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Pressão dos EUA cresce nas negociações com o Irã em Viena

Por Peter Symonds
20 de outubro de 2009

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Publicado originalmente em inglês no WSWS no dia 14 de outubro de 2009.

Durante os preparativos para as negociações internacionais a respeito da reserva de urânio enriquecido do Irã — negociações que ocorrerão na próxima segunda-feira — o governo Obama intensificou sua pressão sobre Teerã. A busca de apoio para novas sanções contra o Irã é o tema central da visita da Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, à Europa nesta semana.

Numa conferência de imprensa conjunta com o Ministro das Relações Exteriores britânico, David Miliband, Clinton advertiu novamente que os EUA espera uma ação por parte do Irã diante da reunião do chamado P5+1 — EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha — em 1 de Outubro. "Palavras não são suficientes", disse ela. "A comunidade internacional não vai esperar indefinidamente por evidências de que o Irã está preparado para viver de acordo com as suas obrigações internacionais".

O envolvimento do governo Obama nas negociações com o Irã tem sido acompanhado pela ameaça constante de "severas sanções adicionais" contra o país, como afirmou mês passado o Secretário de Defesa americano, Robert Gates. Novas medidas provocativas em discussão incluem a proibição da venda de produtos do petróleo refinado para o Irã, que, apesar de suas enormes reservas de óleo e gás, tem uma limitada capacidade para refinar e importa aproximadamente 40% de sua gasolina.

Para enfatizar a ameaça, o governo britânico ordenou na segunda-feira que as empresas de serviços financeiros encerrassem duas transações com o Banco Mellat do Irã e com a IRISL (maior empresa iraniana de navegação marítima), alegando o seu envolvimento com o programa nuclear e de mísseis balísticos. A sanção foi imposta unilateralmente — em vez de ser feita sob as resoluções da ONU — como parte das iniciativas conduzidas pelos EUA para cortar o Irã do sistema internacional financeiro e bancário.

Um objetivo fundamental durante a viagem de Clinton foi a consolidação do apoio russo às sanções contra o Irã. No mês passado, Obama anunciou a modificação do planejado sistema anti-míssil americano, descartando bases na República Checa e na Polônia que haviam sido contrárias à Rússia. No que foi claramente um quid pro quo, o presidente russo, Dmitri Medvedev, insinuou que Moscou poderia apoiar novas medidas punitivas contra o Irã, afirmando que "em alguns casos, as sanções são inevitáveis".

No último dia 13, em uma coletiva de imprensa com Clinton, o Ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, enfatizou a relutância de Moscou em apoiar outras sanções enquanto as negociações estivessem em andamento. "No estágio atual, todas as forças devem ser direcionadas para o apoio ao bom andamento da negociação. Ameaças, sanções e ameaças de pressão, na situação atual, temos certeza, poderiam ser contraproducentes", disse ele.

Oficiais dos EUA, no entanto, afirmaram ter recebido garantias particulares durante uma reunião entre Clinton e Medvedev. Segundo informou a repórteres um alto funcionário americano, o presidente russo "deixou bastante claro que, apesar de satisfeito com os resultados de Genebra [negociações de 1 de outubro], espera sua implementação pelo Irã e, caso contrário, poderá realizar sanções".

Na reunião de Genebra, o Irã teria concordado, em princípio, com um plano para enviar a maior parte de seu estoque existente de urânio não-enriquecido à Rússia — em busca de enriquecê-lo — e, em seguida, à França, para a fabricação de barras de combustível destinadas a um reator iraniano de pesquisas em isótopos médicos. Se implementada, a proposta colocaria fim às alegações sensacionalistas de que o Irã tem "urânio enriquecido suficiente para construir uma bomba". De fato, Teerã enriqueceu apenas 3,5% de seu urânio, muito abaixo dos 80-90% necessários para armas nucleares.

A reunião na próxima segunda-feira (19.10), em Viena, é projetada para discutir os detalhes do plano. Os EUA já deixaram claro que adotarão uma postura agressiva. Um alto funcionário da administração Obama afirmou ao Washington Post no domingo que os EUA consideraram o acordo como um importante teste das intenções do Irã.

O Irã também concordou, nas negociações de Genebra, em liberar sua nova fábrica de enriquecimento de urânio, perto da cidade de Qom, aos fiscais e inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O presidente Obama aproveitou a instalação em Qom, na cúpula do G-20 de 25 de setembro, para aumentar dramaticamente a pressão sobre o Irã. Uma intensa campanha na mídia americana e internacional denunciou a planta “secreta” do Irã "como prova de que pretendia construir armas nucleares.

O fato de que Washington já está empenhado em intensos esforços diplomáticos para reforçar as sanções já existentes e alinhar novas sanções indica que o governo Obama tem a intenção de explorar as próximas negociações para pressionar a Rússia e a China para apoiar medidas mais severas, ao invés de negociar com Teerã. A imposição de novas sanções, nomeadamente uma proibição de vendas de gasolina e diesel para o Irã, rapidamente intensificaria o confronto com o Irã.

Embora tenha deliberadamente minimizado a perspectiva de um ataque militar às instalações nucleares do Irã, a administração Obama não descartou a opção. Os EUA mantém estreita colaboração com o governo israelense, que tem repetidamente alertado sobre ataques militares contra instalações nucleares iranianas. As forças armadas americanas e israelenses estão engajados em exercícios militares conjuntos — operação nomeada Juniper Cobra — especificamente para testar os sistemas de defesa anti-mísseis em caso de guerra. Mais de 1.000 soldados americanos e cerca de 15 navios de guerra dos EUA estão envolvidos.

A opção militar é abertamente discutida na mídia americana. Um artigo no Los Angeles Times de domingo, intitulado "Diplomacia na liderança da questão nuclear do Irã — por enquanto", discutiu sobre um plano de contingência detalhado pelos EUA e Israel para atacar as instalações nucleares iranianas. Citando autoridades americanas, o jornal indicou que os planos envolveram vários ataques com mísseis e bombardeios, com o possível envio de unidades americanas de operações especiais dentro do Irã para fornecer informações precisas sobre os alvos.

"Se estamos falando de uma campanha eficaz para entrar e acabar com ele [o programa nuclear iraniano], então estamos falando de um grande esforço", afirmou um ex-alto oficial do serviço de inteligência dos EUA ao Los Angeles Times. O artigo destacou o desenvolvimento de uma nova gama de bombas que poderiam ser usadas contra instalações subterrâneas do Irã. Na reunião do dia 13, ao negar que o Irã era um alvo, o Pentágono anunciou que acelerava a entrega de uma enorme bomba de 15 toneladas, que poderia ser instalada no bombardeiro B-2 Stealth.

Apesar do discurso de Obama sobre "engajamento", todos os indícios apontam para uma rápida escalada no confronto contra o Irã para os próximos três meses. Assim como no caso da invasão do governo Bush ao Iraque, as alegações sobre planos de um arsenal nuclear do Irã são apenas um pretexto para os EUA avançarem suas ambições de dominação econômica e estratégica nas regiões ricas em energia do Oriente Médio e Ásia Central. O Irã é um dos principais alvos, não apenas por causa de suas próprias reservas enormes de petróleo e gás, mas por sua posição estratégica ao lado das ocupações do Iraque e Afeganistão, lideradas pelos EUA.

[traduzido por movimentonn.org]

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