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Trabalhadores da refinaria Total entram em greve por tempo indeterminado na França

Por Kumaran Ira
25 de fevereiro de 2010

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Desde 17 de fevereiro, os trabalhadores das seis refinarias de petróleo da Total na França estão em greve nacional por tempo indeterminado para apoiar os seus colegas da refinaria de Flandres, perto de Dunkirk (norte da França). O local enfrenta o fechamento definitivo, ameaçando cerca de 800 postos de trabalho. A greve pode causar escassez de combustível na França nos próximos dias, assim como o desligamento das operações de processamento de petróleo bruto.

A greve começou na refinaria de Flandres, em 12 de janeiro, e os trabalhadores ocuparam os escritórios administrativos da refinaria de Flandres a partir de 16 de fevereiro. Os operários pedem pela retomada da produção na refinaria, que parou de produzir produtos combustíveis desde setembro do ano passado. A refinaria de Flandres — que representa 13% da capacidade de refino da Total e emprega diretamente 370 funcionários e 450 subcontratados — produz 137.000 barris por dia. Trinta por cento da sua produção é exportada para a Europa, Estados Unidos e África.

Inicialmente, quatro sindicatos (CGT, SUD-Chimie, FO e CFDT) chamaram uma greve de dois dias nas seis refinarias francesas de petróleo da Total para 17-18 de fevereiro.

Em 18 de fevereiro, no entanto, os trabalhadores votaram a favor de uma greve nacional por tempo indeterminado. Além disso, os trabalhadores de 7 dos 31 depósitos de combustível da empresa também entraram em greve.

A greve nacional ocorreu depois que os trabalhadores de Flandres fizeram um apelo aos seus colegas em outras refinarias para apoiarem sua greve. Benjamin Tange, um trabalhador da refinaria de Flandres, disse ao jornal francês Le Parisien: "Nós queríamos enviar uma forte mensagem simbólica sobre a nossa determinação para a administração e para os trabalhadores de outras refinarias da corporação. Precisamos do apoio deles agora".

Um dos trabalhadores da refinaria de Dunkirk disse à imprensa: "Estamos desapontados e irritados, fomos mais uma vez enganados. Eles mentiram para nós por cinco meses, e lá isso está começando novamente. Eles não podem simplesmente nos deixar apodrecendo por seis meses em nosso local de trabalho como se fôssemos nada".

Segundo os sindicalistas, "Mais de 95% dos trabalhadores nas refinarias, depósitos de combustível e estações de abastecimento estão em greve, bloqueando o transporte de produtos combustíveis".

Os sindicatos estão insistindo para que as próximas ações da greve sejam decididas em um local de trabalho por vez, com os trabalhadores votando nas assembléias locais. Enquanto isso, os sindicatos estão trabalhando em novas negociações com a empresa.

François Pelegrina, delegado do CFDT, disse: "No geral, a pressão dos trabalhadores nos permitiu estabelecer um calendário mais preciso para as negociações, com a reunião européia de 18 de março (Comitê Empresarial) seguida de uma reunião da parte francesa do Comitê Empresarial Central no dia 29".

A greve está, de acordo com relatos, se espalhando para outras refinarias. Segundo a CGT, duas refinarias francesas de petróleo da Exxon Mobil, no Porto-Jérôme Gravenchon, Seine-Maritime e Fos-sur Mer, em Bouches-du-Rhone estarão em greve em 22 de fevereiro.

A greve nacional dos trabalhadores de refinaria acontece em meio aos planos do governo francês de corte de aposentadorias, de empregos no setor público, e de cortes com gastos sociais para reduzir o déficit orçamental crescente, a fim de tranqüilizar os mercados financeiros internacionais e os bancos.

Ela também ocorre depois que os trabalhadores da IKEA, empresa sueca de mobiliário doméstico, entraram em greve exigindo aumentos salariais.

O governo francês aceitou as razões para o fechamento da refinaria de Flandres, pedindo que a empresa apresentasse planos para a recontratação dos trabalhadores em outros empregos. O Ministro da Indústria, Christian Estrosi, disse: "Nós dissemos à Total: no dia em que vocês trouxerem planos de reposição para os trabalhadores e empreiteiros da Total no local (refinaria de Flandres), o governo vai permitir que vocês fechem as suas atividades de refino".

Em 1º de fevereiro, a Total adiou sua decisão de fechar refinaria de Flandres até junho e disse que se a refinaria de Flandres fosse fechada, criaria um centro de assistência técnica e uma escola de formação para recontratar dois terços dos 370 funcionários do local.

A Total está planejamento cortes nos postos de trabalho e na produção devido à queda na demanda por petróleo em meio à crise econômica global, apesar dos imensos lucros auferidos pela empresa. Para justificar o fechamento da refinaria, a Total emitiu um comunicado citando "uma redução estrutural duradoura do consumo de produtos petrolíferos. Nossas expectativas para o comportamento futuro do mercado não nos permite contar com uma melhoria da situação".

A empresa está prosseguindo com as demissões, embora permaneça altamente lucrativa. Em março passado, a Total anunciou que iria despedir 555 trabalhadores de refinaria até 2013. No início de fevereiro, a empresa anunciou que fizeram €8 bilhões em lucros em 2009, depois de €14 bilhões em 2008.

A Total está tentando enfraquecer a solidariedade entre os diferentes locais de trabalho e isolar a planta Dunkirk, alegando que outros locais na França não são ameaçados. Assim, o jornal Le Monde noticiou sexta-feira que a administração da Total declarou na sexta-feira, 19 de fevereiro, que "nenhuma outra refinaria de nossa empresa na França", para além de Dunkirk, "está ameaçada por um fechamento planejado".

Nenhum crédito pode ser dado a essas declarações. A Total tem mais planos de fechamento de plantas, e uma derrota dos trabalhadores de Dunkirk seria apenas o prelúdio de mais fechamentos em outros lugares.

Segundo a Reuters, a Total tem planos de cortar a capacidade de refino de 500.000 barris por dia entre 2007 e 2011. A Reuters acrescenta: "Se a Total decide fechar sua refinaria de Dunkirk, o grupo ainda terá de cortar outros 150.000-170.000 barris por dia de capacidade para cumprir a sua meta." Em outras palavras, a Total pretende fechar mais refinarias além de Dunkirk.

Em 5 de fevereiro, o jornal francês Libération citou um comentário feito pelo presidente da Federação Francesa da Indústria Petrolífera (UFIP), Jean-Louis Schilansky: "A situação é crítica no refino. Temos de fechar de 10 a 15 por cento das 114 refinarias da Europa para reequilibrar oferta e demanda".

Jean-Jacques Mosconi, chefe de estratégia e inteligência econômica da Total, disse no mês passado que a demanda por produtos refinados atingiu o seu auge na Europa e nos EUA em 2007.

A greve nacional pode causar escassez de combustível nos próximos dias. De acordo com funcionários da CGT: "Depois de cinco dias de paralisações do trabalho, haverá o início de escassez de combustível nas estações de gás".

Autoridades do governo tentaram minimizar o risco de escassez de combustível. O Ministro da Economia francês, Christine Lagarde, disse à France Info: "Não há risco de desabastecimento. Isso não é realmente um argumento que alguém deve ser autorizado a usar".

Na sexta-feira, porém, o UFIP, declarou: "A França tem de 10 a 20 dias de fornecimento de combustível para lidar com o agravamento de uma greve de refinaria".

[traduzido por movimentonn.org]

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