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A "nova regra": Mais de um em cada cinco americanos
em risco de pobreza
Por Barry Grey
5 de agosto de 2010
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com o autor
Publicado originalmente em inglês em 29 de julho,
no WSWS.
Mais de um em cada cinco americanos sofreram uma perda de renda
familiar de 25% ou mais em 2009 em relação ao ano
anterior, segundo um novo relatório patrocinado pela Fundação
Rockefeller, intitulado "Estabilidade Econômica em
Risco". O relatório documenta um aumento constante
na instabilidade econômica desde 1960, e conclui que as
perdas de rendimento anual de 25% ou mais aumentaram 49,9% entre
1985 e 2009.
"Colocando esta tendência em termos de população",
afirma o relatório, "aproximadamente 46 milhões
de americanos foram considerados instáveis em 2007, contra
28 milhões em 1985". O chefe da equipe de pesquisa
que elaborou o relatório, o Professor Jacob Hacker da Universidade
de Yale, disse a um entrevistador: "O que estamos vendo,
basicamente, é o que estamos chamando de a nova norma'.
Estamos pouco a pouco chegando a esse nível de instabilidade
econômica".
O grupo de pesquisa desenvolveu o que chama de Índice
de Estabilidade Econômica (ESI), que mede o percentual de
americanos em um dado ano que experimentou um declínio
de pelo menos 25% do seu rendimento familiar disponível
e que não possui uma rede de segurança financeira
para substituir a renda perdida. Essa repentina queda de rendimento-
geralmente devida à perda de emprego, elevadas despesas
médicas, ou uma combinação de ambos
freqüentemente leva as pessoas a caírem na pobreza.
O relatório não inclui o ano de 2010, quando
o desemprego prolongado tornou-se endêmico. O ESI para este
ano será sem dúvida bastante superior ao de 2009.
O estudo ressalta que 60% dos norte-americanos experimentaram
pelo menos uma perda de rendimento de 25% ou mais durante o período
de 1966-2006, e que perdas desta dimensão tem se tornado
cada vez mais comuns entre a maior parte dos setores a partir
de meados da década de 80.
"Aqueles com maior renda e escolaridade enfrentaram menor
instabilidade", afirma o relatório. "Os menos
favorecidos, aqueles com educação limitada, afro-americanos
e hispânicos enfrentaram maior instabilidade. Praticamente
todos os grupos, no entanto, experimentaram um aumento significativo
da instabilidade nos últimos 25 anos.
O estudo também descobriu que a dimensão da queda
típica de rendimento cresceu, de 38,2% entre 1985 e 1995
para 41,4% entre 1997 e 2007. E o nível de instabilidade
salarial relativo ao desemprego aumentou ao longo do último
quarto de século. Em 1985, a taxa de desemprego foi de
7,2% e o ESI foi de 12%. Em 2002, quando a taxa de desemprego
foi de 5,8%, o ESI foi de 17%.
O relatório relaciona o aumento da instabilidade econômica
prolongada ao crescimento explosivo dos custos médicos,
ao endividamento das famílias e ao aumento, ao longo de
décadas, na concentração de riqueza no topo
da pirâmide econômica. Ele observa o relatório
de conclusão do Congressional Budget Office, de que entre
1979 e 2006 a renda média aumentou 21% para a quinta parte
das famílias americanas, mas aumentou 112% para os 10%
mais ricos e 256% para o 1% mais rico.
O forte aumento da instabilidade econômica documentada
pelo estudo da Fundação Rockefeller é o resultado
de uma ofensiva ao longo de três décadas da classe
dominante norte-americana contra os empregos, salários
e condições de vida da classe trabalhadora. Este
ataque se intensificou desde a erupção da crise
financeira em setembro de 2008, que iniciou a pior recessão
desde a década de 1930. Sob o governo Obama, o movimento
para descarregar a crise sobre a classe trabalhadora é
reforçado na forma de cortes salariais e cortes drásticos,cada
vez mais rápidos, nos gastos sociais locais e federais.
O governo Obama ampliou o pacote de resgate a Wall Street lançado
por Bush. Em seguida, sinalizou a intenção da classe
dominante de usar o desemprego em massa para permanentemente reduzir
os salários e as condições de vida dos trabalhadores
americanos ao nível dos trabalhadores pobres na Ásia,
quando o seu Auto Task Force levou a General Motors e a Chrysler
à falência no ano passado. Isto foi feito para impor
novos fechamentos de fábricas e demissões e reduzir
os salários dos trabalhadores recém-contratados
da indústria automobilística para a metade do nível
anterior.
Em seguida veio a chamada "reforma da saúde",
o que reduzirá os custos de saúde para as empresas
e para o governo através do racionamento de cuidados e
da redução de benefícios para dezenas de
milhões de trabalhadores e aposentados. Desde a aprovação
da reforma da saúde, o governo abandonou as medidas de
estímulo econômico, de modo a concentrar-se em cortar
o déficit orçamentário, atacando os programas
sociais básicos dos quais qual milhões de trabalhadores
dependem.
O resultado destas políticas é um aumento recorde
nos lucros das empresas, baseado quase exclusivamente na redução
dos custos de trabalho através de demissões, cortes
salariais e de benefícios. Em muitos casos, as empresas
relataram lucros muito mais altos, apesar de suas vendas e receitas
diminuírem.
Em um artigo intitulado "Indústrias encontram novos
lucros em cortes maiores", o New York Times de 26 de julho
informou que os lucros corporativos nos EUA saltaram 40% entre
o final de 2008 e o primeiro trimestre de 2010. Salientou que,
até o próximo ano, os analistas esperam que as margens
de lucro atinjam 8,9%, um nível recorde.
O Times escreveu que entre empresas do S&P 500 que relataram
seus resultados do segundo trimestre, 175 no total, mais de uma
em cada dez tinham maiores lucros e vendas mais baixas, quase
o dobro do número em um trimestre típico antes da
atual recessão. Entre as empresas que relataram ganhos
no segundo trimestre, a receita cresceu 6,9%, em média,
enquanto os lucros aumentaram 42,3%.
O artigo citou a produtora de motocicletas Harley Davidson,
que, apesar da queda nas vendas, na semana passada publicou um
lucro de US$ 71 milhões, mais do que triplicando seu lucro
de um ano atrás. No ano passado, a empresa cortou 2.000
empregos, mais de um quinto de sua força de trabalho, e
planeja cortar entre 1.400 e 1.600 outros empregos até
o final do próximo ano. As ações da Harley
subiram 13% no dia em que divulgou seu resultado trimestral.
Outras empresas que melhoraram seus resultados apesar da queda
nas vendas e receitas incluem a General Electric, JPMorgan Chase,
Hasbro e Ford. Espera-se que as operações norte-americanas
desta última arrebanhem mais de US$ 5 bilhões em
2010, apesar de uma queda de receita de US$ 20 bilhões
desde 2005. Durante o período de 2005-2010, a companhia
cortou sua força de trabalho norte-americana em quase 50%.
No mesmo dia, como o Times noticiou, o Wall Street Journal
publicou um artigo observando que os mercados financeiros estão
geralmente punindo empresas que relatam planos de expansão
e recompensam aqueles que não planejam novas contratações
ou que planejam mais demissões.
Esta política de guerra de classes está enriquecendo
ainda mais a aristocracia financeira. O Wall Street Journal publicou
na terça-feira a lista dos CEOs americanos mais bem pagos
dos últimos dez anos. No topo ficou o diretor-executivo
da Oracle, Lawrence Ellison, que embolsou US$ 1,84 bilhões
ao longo dos últimos dez anos.
Sua média anual de US$ 184.000.000 ajudou Ellison a
compilar sua fortuna estimada em US$ 28 bilhões. É
possível ter noção do estilo de vida de Ellison
e seus colegas CEOs a partir do fato de que o CEO da Oracle possui
vários caças, uma mansão de US$ 200 milhões
na Califórnia com um lago artificial, e mansões
em Malibu e Rhode Island.
A renda total dos 25 CEOs na lista do Wall Street Journal é
de US$ 13,5 bilhões, uma média de US$ 540 milhões
por executivo ao longo da década.
Tais níveis de avareza e obscenos níveis de riqueza
são o reverso de uma crescente instabilidade econômica,
pobreza e fome para milhões de trabalhadores nos Estados
Unidos e bilhões mais em todo o mundo.
(traduzido por movimentonn.org)
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