WSWS : Portuguese
A "gentil taxa bancária" de Obama
Por André Damon
27 de janeiro de 2010
Utilice
esta versión para imprimir |
Comunicar-se
com o autor
Publicado originalmente em ingles no WSWS o dia 15 de janeiro
de 2010 .
O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou na quarta-feira,
dia 13, seus planos para implementar uma taxa bancária
que "devolveria aos contribuintes americanos cada último
centavo". Trata-se de um ato político sem qualquer
substância real voltado para afastar Obama dos bancos,
na medida em que estes pretendem anunciar seus bônus multi-milionários
do último ano.
A taxa afetará bancos, companhias seguradoras e grandes
corretoras com mais de US$ 50 bilhões em ações.
Serão, ao total, cerca de 50 empresas, das quais 35 são
dos EUA e as outras são filiais norte-americanas de empresas
externas ao país.
"Nós queremos nosso dinheiro de volta e nós
o teremos", afirmou Obama, bravejando com pose populista.
"A minha determinação para atingir tal objetivo
apenas se fortalece com os relatos dos lucros massivos e os bônus
obscenos por parte de algumas das empresas que devem sua própria
existência ao povo americano", declarou.
Segundo afirmou Obama, a nova taxa arrecadará US$ 90
bilhões dos bancos em dez anos e cobrirá todos os
gastos do governo com o plano TARF (Programa para Recuperação
de Ações Problemáticas, na sigla em inglês).
Em contraste, o Inspetor Geral Especial para resgates bancários
estimou um total injetado no sistema financeiro, até agora,
de US$ 23 trilhões.
Obama busca convencer o público de que, ao receber de
volta o dinheiro do TARP, os bancos recompensarão completamente
os contribuintes do país. Mas o TARP é apenas um
entre dezenas de programas de resgate do governo dedicados aos
bancos, desde o livre e ilimitado acesso ao crédito, garantias
contra perdas, regulamentações mais fáceis
e injeção de dinheiro de forma indiscriminada desde
que o sistema financeiro entrou em colapso em meados de 2008.
Mesmo o Wall Street Journal, um intransigente oponente
das taxas corporativas e das regulamentações, baixou
os ombros, falando sobre a "a gentil taxa bancária
de Obama". Um post no blog do WSJ observava: "Pagar
US$ 10 bilhões por ano não é nada para um
indústria que, como o Goldman Sachs, ganhou US$ 250 bilhões
apenas com as provisões do último ano".
Apesar dos níveis grotescos de bônus bancário
pagos nos últimos anos, Obama fez somente uma polida recomendação
aos bancos. "Eu sugeri que apenas cumprissem com suas responsabilidades
e pedi que cobrissem os custos do resgate", afirmou.
O governo Obama está bastante envolvido e deve ser responsabilizado
pelos "obscenos" bônus bancários. A Casa
Branca se negou (e continua a se negar) a impor qualquer limite
aos bônus bancários aos executivos. Há apenas
um pequeno número de empresas, entre elas a American International
Group (AIG), requisitadas a submeterem o bônus de seus executivos
ao governo. Mesmo assim, continuam sendo bônus multi-milionários.
A proposta original do TARP apresentava 2013 como o ano para
a devolução total do dinheiro usado no pograma.
Agora, Obama tenta adiantar tal devolução em 3 anos.
Apesar do frágil caráter da proposta, provavelmente
não receberá apoio do Congresso. Brian Gardner,
analista da Keefe, Bruyette & Woods, escreveu dia 14: "No
final das contas, somos um tanto céticos sobre a aprovação
da proposta no congresso". Segundo ele, a probabilidade de
aprovação da proposta é de menos de 50%.
Obama pateticamente solicitou aos bancos que não subornassem
seus representantes no congresso para votarem contra a proposta
de lei. Todo o evento apenas evidencia como a Casa Branca e o
Congresso dos EUA funcionam apenas como um teatro de relações
públicas para os bancos.
A preservação da "saúde bancária"
e os privilégios aos executivos explicitam os interesses
de Obama muito anteriores à eleição. Em outubro
de 2008, quando o programa TARP foi anunciado, Obama defendeu
exaustivamente sua adoção. Quando, em março
de 2009, o pagamento de bônus adicionais aos executivos
da AIG se tornaram públicos, Obama apoiou as promessas
dos executivos de que tal dinheiro seria devolvido. O que em sua
maioria não ocorreu.
Agora, quando os banqueiros estão nadando na ilimitada
assistência prestada por Obama, este os repreende pela voracidade
e imprudência. É uma completa farsa! Os interesses
dos banqueiros ditam tudo o que é feito pelo presidente
e pelo Congresso. Em um país onde praticamente todos gostariam
de ver os banqueiros julgados e punidos, os mais calorosos defensores
de Wall Street podem ser encontrados na Casa Branca ou em Capitol
Hill.
[traduzido por movimentonn.org]
Regresar a la parte superior de la página
Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved |