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FMI prevê desaceleração para a economia
mundial
Por Barry Grey
13 de julho de 2010
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Em seu relatório atualizado, World Economic Outlook
(Panorama econômico mundial), lançado
na última quinta-feira em Hong Kong, o Fundo Monetário
Internacional (FMI) previu de crescimento econômico mundial
mais lento para os próximos 18 meses. Apesar de a instituição
de empréstimo, com sede em Washington, ter revisado para
cima sua estimativa anterior para este ano, ela revisou para baixo
a estimativa feita anteriormente para a economia mundial em 2011,
assim como para a dos Estados Unidos e para economias maiores
da Europa, Ásia e América Latina.
A essência do relatório consistiu em advertir
que a suposta recuperação econômica está
perdendo fôlego, frustrando expectativas de que o desemprego
em massa nos EUA e na maior parte do mundo irá retroceder
a qualquer momento. O FMI, ao mesmo tempo em que subestimou a
probabilidade de um mergulho duplo recessivo, declarou:
Os riscos negativos aumentaram significativamente em meio
à renovada turbulência financeira. E acrescentou:
O efeito último poderá ser o de uma demanda
global consideravelmente mais baixa.
Esta é a primeira análise mundial do FMI desde
o irrompimento da crise de dívida soberana na Europa e
da subseqüente guinada do continente a severas políticas
de austeridade. O FMI citou o corte nos gastos de estímulo
governamental para 2011, crescimento mais lento na produção
industrial, medidas de redução de déficit
na Europa e a queda na confiança do consumidor americano
e europeu como fatores que freiam o crescimento futuro.
Os problemas de dívida e sistema bancário europeus
poderão se espalhar por outras regiões e enguiçar
a recuperação mundial, disse Jose Vinals,
diretor do departamento de mercados capitais e finanças
do fundo, em Hong Kong.
No futuro próximo, disse o FMI, o
principal risco é de uma escalada da instabilidade financeira
e contágio estimulados pela preocupação crescente
com o risco soberano. Isso poderá levar a aumentos extras
nos custos de financiamento e ao enfraquecimento de balancetes
e, assim, a condições mais severas de empréstimo,
queda na confiança do mercado e do consumidor e a mudanças
bruscas nas taxas de câmbio.
O fundo destacou que os países europeus e os EUA competirão
para refinanciar US$ 4 trilhões em títulos públicos
que vencem na segunda metade deste ano. Isso faz aumentar a pressão
dos mercados financeiros sobre a Grã-Bretanha e países
mais fracos da zona do euro - como Portugal e Espanha - para cortarem
seus déficits e elevar seus custos de empréstimo.
O FMI advertiu que o efeito calmante do fundo de
10 bilhões de euros, estabelecido pelo FMI e União
Européia em maio para garantir o pagamento da dívida
pública da zona do euro, está se desgastando,
e apontou que as taxas de juro pagas por países como Espanha
e Itália estão subindo mais uma vez em comparação
àquelas pagas pela Alemanha.
No calcanhar dos problemas fiscais da Grécia,
dizia o relatório, os investidores estão reajustando
os preços desses riscos em toda a região.
O FMI também disse que o sistema bancário está
infectado por um legado de purificação inacabada,
que deixou bolsões de vulnerabilidade, excesso de
capacidade e pouca lucratividade. Notou que os bancos recuaram
em conceder empréstimos uns aos outros, deixando muitos
bancos europeus contar com empréstimos a curto prazo do
Banco Central Europeu para não afundarem.
A previsão amarga do FMI trouxe às claras os
esforços do governo Obama de dar um ar positivo para o
desastre econômico nos EUA. Horas depois de o FMI ter emitido
seu relatório, Obama foi posar para fotos em uma pequena
fábrica de caminhões elétricos em Kansas
City, Missouri, para angariar o sucesso de suas políticas
econômicas de emprego.
O que está absolutamente claro é que estamos
nos movendo na direção certa, disse ele. Ele
não fez menção alguma à recusa do
Congresso em estender a política federal de auxílio-desemprego
a milhões de trabalhadores desempregados em longo prazo.
Isso já privou cerca de dois milhões de trabalhadores
de qualquer renda, um número que pode chegar a 3,3 milhões
até o fim do mês e sete milhões até
o fim do ano, a não ser que o auxílio estendido
seja retomado.
