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Wikileaks, segredos diplomáticos e crimes imperialistas

Por Bill Van Auken
6 de dezembro de 2010

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O lançamento pelo WikiLeaks do primeiro entre 250.000 telegramas da embaixada dos EUA em todo o mundo provocou manifestações de indignação e pedidos de retaliação de Washington e seus aliados.

O procurador geral dos EUA, Eric Holder, reiterou nesta segunda-feira que o Departamento de Justiça, auxiliado pela inteligência militar, está realizando uma "investigação criminal ativa", presumivelmente destinada ao WikiLeaks e seu fundador, Julian Assange.

Os políticos democratas e republicanos se juntaram nas denúncias e ameaças. Alguns foram tão longe que sob a acusação de traição pediram pela execução do soldado Bradley Manning, acusado de vazar para o WikiLeaks o vídeo chamado "Assassinato Colateral", mostrando o massacre de civis iraquianos por um helicóptero dos EUA em 2007 .

Manning foi nomeado como uma "pessoa de interesse" nos vazamentos subsequentes, que incluíram postagem no WikiLeaks, em julho, de cerca de 92.000 relatórios de campo de batalha do Afeganistão documentando a morte de mais de 20 mil civis afegãos e outros 400 mil documentos sobre o Iraque em outubro, expondo milhares de mortes de civis não declaradas, bem como a utilização e encobrimento de torturas.

O deputado Peter King (republicano, NY) pediu que o WikiLeaks seja designado como uma "organização estrangeira terrorista", uma decisão que, presumivelmente, tornaria seus membros sujeitos a serem assassinados pela inteligência dos EUA ou por esquadrões da morte militares.

Uma das denúncias mais curiosas do WikiLeaks veio do senador Joseph Lieberman, o presidente do Comitê de Segurança Interna do Senado, que chamou os últimos vazamentos de "uma ofensa contra a nossa democracia e contra o princípio da transparência", porque a organização agiu para "colocar em curto-circuito" o "processo democrático" ao decidir tornar públicos os documentos que o governo havia considerado secreto.

Uma posição semelhante foi apresentada por um ministro francês falando em nome do Palácio do Eliseu. "Estamos muito solidários com o governo norte-americano em seus esforços para evitar o que não apenas prejudica a autoridade dos países, e a qualidade dos seus serviços, mas também põe em perigo homens e mulheres que trabalharam a serviço de um país", disse o porta-voz François Baroin . "Eu sempre pensei que uma sociedade transparente fosse uma sociedade totalitária".

Esta tentativa perversa de igualar o segredo de Estado com liberdade e democracia — e a exposição dos segredos para o público como antidemocrático e totalitário — fala muito sobre o caráter fraudulento da "democracia" nos EUA e no resto do mundo capitalista, bem como o caráter reacionário dos ataques ao Wikileaks.

Quem deu as principais respostas ao lançamento dos novos documentos pelo WikiLeaks foi a Secretária de Estado, Hillary Clinton, que também pediu que os responsáveis sejam punidos.

Clinton insistiu que, embora tenha havido casos anteriores em que "a conduta oficial foi divulgada em nome da exposição do delito, este não é um desses casos". Os telegramas vazados, ela alegou, apenas mostraram "que os diplomatas americanos estão fazendo o trabalho que esperamos que eles façam" e "isso deve deixar cada um de nós orgulhosos".

Claramente, Clinton aposta que ninguém lerá os telegramas e que a mídia flexível suprimirá grande parte do seu conteúdo. Entre as exposições que surgiram até agora estão:

* Um telegrama de janeiro 2010 que descreve uma conversa entre o general David Petraeus e o ditador corrupto do Iêmen, o presidente Ali Abdullah Saleh em que um acordo foi idealizado para o regime iemenita assumir a responsabilidade pelos ataques aéreos secretamente realizados pelos militares dos EUA. Apenas algumas semanas antes, um míssil de cruzeiro dos EUA devastou uma aldeia iemenita, deixando 55 pessoas mortas, pelo menos 41 delas mulheres e crianças.

* Telegramas do Departamento de Estado instruindo diplomatas dos EUA a recolher desde informações pessoais de cartão de crédito e números de conta de passageiros aéreos frequentes, até senhas de Internet, horários de trabalho e amostras de DNA de funcionários de governos estrangeiros e das Nações Unidas.

* Um telegrama descrevendo como o governo dos EUA trabalhou para intimidar a Alemanha a deixar os mandados de prisão contra agentes da CIA envolvidos no sequestro, detenção e tortura de um cidadão alemão inocente.

* Um telegrama de outubro 2009 da Embaixada dos EUA em Tegucigalpa, reconhecendo que a derrubada do presidente Manuel Zelaya constituiu um golpe ilegal e inconstitucional. O telegrama documenta o apoio de Washington, o "acobertamento" do golpe e a repressão que se seguiu.

Estas informações vem da postagem de uma pequena fração dos documentos a serem liberados pelo WikiLeaks durante os próximos meses. Se os funcionários dos EUA estão exigindo que a organização e seus líderes sejam processados — ou algo pior do que isso — não é porque a exposição dos telegramas secretos está perturbando "os esforços para trabalhar com outros países para resolver problemas comuns", como Hillary Clinton afirmou na segunda-feira. É porque eles desvelam crimes que têm sido levados a cabo pelo governo dos EUA, que deixou verdadeiras vítimas, desde os civis assassinados no Iêmen até os trabalhadores e camponeses presos, torturados e assassinados em Honduras.

É no interesse dos trabalhadores nos Estados Unidos e em todo o mundo que esses segredos devem ser desvelados.

Na cobertura da mídia do WikiLeaks, a sua exposição de material classificado é quase sempre descrito como "sem precedentes". Na realidade, há um precedente histórico. Ele acompanhou a conquista do poder do Estado pela classe trabalhadora russa, em Outubro de 1917.

Um dos primeiros atos do novo governo dos trabalhadores foi publicar os tratados secretos e documentos diplomáticos, que haviam caído em suas mãos. Estes tratados puseram a nu os objetivos predatórios da guerra da Grã-Bretanha, França e da Rússia czarista na I Guerra Mundial, que incluiu a redefinição das fronteiras nacionais e a re-divisão do mundo colonial. Ao expô-los, o novo governo operário revolucionário da Rússia procurou promover o seu programa de um armistício imediato para acabar com a matança.

Leon Trotsky, então Comissário do Povo para os Negócios Estrangeiros, explicou os princípios subjacentes à exposição destes segredos de Estado. "Diplomacia secreta", escreveu ele, "é uma ferramenta necessária para uma minoria de proprietários, que são obrigados a enganar a maioria, a fim de submetê-la a seus interesses. O imperialismo, com seus planos de conquista obscuros e suas alianças e acordos bandidos, desenvolveu o sistema de diplomacia secreta ao mais alto nível. A luta contra o imperialismo, que está exaurindo e destruindo os povos da Europa, é ao mesmo tempo uma luta contra a diplomacia capitalista, que causou medo suficiente".

Noventa e três anos depois, estas palavras resistem ao tempo. Por baixo das denúncias indignadas do governo Obama e dos republicanos sobre se o WikiLeaks estaria enfraquecendo a "segurança nacional" dos EUA está a raiva de uma aristocracia financeira dominante que deve perseguir os seus próprios interesses predatórios e reacionários em segredo, porque eles se opõem às necessidades e aspirações dos trabalhadores nos EUA e ao redor do mundo.

[traduzido por movimentonn.org]

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