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Mercados mundiais despencam com preocupações
sobre aprofundamento da recessão
Por Patrick O`Connor
18 de agosto de 2010
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Os mercados de ações nos EUA e em todo o mundo
fecharam em forte baixa na quarta-feira, dia 11/08, em meio a
crescentes temores de um "duplo mergulho" na recessão
econômica. Um déficit comercial americano pior que
o esperado, a revisão para baixo do produto interno bruto
(PIB) dos EUA, a desaceleração do crescimento na
China, e indícios de temores de deflação
dentro do FED (Banco Central dos EUA) contribuíram para
a inquietação nos mercados financeiros.
Em Wall Street, o Dow Jones caiu 265 pontos, fechando em baixa
de 2,5%. O índice Standard & Poor's 500 perdeu 2,8%
e o Nasdaq, índice tecnológico, caiu 3%.
No Dow Jones, as ações financeiras e industriais
caíram mais acentuadamente, em especial as altamente expostas
à evolução da economia global. A Alcoa perdeu
6,1%, a Boeing 4,4% e a Caterpillar 3,8%. Todos esses três
índices principais dos EUA estão agora mais baixos
do que no início do ano.
Outros mercados despencaram para níveis semelhantes.
Na Inglaterra, o FTSE 100 caiu 2,4%. O DAX alemão caiu
2,1%, e o francês CAC 40 caiu 2,7%. Os índices asiáticos
caíram ainda mais.
O euro perdeu 2,3% do seu valor em relação ao
dólar, visto que os investidores migraram para ativos mais
seguros, incluindo o Tesouro americano. O Chicago Board Options
Exchange Volatility Index, conhecido como o "indicador do
medo", saltou para 17%.
As perdas do mercado seguiram a decisão do FED dos EUA,
anunciada na terça-feira, dia 10, de direcionar a receita
de sua dívida hipotecária vencida, os títulos
lastreados em hipotecas e contas do Tesouro para novos títulos
do Tesouro, ao invés de permitir que seu balanço
de US$ 2,3 trilhões caia. A ação pretende
tranqüilizar o setor financeiro de que as taxas de juro oficiais
do FED permaneceriam próximas do zero para um futuro previsível
e que a retomada do programa de "facilitações"
de dinheiro que efetivamente imprime dinheiro para comprar
títulos do Tesouro e obrigações hipotecárias
seria considerado no caso de outra grave contração
na atividade econômica.
Para muitos investidores e especuladores, o anúncio
do FED teve efeito contrário ao pretendido. Ao invés
de tranqüilizar, espalhou preocupações generalizadas.
"A conduta do FED ontem realinhou as estrelas e mudou
a narrativa daqueles que estavam relativamente confiantes de que
a recuperação estava intacta e não dependeria
muito de uma resposta política", disse David Gilmore
da ForeignExchange Analysts ao Wall Street Journal. Os investidores
agora se perguntam, segundo ele: "O que o FED sabe que nós
não sabemos?"
Joe Battipaglia, estrategista de mercado da Stifel Nicolaus,
disse ao New York Times: "Isto realmente abala a confiança
e levanta questões sobre o futuro. Que tipo de economia
nós temos, que precisa de mais 'facilitações'?"
Vários comentaristas afirmaram que a decisão
do FED levantou o espectro de um período prolongado de
deflação. "As comparações com
o Japão continuam voltando", afirmou ao Wall Street
Journal David Owen, economista financeiro da Jefferies. "O
que o FED está fazendo, tentando conduzir para baixo a
curva de lucro, cria um paralelo com o Japão. Na Europa,
a inflação está baixa e o risco de deflação
está chegando a muitos países".
O Departamento do Comércio informou ontem que o déficit
comercial dos EUA saltou quase 19% em junho, para US$ 49,9 bilhões.
Esse é o maior déficit registrado desde o crash
financeiro de Setembro-Outubro de 2008 e superou as previsões
dos economistas. As importações subiram 3% enquanto
as exportações diminuíram 1,3%.
Os números do comércio, combinados com uma queda
nos estoques das fábricas informada na semana passada,
desencadearam previsões de que o crescimento estimado do
PIB dos EUA para o segundo trimestre seria revisto. A estimativa
original do governo foi de 2,4%.
Nigel Gault da IHS Global Insight, disse ao New York Times
que o déficit comercial, combinado com outros dados fracos,
sugeriu que o crescimento no segundo trimestre foi de apenas 1,2%,
ou seja, metade do cálculo oficial inicial, "colocando
a economia em terreno ainda mais inseguro do que parecia e ressaltando
porque o FED mudou para um viés de flexibilização".
Alguns economistas têm sugerido que a taxa de crescimento
real é ainda menor. O Wall Street Journal citou Peter Newland
do Barclays Capital, que diz que a estimativa de monitoramento
de sua empresa para o crescimento do PIB no segundo trimestre
está agora em apenas 0,3%. A maior economia do mundo pode
ter permanecido praticamente estagnada, apesar das medidas de
estímulo do presidente Barack Obama e ostentações
de uma recuperação a caminho.
Há diversos sinais de novos problemas na economia global.
Novos dados da China indicaram resfriamento da economia, incluindo
o crescimento mais lento das vendas no varejo e os investimentos
em bens fixos. Valores de importação mais fracos
também foram relatados nesta semana, apontando para uma
dependência contínua da economia chinesa nos mercados
de exportação estrangeira.
O Banco da Inglaterra cortou ontem sua previsão de crescimento
anual na Grã-Bretanha para 2010 de 3,6% para 3%. A revisão
foi atribuída ao fracasso dos bancos em aumentar significativamente
a concessão de crédito e à incerteza diante
das economias americana e europeia.
Apesar dos sinais de uma nova contração econômica
global, os governos ao redor do mundo mantêm seu curso longe
de medidas de incentivo fiscal, privilegiando medidas de austeridade.
A prioridade ainda é fazer a classe trabalhadora pagar
pelos déficits e dívidas acumuladas pelo resgate
aos bancos e pelos programas de estímulo aos gastos, que
foram direcionados para aumentar seções específicas
dos negócios. A despesa pública está sendo
cortada em áreas chave, incluindo saúde, educação,
infra-estrutura social, empregos e salários do setor público.
Nos EUA, Europa e outras economias capitalistas avançadas,
o objetivo é reduzir permanentemente o nível de
vida dos trabalhadores.
Ao mesmo tempo, aos bancos e instituições financeiras,
responsáveis pela crise, foi assegurado que serão
protegidos caso ocorra um duplo mergulho da economia nos EUA e
na mundial. A decisão desta semana do FED de manter seu
dinheiro no mercado assustou os investidores, mas também
serviu para elevar as expectativas do mercado por uma intervenção
maciça do governo, caso seja necessário para manter
os lucros dos investidores de Wall Street.
(traduzido por movimentonn.org)
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