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Ecomomia mexicana em queda livre
Por Rafael Azul
7 de setembro de 2009
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A economia mexicana encolheu a uma taxa anual de 10,3% no segundo
bimestre de 2009. Este é o pior desempenho econômico
desde que o Instituto Nacional de Estatística (INEGI) começou
a emitir números bimestrais em 1981. Esta estatística
mostra uma desaceleração contínua para a
economia, um aumento relação aos seis meses de queda
média de 9,2% do primeiro semestre de 2009.
Foi previsto um declínio de 7% para o ano inteiro -
uma estimativa muito otimista, tendo em conta os números
acima. O México teria enfrentado seu pior ano desde a Grande
Depressão. Entre as maiores economias do mundo, só
a da Rússia contraiu mais que a do México, cerca
de 10,9%.
À terceira contração no segundo bimestre
seguiu uma queda de 8% no primeiro bimestre e 1,6% no quarto bimestre
de 2008. As chamadas atividades secundárias - construção,
manufatura, mineração e serviços públicos
- caíram 11,5%. Atividades terciárias, tais como
transporte e armazenagem, caíram 10,4%. Um resultado pouco
positivo foi gerado no setor primário - agricultura, silvicultura,
pecuária e pesca - que aumentou 1,1% do PIB.
De longe, a maior queda foi em serviços associados ao
turismo, 17,1%, seguida por indústria, 16,4%. Esta triste
estatística é um resultado direto de uma desaceleração
afetando as partes mais industrializadas do país.
A queda no PIB tem sido acompanhada por uma crise na taxa de
troca peso / dólar. A taxa passou de cerca de 11 pesos
por dólar no início de 2008 para 15,50 no início
de 2009. Apenas a intervenção maciça por
parte do Banco Central do México e a queda do dólar
por si só recuperaram um pouco valor para o peso, de volta
a cerca de 13 por dólar.
As consequências sociais desse declínio dramático
estão sendo sentidas. Residentes na Cidade do México
relataram aumentos de agitação social em todas as
medidas. Delinquência juvenil, consumo de drogas e a corrupção
- impulsionados pelo aumento do desemprego juvenil.
Desde a instituição do North American Free Trade
Agreement, em 1992, as economias dos Estados Unidos e México
se tornaram muito mais integradas. México transformou-se
de uma economia que se baseava principalmente na procura interna
- com menos de 10% do PIB voltado ao comércio exterior
- a uma plataforma de exportação, com mais de 30%
do seu PIB envolvidos no comércio exterior. Isto é
particularmente verdadeiro para o norte do México. 60%
das importações do México - principalmente
de produtos manufaturados - e de dois terços dos investimentos
de capital provenientes dos Estados Unidos. Mais de 90% das exportações
do México vão para os E.U.A. Em 2008, o valor total
das exportações caiu 34%, enquanto as importações
diminuíram 33%. Isso inclui uma queda de 54% no valor em
dólar das exportações de petróleo.
Entre as commodities que o México exporta está
a força de trabalho. Corporações dos E.U.A.
dependem de uma fonte de força de trabalho de trabalhadores
mexicanos para suas fábricas no México e nos Estados
Unidos. As remessas de valores desse trabalho, uma importante
fonte de renda para milhões de famílias mexicanas,
são cruciais para o PIB do México. Essas plantas
dos E.U.A. e estrangeiras que operam no lado mexicano da fronteira
EUA-México, em frente de cidades americanas como Laredo,
McClaren e El Paso, Texas, e San Diego, Califórnia, dependem
de uma constante migração de trabalhadores de baixos
salários do sul para o norte do México. Apesar dos
controles draconianos sobre a imigração, a integração
dos mercados de trabalho é tal que, de acordo com uma estimativa,
um aumento de 10% nos salários dos trabalhadores não
qualificados dos E.U.A. resulta em um aumento de 1,8% nos salários
mexicanos.
O impacto sobre a economia de fronteira tem sido devastador.
A perda de centenas de milhares de empregos nos centros industriais,
como a Ciudad Juarez, Laredo e Tijuana afetou as economias do
corredor industrial que se estende de ambos os lados da fronteira,
de San Diego, California, a Brownsville, Texas.
Consequentemente, a recessão teve um impacto imediato
na economia mexicana. As exportações, investimentos
e remessas de valores caíram. Os preços das commodities,
incluindo o preço do petróleo, também caíram
em resposta à queda da demanda global.
O colapso das exportações, investimentos e remessas,
no entanto, são apenas parte da história. Os preços
dos alimentos estavam em alta ao longo de 2007, afetando os padrões
de vida.
