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Itália:"Aliança de Esquerda" sofre derrota nas eleições regionais

Por Ulrich Rippert
6 de abril de 2010

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Nos dias 28 e 29 de março ocorreram eleições em 13 das 20 regiões da Itália. Resultaram em ganhos inesperados para a aliança de centro-direita liderada pelo Primeiro-Ministro italiano, Silvio Berlusconi, que assumiu o poder em 4 regiões e agora governa um total de 6. Em particular, a extrema-direita e racista Liga do Norte, que participa da coligação de Berlusconi, aumentou significativamente sua participação no sufrágio.

Embora haja ampla oposição popular à política de Berlusconi, a oposição partidária, liderada pelo Partido Democrata (PD), foi incapaz de sair vitoriosa no processo. O PD perdeu regiões importantes para a direita, incluindo o Lazio, que inclui a capital de Roma, e a fortaleza da classe trabalhadora Piemonte, centrada no pólo industrial de Turim. O PD e seus aliados só mantêm o poder em 7 regiões. Em 2005, o partido governou um total de 11 regiões.

Enquanto os eleitores puniram o PD, a oposição de Berlusconi expressou-se num nível de participação que, para os padrões italianos, é bastante baixo: uma queda histórica de 64%. Nas últimas eleições comparáveis, a participação dos eleitores foi de 72%. Em algumas regiões, como nos "baluartes vermelhos" da Toscana, Emilia-Romana e Marche, a participação de eleitores caiu até 10% em comparação aos cinco anos anteriores.

O resultado eleitoral demonstrou a falência política do PD e das organizações em sua órbita que, coletivamente, descrevem-se como a "centro-esquerda". Tais organizações incluem a Rifondazione Comunista (Refundação Comunista - PRC), o Partido Radical, liderado por Emma Bonino, uma ex-Ministra do Comércio sob Romano Prodi, e o partido "Itália de Valores", liderado por Antonio Di Pietro, que ganhou destaque por sua campanha contra a corrupção (Tangentopoli). Di Pietro também foi um ministro do segundo gabinete formado por Prodi.

A aliança de centro-esquerda registrou um declínio em seu apoio, apesar do dramático agravamento da crise econômica na Itália, do rápido aumento do desemprego, da crescente polarização social e da ampla oposição a Berlusconi e seu governo. Não é preciso enxergar muito longe para entender o motivo. Nenhum dos partidos envolvidos na aliança de esquerda estavam preparados para responder os problemas e preocupações sociais enfrentados pela grande maioria da população e assumir uma luta séria contra as políticas de Berlusconi.

Em particular, tais partidos se opuseram a qualquer mobilização da classe trabalhadora, pois tal movimento teria sido dirigido contra as políticas da centro-esquerda. Suas críticas contra Berlusconi foram inteiramente do ponto de vista tático. Eles também defendem os interesses dos bancos e da elite dominante. Respeitam a corrupção descarada e os escândalos obscenos que caracterizam o regime de Berlusconi como um obstáculo para impor medidas austeras drásticas como as que atualmente são realizadas na Grécia. Além disso, gostariam de se livrar de Berlusconi, mas se opõem veementemente à mobilização das massas para fazê-lo.

A covardia política da aliança de centro-esquerda se expressou na eleição por seu apoio a diversas manobras político-burocráticas. O campo de "esquerda" ficou eufórico quando se descobriu que o partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade (Popolo della Libertà, PDL), tinha apresentado a sua lista de eleição tarde demais e que tinha sido desclassificado da eleição. Reagiram de forma semelhante quando o PDL foi excluído das cédulas de voto na Lombardia, porque tinha muito poucas assinaturas recolhidas, ou seja, quando se descobriu que um número de assinaturas entregues eram palpavelmente falsas.

A oposição esperava que fosse possível parar Berlusconi em suas armadilhas com tais manobras. Suas esperanças, porém, estavam completamente equivocadas. Em vez disso, Berlusconi foi capaz de se colocar como vítima de manobras antidemocráticas e como defensor do direito de voto. Recorreu contra decisões judiciais em duas ocasiões e, em ambos os casos, um tribunal administrativo determinou que seu partido não cumpriu com os critérios necessários. Berlusconi, em seguida, aprovou um decreto do Senado, onde seu partido tem maioria e, à posteriori, estabeleceu uma nova data para a apresentação das listas eleitorais. Esse decreto foi assinado pelo presidente italiano, Giorgio Napolitano, mas a lista do PDL permaneceu excluída da lista para a cidade de Roma até pouco antes da votação.

