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EUA: Relatório de emprego aponta para recessão
prolongada
Por Andre Damon
6 de abril de 2010
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A economia dos EUA ganhou 162.000 empregos no mês passado,
o maior número dos últimos três anos, segundo
os últimos dados do Departamento do Trabalho. Longe de
uma recuperação, entretanto, os números revelam
uma economia estagnada, com desemprego de longa duração
em massa e um declínio contínuo dos salários.
A taxa oficial de desemprego permaneceu em 9,7%. Mesmo com
estimativas do governo, a taxa deve manter-se igual ou acima de
10% por meses ou até mesmo anos.
Cerca de 48.000 empregos criados em março foram contratações
temporárias para a realização do censo nos
EUA. Segundo algumas estimativas, 150.000 postos de trabalho devem
ser criados a cada mês para acompanhar o crescimento da
população. Combinando estes dois valores, o ganho
de empregos é nulo.
A faixa mais ampla do desemprego, que inclui os trabalhadores
"desencorajados", que deixaram o mercado de trabalho,
e pessoas que trabalham meio-período, porque não
há empregos de tempo integral, aumentou para 16,9%. Este
foi o terceiro mês consecutivo de aumento neste valor.
O desemprego de longa duração continua a aumentar,
assim como milhões de pessoas não conseguem encontrar
empregos durante meses ou anos. Mais de 6,5 milhões estão
sem emprego há no mínimo seis meses e 414.000 desde
o mês passado, um recorde de todos os tempos. A duração
média do desemprego também subiu ao nível
mais alto já registrado, registro que é feito a
mais de seis décadas, 31 semanas.
Um artigo do Wall Street Journalnessa sexta-feira observou
que o problema do desemprego de longa duração "é
nitidamente pior nesta recessão do que na grande queda
de 1981 e 1982." No auge da crise anterior, a porcentagem
de desempregados há seis meses ou mais foi de 26 %, em
comparação com os mais de 40% hoje.
Muitos dos desempregados de longa duração vão
ter seus benefícios e planos de saúde cortados esta
semana, isso porque o Senado não conseguiu aprovar a prorrogação
desses benefícios antes de entrar em um recesso de duas
semanas.
Uma grande parcela da sociedade dos EUA está desempregada
ou subempregada. Cerca de 15 milhões de pessoas estão
sem emprego e procuraram por trabalho toda semana. Outros 9,1
milhões trabalham meio-período, porque os empregos
de tempo integral não estão disponíveis.
E mais milhões simplesmente desistiram de procurar trabalho.
A economia dos EUA perdeu 8,4 milhões de empregos desde
início da recessão, e precisaria criar 10,8 milhões
de empregos para que a taxa de desemprego retornasse aos níveis
pré-recessão.
Os salários também estão estagnados, visto
que os empregadores se aproveitaram do desemprego em massa para
reduzir custos e aumentar seus lucros. O salário médio
por hora caiu 0,1 % em março, sem levar em conta a inflação.
Levando-se em conta a inflação, o salário
médio semanal caiu 2,2 % no terceiro trimestre do ano passado.
Esses são os números mais recentes para os quais
há dados disponíveis.
O crescimento morno do emprego em março não representa
como Obama considerou, "dar a volta por cima" e o início
de uma recuperação estável de postos de trabalho.
Mesmo nas estimativas do próprio governo Obama, a economia
dos EUA não atingirá o seu nível pré-crise
de desemprego pelos próximos sete anos, isso se algum dia
atingir.
Obama recebeu o Relatório de Emprego com um discurso
em uma fábrica de bateriasde íon lítioem
Charlotte, na Carolina do Norte. A Casa Branca tinha preparado
previamente um vídeo com entrevistas de trabalhadores da
empresa, Celgard, que teriam sido recontratados depois que a empresa
recebeu dinheiro do pacote de estímulo.
Obama usou o discurso para insistir mais uma vez que não
haveria nenhum programa federal de empregos para enfrentar a crise
do desemprego. "O verdadeiro motor do crescimento do emprego
neste país sempre foi o setor privado, empresas como a
Celgard," disse ele. "O que o governo pode fazer é
criar as condições para que empresas prosperem."
Na verdade, o principal componente da "recuperação"
tem sido nos níveis de lucro das corporações,
auxiliado pelo governo Obama. O lucro das empresas, que é
mais elevado quando os trabalhadores são super explorados
e mal pagos, cresceu de forma explosiva em 2009. Os diversos programas
de emprego do governo Obama, incluindo o pacote de
estímulo de US$750 bilhões, foram em grande parte
subsídios para empresas como a Celgard.
O crescimento da exploração se reflete em um
aumento drástico na produtividade do trabalho. No mês
passado, o Departamento do Trabalho anunciou que a produtividade
cresceu em 6,9%, o que significa que, em média, as pessoas
estão trabalhando mais intensamente a uma taxa de 7% superior
a um ano atrás.
Tudo isso tem pesado sobre a classe trabalhadora. Um estudo
de registros de tribunal descobriu que houve 158.000 pedidos de
falência pessoal em março, um aumento de 35% desde
fevereiro, e 20% acima do mesmo período do ano passado.
A situação da habitação é
ainda pior. Em 2009 havia 2,8 milhões execuções
de hipoteca, mas a RealtyTrac.com, um mercado de bens imobiliários,
espera que mais 4,5 milhões de pessoas percam suas casas
no próximo ano.
O governo Obama está comandando uma ofensiva de corte
de empregos em todos os níveis do governo. Estados e municípios
estão enfrentando déficits orçamentários
recordes e estão respondendo com cortes de programas sociais
e de empregos. Deixando de lado a contratação temporária
de recenseamento, o setor governamental encolheu drasticamente
em março, incluindo 3.500 empregos nos correios, 5.000
empregos nos governos estaduais, e 4.000 nos governos locais.
Mas ainda mais cortes de empregos estão por vir. As
empresas anunciaram planos de cortes de 67.611 postos de trabalho
em março de acordo com a agência Challenger, Gray
& Christmas. Esse é um aumento de 61% em relação
a fevereiro. Demissões previstas para os setores do governo
elevaram-se a um valor espantoso de 75% do total dos empregos
cortados. O Serviço Postal dos EUA está liderando
em relação a outros serviços, anunciando
que reduziria sua força de trabalho em 30.000 este ano.
Longe de criar empregos, o programa do governo de Obama é
promover um ambiente econômico com um elevado desemprego,
baixo gasto social, e salários em constante queda. Isso
é feito de acordo com o interesse direto do aumento dos
lucros das grandes empresas.
[traduzido por movimentonn.org]
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