A taxa oficial de desemprego, de 5,2% da força de trabalho
- já superando os 3,5% no ano passado - obscurece o verdadeiro
estado de coisas. Mesmo antes da quebra, a economia não
foi capaz de criar empregos suficientes para ocupar os novos participantes
na força de trabalho, um problema crônico para a
economia mexicana.
Aqueles que não emigraram encontrou emprego no chamado
setor informal, que consiste em o que é eufemisticamente
chamado de "micro-empresas." Esta economia subterrânea
emprega cerca de 20 milhões de pessoas, 45% da força
de trabalho total de 45 milhões de pessoas.
Desde junho de 2008, a economia mexicana perdeu 232.000 postos
de trabalho, enquanto o setor informal ganhou 99.000. Se acrescentarmos
este último grupo ao de desempregados, a taxa real de desemprego
seria superior a 20% da força de trabalho. Essas taxas
se aproximam às dos anos de 1930 e até excedem as
taxas de desemprego geradas pela crise econômica de 1994.
A reação do presidente Felipe Calderón
do Partido da Autonomia Nacional (PAN) para a nova notícia
econômica se assemelha ao de um governador de Estado dos
E.U.A., em vez de o líder de um Estado soberano. Depois
de rejeitar advertências de que a economia mexicana seria
duramente atingida pela recessão, o governo Calderón
começou a impor políticas contracionistas que reduziram
o consumo interno e acreceram o rol de desempregados. O governo
federal vai reduzir os gastos em 85.000 milhões de pesos,
cerca de 6,5 bilhões de dólares, no orçamento
de 2010 para ser apresentado em 8 de setembro.
Ao mesmo tempo, o Banco Central, com sua política de
venda de dólares para evitar o colapso do peso, com efeito
reduziu drasticamente a oferta de moeda, aumentando as taxas de
juros e restringindo ainda mais a atividade econômica. Funcionários
do Banco Central tem deixado claro que a recuperação
da economia mexicana depende da recuperação da economia
mundial.
As medidas contracionistas foram ditadas por Wall Street. Em
novembro passado, a Fitch Ratings, uma agência de classificação
de títulos de Wall Street, deu uma avaliação
"negativa" da dívida do governo mexicano. Em
maio deste ano, a Standard and Poor's também fez uma avaliação
negativa do México. Ambas as agências tinha ameaçado
reduzir a avaliação de títulos do governo,
atualmente em BBB +, três degraus acima de "junk bonds"
(títulos com alto risco de descumprimento). Com efeito,
os bancos e o governo Obama estão negando ao México,
uma semi-colônia dos E.U.A., o tipo de ajuda que eles atribuíram
a si próprios. O fato de que as medidas impostas iram resultar
no aumento da fome e do desemprego não gera nenhuma consequência
para a elite dominante dos E.U.A.
Em fevereiro de 2008, a Confederação dos Trabalhadores
Mexicanos (CTM) e o Congresso dos Trabalhadores (CT) acordaram
um pacto com o governo de Calderón, prometendo paz trabalhista.
Em uma reunião no palácio presidencial, o líder
dos CT / CTM, Gamboa Pascoe, prometeu que a burocracia sindical
destina-se a colocar os interesses nacionais mexicanos à
frente dos interesses do movimento sindical.
Durante estes meses líderes da CTM tiveram de enfrentar
a ira das fileiras, incluindo os trabalhadores da construção,
mineiros, trabalhadores na fronteira e professores.
Desconfiada da sua capacidade de controlar a ira dos soldados
rasos, a burocracia sindical, na sequência dos anúncios
do INEGI, tornou pública a sua preocupação
com o potencial de conflitos sociais gerados pela crise atual.
Líderes da CTM advertiram Calderón das lições
de 100 e 200 anos atrás, as datas da Revolução
Mexicana e da Guerra da Independência do México,
respectivamente.
No entanto, a burocracia sindical não chegou a chamar
o presidente Calderón para rescindir os cortes orçamentais
e utilizar os recursos do Estado para criar empregos. Em vez disso,
exigiu que os cortes de orçamento que acontecessem sejam
compartilhados igualmente entre todos os órgãos
do governo. Na sexta-feira, Calderón colocou um teto salarial
para membros do governo; a partir de agora a nenhum funcionário
do governo será permitido ganhar um salário mais
elevado do que o do próprio presidente. "Antes de
pedir mais sacrifícios de famílias mexicanas, é
necessário que os oficiais do governo mostrem transparência
na utilização eficiente dos recursos públicos",
declarou Calderón, sinalizando novas reduções
nos padrões de vida.
[traduzido po movimentonn.org]
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