Tampouco mencionou a recusa do Congresso em providenciar alívio
adicional aos governos estaduais e locais do país que enfrentam
enormes déficits e estão cortando empregos e serviços
públicos essenciais.
Como sinalizou Obama no dia anterior, ao anunciar seu Conselho
de Exportação do Presidente, seu governo abandonou
efetivamente as medidas de estímulo adicionais e está
redefinindo seu programa de empregos mais diretamente
para coincidir com os interesses lucrativos do grande capital.
Isso inclui a promoção das exportações
norte-americanas utilizando o desemprego em massa para rebaixar
os salários e aumentar a produtividade do trabalho, tornando
a produção industrial americana uma plataforma de
mão-de-obra barata de exportação para os
mercados mundiais. Isso também inclui mais concessões
à elite corporativa em cima de regulações
e isenção de impostos.
O relatório do FMI prevê que o crescimento econômico
mundial irá cair para 4,3% no ano que vem, de 4,6% neste
ano. Recentemente, o Instituto de Finanças Internacionais,
uma associação de banqueiros, o JP Morgan e o IHS
Global Insight previram quedas ainda mais fortes na taxa de crescimento.
As previsões do FMI de que o crescimento norte-americano
irá cair de 3,3% para 2,9% em 2010 e que não irá
passar de 3% ao ano nos próximos cinco anos.
O fundo está incentivando os EUA a tomar ações
mais rápidas e severas para deter seus déficits
governamentais. Ele sugere medidas que incluem o corte de benefícios
de seguridade social, a eliminação ou diminuição
do corte de impostos sobre hipotecas e a imposição
de um imposto nacional sobre vendas - todas medidas que visam
atingir a população trabalhadora.
O FMI prevê um pequeno ganho para 2011 nos 16 países
da zona do euro, mas isso sobre a mera taxa de 1% para 2010. De
acordo com o fundo, a zona do euro terá uma taxa de crescimento
de 1,3% no ano que vem. Esta será abaixo da previsão,
feita em abril, de crescimento de 1,5% para 2011.
O fundo rebaixou sua previsão de abril para o crescimento
britânico em 2011 de 2,5% para 2,1%. Também rebaixou
sua previsão para a Espanha em 2011.
A taxa de crescimento do Japão deverá cair de
2,4% este ano para 1,8% em 2011. A taxa da Índia está
prevista para cair de 9,4% para 8,4%. O FMI rebaixou sua previsão
de 2011 para a China de 9,9% para 9,6%. Para a Ásia como
um todo, o FMI prevê uma queda de 7,5% para 7%.
O Brasil, maior economia da América Latina, passará,
de acordo com o FMI, por uma queda em sua taxa de crescimento
de 7,1% para 4,2%.
Para as economias avançadas como um todo, o FMI vê
um declínio no crescimento de 2,6% em 2010 para 2,4% em
2011.
O relatório do FMI coincide com relatórios do
governo americano que apontam para uma continuidade da fragilidade
econômica. O Departamento do Trabalho relatou na quinta-feira
que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego semanais
caíram em 21.000, mas o total permaneceu em um nível
alto de 454.000 - bem acima do nível que sinalizaria um
crescimento significativo nas contratações. A média
mensal de pedidos de auxílio-desemprego caiu em apenas
1.250 para 466.000.
As redes de loja do varejo lançaram seus relatórios
de venda para junho, mostrando, na maioria, ganhos parcos.
Ainda mais fatídico foi o relato do Wall Street Journal
na terça-feira sobre a queda brusca no preço do
aço em junho, levando as produtoras de aço americanas
a diminuírem a produção das fábricas
nos estados de Indiana e Maryland.
Wells Fargo, o quarto maior banco americano em ativos, anunciou
na quarta-feira que irá fechar sua unidade de empréstimos
subprime e eliminar 3.800 empregos. Cerca de 2.800 trabalhadores
serão demitidos nos próximos 60 dias, os outros
1.000 será lançado no próximo ano.
A gigante farmacêutica Merck disse na quinta-feira que
irá fechar oito centros de pesquisa e oito fábricas
nos EUA e no mundo como resultado de sua aquisição,
no ano passado, pela Schering-Plough. Os fechamentos são
parte de seu plano anunciado em fevereiro para eliminar 15.000
empregos.
(traduzido por movimentonn.org)
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