-obra" na China era apenas uma impressão distorcida do fato de que a maioria das companhias preferiam contratar trabalhadores jovens, cujo "custo de manutenção" é baixo em termos de cuidados com a saúde e obrigações familiares. "Oportunidades para trabalhadores de meia-idade estão em baixa, e uma parte significante está ociosa há um longo tempo", explicou. Xie encorajou os empregadores a explorar esta força de trabalho - em outras palavras, expandir o exército de reserva industrial - para "mudar significativamente o balanço de oferta e demanda" a favor dos empregadores.

Dezenas de milhares de trabalhadores qualificados e de meia-idade foram demitidos de empresas estatais, mas permanecem desempregados. Além disso, disse Xie, havia uma leva "ainda ilimitada" de milhares de universitários recém-graduados que ainda não se submetem a empregos de baixo salário. A implicação é que o governo e empregadores deveriam encontrar meios de forçar os recém-graduados desempregados a trabalhar nas fábricas. Apesar de Xie ter previsto um aumento a longo prazo nos custos da mão-de-obra na China quando as reservas de migrantes rurais se esgotarem, a análise que ele apresentou aponta claramente para a resistência da elite capitalista em fazer concessões significativas aos trabalhadores.

Enquanto que os grevistas da Mitsumi podem receber concessões salariais limitadas, como ocorreu nas greves mais recentes, o governo chinês e os empregadores não poderão tolerar qualquer mudança fundamental ao atual regime de mão-de-obra barata. Isso aponta, inexoravelmente, para um confronto que se aproxima entre a classe trabalhadora chinesa e o Estado policial de Pequim, que opera em nome da elite corporativa, chinesa e internacional.

(traduzido por movimentonn.org)

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