Berlusconi usou esse incidente em sua habitual demagogia para reclamar sobre o atraso no registro de seu partido, que ele alegou ter sofrido grave discriminação: "É uma questão de liberdade e democracia. Se a esquerda ganhar, devido à exclusão de nossa lista eleitoral, isto representaria um precedente muito grave para o país."

A tentativa de excluir o partido de Berlusconi da eleição com tais manobras burocráticas foi suficiente para mobilizar os apoiantes do PDL e permitir que a direita ganhasse o Lazio e a cidade capital Roma, embora uma série de partidos de oposição, incluindo a Refundação Comunista, tenham apoiado a candidatura de Emma Bonino, do Partido Radical.

Outro meio utilizado pelo campo da esquerda para reprimir qualquer mobilização independente das massas foi o movimento "il popolo viola" (o povo violeta). Em uma série de reuniões e manifestações, líderes sindicais, artistas, jornalistas e ex-ministros sob Prodi declararam que a luta contra Berlusconi não era um assunto político, mas sim uma questão moral. O lema central do movimento foi a exigência para o "retorno à ética política."

Em um manifesto de protesto em 13 de março em Roma contra o "decreto de Berlusconi para salvar as listas", o líder do PD, Pier Luigi Bersani, pediu a colaboração de todos aqueles que respeitam a democracia. "Vamos trabalhar juntos, em especial, para garantir que uma mudança de consciência seja refletida nas urnas por parte dos cidadãos, sejam eles da direita ou da esquerda", explicou Bersani, assumindo a forma de um filisteu político.

A Refundação Comunista desempenhou um papel particularmente desprezível na eleição. Assim como fez durante a sua colaboração com o governo Prodi, a PRC forneceu ao PD pró-capitalista uma roupagem de esquerda e formou a sua própria "aliança de esquerda" para esse fim. Além do PR,c esta aliança incluiu os Comunistas Italianos (PDCI) e dois outros pequenos grupos. A única exigência levantada pela aliança foi o "Anti-Berlusconismo", e seu apoiou aos candidatos do PD em oito regiões distintas. No Lazio, apoiou a campanha eleitoral de Emma Bonino, do Partido Radical.

Estas eleições revelaram a extensão da falência política do PRC. Em Campania, onde o partido manteve o seu líder e ex-ministro dos Assuntos Sociais no governo Prodi, Paolo Ferrero, o PRC recebeu apenas 1,56% dos votos. A aliança de esquerda recebeu apenas 2,0% na Lombardia, 2,8% em Emilia Romagna, 1,5% em Veneza, de 3,8% em Marche, e 2,7% no Lazio.

O grau de descrédito no PRC é tamanho, que na Emilia Romagna o humorista Beppe Grillo conseguiu pegar 6,0% dos votos, bastante acima dos 2,8% destinados à Refundação Comunista. Isto apesar do fato de que Beppe Grillo desproveu-se de qualquer perspectiva política e centrou sua campanha em apenas uma demanda - que ninguém condenado ou acusado de um delito poderia ser capaz de entrar no parlamento.

Nichi Vendola, que lidera uma ala antiga do PRC que rompeu com a organização um ano e meio atrás, foi capaz de defender o seu posto como presidente regional na Apúlia. Vendola foi capaz de conquistar 48,7% dos votos com base no apoio do PD, da Aliança de Esquerda e do Partido Radical. Em praticamente todas as outras regiões o grupo de Vendola, "Sinistra Ecologia e Libertà" (Esquerda Ecologia e Liberdade), apresentou candidatos, como parte da aliança de centro-esquerda.

Devido à falência política do campo da esquerda, Berlusconi saiu fortalecido da eleição, para sua própria surpresa. Apenas algumas semanas atrás, uma série de pesquisas de opinião previam pesadas perdas para seu partido. Na terça-feira, no entanto, Berlusconi foi capaz de ir até a imprensa e falar de uma "vitória histórica".

Na verdade, o seu Partido da Liberdade ganhou por uma média de apenas 27% - 10% menos do que a participação do partido nas eleições parlamentares de 2008. No mesmo ano, a aliança de centro-direita conquistou 47%. Foi em particular a racista Liga do Norte que conseguiu aumentar a sua parte na votação para uma média de 13%. O resultado para a Liga do Norte mostrou como a aparelhagem da extrema-direita lucra a partir do recuo do campo dominado pela esquerda, incapaz de se opor à política capitalista do governo.

[traduzido por movimentonn.org]

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